“Ao mesmo tempo que ele falou no discurso que ninguém pode ter dúvidas que o principal compromisso dele é a fome, erradicar a fome, ele fez referência aos oito anos dele, que foi o momento de maior equilíbrio fiscal do País. Todo mundo sabe que ele tem responsabilidade fiscal”, afirmou Guimarães, questionado pelo Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) sobre a reação do mercado às falas do presidente eleito no período da manhã.
“Não pode, toda vez que fala em resolver problemas do povo, aí o mercado desaba, não pode ser assim. Querer do Lula outra coisa não é razoável, o País conhece, sabe, não tem que ficar em estresse. E a coisa, vocês vão ver, falou até do superávit primário”, seguiu o vice-presidente do PT.
De acordo com Guimarães, a PEC da Transição caminha para um valor de R$ 175 bilhões a ser retirado do teto de gastos. Ele também mostrou confiança na colaboração do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com o governo eleito. “Espero do Lira dialogar, respeitar e ajudar a democracia”, afirmou.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (MG), questionou a reação da Bolsa e do dólar ao discurso de Lula a parlamentares, no qual ele reafirmou seus compromissos com a área social e voltou a criticar as cobranças do mercado por um resultado fiscal mais equilibrado em 2023.
“O mercado reagiu mal por quê? Nenhum presidente na história do País tem mais credibilidade para falar do fiscal que o presidente Lula. Ele conseguiu superávit primário combinando com crescimento econômico. Ele tem essa credibilidade”, rebateu Lopes, ao deixar o Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), onde funciona o gabinete do governo de transição. “Tudo vai se normatizando, a credibilidade de Lula vai se reorganizando”, acrescentou.
Para Lopes, maiores gastos com transferências de renda e para a retomada dos investimentos públicos são fundamentais para recuperar o potencial de crescimento da economia brasileira. “Qualquer liberal compreende que são gastos positivos, ninguém é contra isso. Você reequilibra a situação fiscal do País pelo crescimento da economia”, avaliou.
O deputado ainda criticou os economistas que defendem a busca de resultados fiscais sem nenhum compromisso com a população mais necessitada. “Vocês acham normal deixar as famílias com fome, as crianças sem merenda escolar, não ter pesquisa, não ter remédio na farmácia? O mercado acha isso normal? Qual é a saída que o mercado propõe, nenhuma?”, questionou. “O mercado não vai respeitar o resultado das urnas?”, concluiu.