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Tenax chega a R$ 700 milhões com retorno na meta e projeção de juros dos EUA

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Estadão Conteúdos

A gestora Tenax fechou os primeiros seis meses com quase R$ 700 milhões sob gestão, o objetivo de alcançar o R$ 1 bilhão em fevereiro e retornos dentro das metas (indicadores de referência). Uma das teses vencedoras da gestora é a necessidade de os juros nos Estados Unidos subirem mais do que precifica atualmente o mercado e ultrapassar os 4% ao ano, segundo Alexandre Silvério, presidente e sócio responsável pela área de renda variável da Tenax Capital.

Os discursos de dirigentes e do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, na sexta-feira não alteraram, portanto, o cenário macroeconômico nem a carteira. Silvério pontua que os pronunciamentos dos dirigentes do Fed têm apontado que a alta de juros poderá ser maior do que o mercado está precificando. Essa ênfase, diz o sócio da Tenax, ganhou força especialmente depois da divulgação da ata do Fed no dia 17 de agosto, que foi considerada suave pelo mercado. “Powell também não disse que vai cumprir a meta de inflação ‘whatever it takes’ a qualquer custo. Então, vemos os juros americanos pouco acima de 4% e sem se aproximar dos 5%”, disse o gestor ao Broadcast Investimentos.

Na carteira do multimercados, que tem R$ 550 milhões de patrimônio, esse cenário é traduzido com uma posição tomada (aposta na alta) em juros americanos em prazos curtos e vendida em Bolsa americana. “Gostamos mais de Bolsa brasileira do que internacional nesse momento”, diz o gestor. No mercado americano, o fundo long bias (Total Return) da Tenax está vendido no índice acionário S&P500. “O aperto monetário traz um desafio adicional à atividade global, que já está desacelerando, e ainda mais para as bolsas”, diz Silvério, acrescentando que as margens financeiras de empresas internacionais serão penalizadas mais do que os índices acionários projetam.

No cenário macroeconômico brasileiro, a gestora projeta que a Selic fique estabilizada em 13,75% ao ano, sem novo aumento na reunião de setembro do Copom, e que o ciclo de corte de juros comece no terceiro trimestre do ano que vem. Mesmo nesse contexto de aperto monetário global, a Bolsa brasileira deve atrair investidores. Isso porque, no cálculo da Tenax, as ações estão com múltiplos atrativos – como o P/L, relação entre preço do papel e o lucro projetado.

“O valuation do Ibovespa está ridiculamente descontado. Mesmo quando retiramos Vale e Petrobras que apresentam múltiplos muito menores que a média, a Bolsa continua barata”, diz Silvério. Ele complementa que o mercado brasileiro vive o oposto do americano. Por lá, o aperto monetário ainda está acontecendo e ainda não estaria corretamente precificado, quando se observa o S&P500, por exemplo. Por aqui, o afrouxamento dos juros deve começar já no ano que vem, favorecendo as empresas e contribuindo para melhores projeções de lucro.

Liquidez globalmente reduzida

Mesmo nesse cenário conturbado, os sócios da Tenax avaliam que vão cumprir a meta de alcançar o R$ 1 bilhão até o aniversário de um ano dos fundos. Para chegar lá, a área comercial tem esforços em diferentes frentes: já ingressou em 11 plataformas de investimento já negociou a entrada em três fundos de fundos (FOFs) de bancos. Também tem fundo espelho (que reproduz a carteira) no Itaú, onde integra com outras três gestoras o Rising Stars, programa da instituição para desenvolver o a gestão de recursos de terceiros.

Além disso, a gestora optou por dar acesso aos produtos ao investidor geral e com aplicação mínima baixa. Os três fundos – além do multimercados, tem um fundo de ações (long only) e um fundo long bias (de ações, mas com a possibilidade de operar em derivativos) – exigem a mesma entrada mínima de R$ 1.000 e cobram as mesmas taxas: 2% ao ano de administração e 20% de desempenho (performance) acima do indicador de referência (benchmark)

Rentabilidade

Nos primeiros seis meses (cota de 25/08), o fundo de ações chegou a R$ 35 milhões de patrimônio e 2,75% de retorno, bem acima do benchmark (0,34%), que é o Ibovespa. A gestão da carteira é bastante ativa e, atualmente, está 80% de exposição comprada em varejo, sob a tese da “segunda reabertura” da economia, (20%), Utilities, como energia (16%), petróleo (12%), financeiro (12%), entre outras.

O fundo long bias alcançou R$ 75 milhões de patrimônio líquido no mesmo período e 8,10% de retorno. Na carteira, estão as mesmas ações do long only – como Renner, Iguatemi, Hypera, Soma, Assaí, Eletrobras, Itaú, entre outras – e opções de venda no mercado de ações. Esses derivativos servem tanto para proteger a carteira de quedas bruscas quanto para impulsionar o retorno, no sentido de que buscam assimetrias no mercado.

No multimercados, o retorno foi de 5,33% (90% do CDI) com posições em juros, câmbio e bolsas. O fundo está comprado em real, tanto pela perspectiva de valorização de commodities com eventual choque de oferta com a recessão global quando pela atratividade do Brasil com juros altos e Bolsa barata. Além disso, o fundo está vendido em dólar australiano e comprado em dólar contra o euro. Em ações, além de estar vendido em S&P500, o fundo tem posição vendida em Nasdaq e comprado em volatilidade, diante do entendimento de que tendência é de as bolsas americanas serem penalizadas à frente. Os dados de retorno dos fundos são referentes ao acumulado até o dia 25 de agosto.

Em juros no Brasil, o multimercados está aplicado (aposta na baixa) no contrato para janeiro de 2025 que, segundo Silvério, apresenta um prêmio que “expressa bem o afrouxamento monetário que acontecer a partir do ano que vem”. Além disso, a gestora tem um posição que combina os contratos para janeiro de 2025 para 2029. “A curva está muito flat ou seja, as taxas estão muito parecidas. E entendemos que os juros para 2025 irão cair bastante”, afirmou Silvério.