Guindos defendeu a estratégia de reagir aos indicadores, diante de momento de “incerteza muito elevada como o atual”. Na próxima reunião, a decisão será baseada nas projeções atualizadas de dezembro e na estimativa preliminar da inflação em novembro na zona do euro, entre outros indicadores, comentou. O dirigente acredita que a inflação ao consumidor deve ficar oscilando no nível atual, de 10,7%, nos próximos meses na zona do euro. “Ela começará a cair no primeiro semestre do próximo ano, mas, na média, o índice cheio e o núcleo da inflação seguirão muito elevados.”
O vice do BCE foi questionado sobre o risco de recessão. Ele lembrou que nas projeções de setembro uma recessão era projetada apenas no cenário de baixa, não no cenário-base. Desde então, porém, “os dados que temos recebido não têm sido bons em termos de crescimento”.
Guindos vê uma “alta probabilidade” de recuo no Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no quarto trimestre de 2022. O recuo no PIB, na comparação trimestral, deve continuar no primeiro trimestre de 2023, o que configuraria recessão técnica. “Mas eu não acho que será muito profunda”, avaliou. A desaceleração e a “possível recessão técnica” são movidas por vários fatores, como os preços de energia, a incerteza com a guerra na Ucrânia, além do efeito negativo da inflação sobre o investimento e o consumo das famílias, por meio da redução na renda real, recordou. Guindos disse que a melhora na perspectiva do crescimento passa pelo combate à inflação, no quadro atual.
Ele foi ainda questionado sobre a política fiscal na região. E lembrou relatório do Conselho Fiscal Europeu, segundo o qual a maioria das medidas fiscais adotadas por governos da região “não eram direcionadas o suficiente”.
Guindos também considerou que a estabilidade financeira “tem deteriorado bastante nos últimos seis meses, por causa da perspectiva de menor crescimento e alta inflação e do aperto das condições financeiras”. A situação dos bancos, de qualquer modo, é “muito mais positiva que era dez anos atrás”, comparou.