“Não acredito que o presidente vai recuar. Nós já tivemos uma série de perdas nesse mandato, reforma da Previdência, PEC Emergencial, a reforma administrativa que está vindo, sem nenhuma revisão inflacionária. O aceno de dar essa reestruturação das carreiras já gerou uma expectativa. Recuar seria pior”, disse.
Bolsonaro tem até o dia 21 de janeiro para sancionar ou vetar a verba no Orçamento. O ministro da Economia se manifestou contrário à concessão de aumento salarial para o funcionalismo federal em 2022.
Na avaliação de Guedes e sua equipe, será “explosivo” se governo fizer o reajuste às forças policiais do Executivo porque no dia seguinte “todo mundo” vai querer em meio às restrições fiscais. “Não dá para saber o que se passa lá, mas sempre prevalece a vontade do Bolsonaro. Teve vários outros impasses entre o Bolsonaro e o Paulo Guedes e acaba prevalecendo a vontade do Bolsonaro”, disse o deputado.
A verba de R$ 1,7 bilhão foi aprovada após o presidente entrar em campo para garantir o reajuste no Orçamento de 2022. Tecnicamente, o recurso não é destinado a uma categoria específica, mas foi negociado para atender os policiais federais após um aceno do governo a uma categoria estratégica para Bolsonaro em ano eleitoral. E, como mostrou o Estadão, esse dinheiro é insuficiente para atender até mesmo a reestruturação dos salários da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e agentes penitenciários, carreiras que o presidente acenou com o reajuste.
O Ministério da Economia é contra o reajuste, mas, em dezembro, cedeu à pressão do presidente e enviou um ofício ao Congresso solicitando o recurso. Agora, a pasta tenta barrar a revisão salarial mais uma vez. Se Bolsonaro vetar a verba, o veto ainda poderá ser derrubado no Legislativo.
A proposta causou um efeito cascata de outras categorias, que começaram a abandonar cargos no Executivo. Mobilizações e operações-padrão, principalmente de auditores da Receita, causaram uma série de transtornos em portos e também na fronteira Norte do País. No sábado, 8, Bolsonaro afirmou que o impasse pode fazer com que nenhum servidor tenha reajuste salarial neste ano.
“A reivindicação das demais categorias é justa, porém, nunca se dá aumento para todo mundo de uma vez só. A bancada da segurança foi uma área base do presidente Bolsonaro”, disse Capitão Augusto.
O líder da Frente Parlamentar da Segurança Pública alerta que um veto de Bolsonaro ao reajuste vai causar um ruído nessa base. Capitão Augusto minimizou, porém, o efeito eleitoral de um eventual recuo. “Se ele não conceder, obviamente haverá um descontentamento, mas não acredito que esse descontentamento vai influenciar no palanque das eleições.”