A Unctad pontua que os avanços nos preços de energia têm o potencial de provocar efeitos colaterais por todos os mercados globais. Entre as recomendações da organização no curto prazo, estão as medidas de coordenação entre países desenvolvidos, como a adotada pela Agência Internacional de Energia (AIE) e liderada pelos Estados Unidos para liberação de reservas estratégicas de petróleo. Buscar alívio para os mais vulneráveis e testar medidas de eficiência energética também estão entre as sugestões, além de um compromisso para apoiar financeiramente o acesso à energia pela Ucrânia.
Já em um intervalo médio, estão as recomendações para investimentos em alternativas sustentáveis e infraestruturas, além de avanço nas ações para transição energética.
No longo prazo, os aumentos nos preços de petróleo e gás podem levar a efeitos compensatórios, destaca o relatório. “Por um lado, investimentos podem voltar para indústrias extrativas e geração de energia baseada em combustíveis fósseis, correndo o risco de reverter a tendência de descarbonização documentada nos últimos cinco a dez anos. Por outro, também pode acelerar a transição para fontes alternativas de energia, especialmente em países que desejam fortalecer sua resiliência energética por meio de fontes mais locais. Ainda não se sabe qual tendência prevalecerá”.
A Unctad destaca que o cumprimento do Acordo de Paris e da Agenda de Energia 2030 depende muito das lideranças. Além disso, antes mesmo da guerra, os mercados de petróleo já estavam apertados, com forte demanda de consumidores e maior crescimento econômico em 2021. Desde a invasão, porém, as sessões têm sido mais voláteis, em especial, com o compromisso dos EUA de liberar 180 milhões de barris de petróleo nos próximos seis meses, destaca a organização.
Depois de ter feito a revisão da projeção para crescimento global em 2022, com queda de 1 ponto porcentual devido à guerra, a Unctad pede ação conjunta entre países, do setor privado ao público e envolvendo a sociedade para mecanismos eficazes que apoiem a recuperação internacional.
No setor financeiro, por exemplo, faz apelos diretos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para aumentar e manter limites de acesso para facilidade de créditos por países. “Esperar meses para colocar em prática as medidas necessárias para evitar mais uma década perdida para o desenvolvimento, uma crise de dívida generalizada e instabilidade social e política não é aceitável”, afirma.