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Tensões geopolíticas preocupam investidores e penalizam mercados da Rússia

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Estadão Conteúdos

Os mercados da Rússia ficaram sob pressão inesperada, com investidores cada vez mais preocupados sobre uma possível invasão da Ucrânia e os repentinos distúrbios no vizinho Casaquistão. Com isso, nesta semana o rublo bateu mínima em mais de oito meses frente ao dólar, antes de se recuperar um pouco nesta sexta-feira, e bônus soberanos em moeda local e dólar tiveram ondas de vendas.

A diferença dos retornos entre o bônus denominado em dólar do governo russo e dos Treasuries americanos com vencimento para 2023 mais que dobrou desde novembro, de cerca de meio ponto porcentual para 1 ponto. O índice Moex, do mercado acionário russo, recuou 8% no trimestre passado e caía mais nesta semana.

O movimento ocorre no momento em que o país se beneficia de alguns aspectos positivos, como os preços elevados do petróleo e a elevação de juros pelo banco central para apoiar a moeda local. Investidores dizem que a geopolítica, não a economia, move os mercados russos neste momento.

Tropas russas se concentram na fronteira com a Ucrânia nos últimos meses, gerando cautela internacional sobre uma eventual invasão militar. Os EUA e a União Europeia já impuseram sanções contra Moscou, que devem ser ampliadas se houver ação militar, segundo analistas.

Além disso, há protestos massivos no Casaquistão nesta semana, que ampliam a cautela. Uma aliança militar liderada pela Rússia tem dito que enviará tropas ao Casaquistão, o que gera o temor de que Moscou possa usar o distúrbio como desculpa para aumentar sua presença e influência no vizinho.

Estrategista de mercados emergentes da BlueBay Asset Management, Timothy Ash diz que, se houver escalada das tensões, os ativos em rublos devem enfraquecer mais, com aumento nos spreads de crédito do país. Ash diz que os riscos agora são “significativos” e que este é o pior momento da relação entre a Rússia e o Ocidente nos últimos 30 anos.