No comunicado, a Caixa disse que acatou o pedido de renúncia formalizado por Salituro, que alegou questões pessoais.
“A Caixa Econômica Federal comunica à sociedade brasileira, aos seus clientes e empregados, e ao mercado em geral que o Conselho de Administração acatou, nesta data, o pedido de renúncia, por questões pessoais, do Sr. Cláudio Salituro ao cargo de vice-presidente de Tecnologia e Digital”, escreveu o banco. “A Caixa agradece pelas relevantes contribuições, profissionalismo e dedicação, desejando-lhe sucesso nos novos desafios”, acrescentou. O nome do substituto não foi comunicado pela Caixa.
Cláudio Salituro tomou posse como vice-presidente de Tecnologia e Digital em fevereiro de 2019. Em julho deste ano, o blog do jornalista Ricardo Noblat, no site Metrópoles, divulgou vídeos em que o vice-presidente aparece filmando e constrangendo servidores da Caixa.
Nas imagens, Salituro utiliza palavrões e profere xingamentos contra os funcionários e terceirizados da empresa. Na época, a Caixa chegou a afirmar que “todas as informações seriam encaminhadas para análise da Corregedoria do banco, bem como pela empresa independente a ser contratada pela nova gestão”.
O banco, que hoje é comandado por Daniella Marques, conta com 12 vice-presidências, divididas por áreas de atuação. Desde que o então presidente Pedro Guimarães deixou o cargo após funcionárias o denunciarem por assédio sexual, quatro vice-presidentes foram trocados, incluindo Salituro: o vice-presidente de Negócios de Atacado, Celso Leonardo Barbosa, muito próximo a Guimarães e também citado em denúncias; o vice-presidente de Logística, Antônio Carlos Ferreira, também citado em denúncias de funcionários; e a vice-presidente da Rede de Varejo, Camila de Freitas Aichinger.
Mais recentemente, a Caixa também informou que o Conselho de Administração do banco resolveu destituir o vice-presidente de Riscos da instituição, Messias dos Santos Esteves, que atuava como cargo de confiança. Ele foi demitido “ad nutum“, isto é, sem aviso prévio, já que não era funcionário público estável, diferente dos demais citados.
Denúncias de assédio na Caixa
Em junho deste ano, funcionárias denunciaram por assédio sexual o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Cinco servidores relataram abordagens inapropriadas do gestor do banco, que, segundo as vítimas, iam desde convites para entrar em seu quarto durante viagens a trabalho, até insinuações e toques em suas partes íntimas.
A revelação das denúncias foi feita pelo portal Metrópoles, e confirmadas pelo jornal O Estado de S. Paulo. Guimarães, que atuava no cargo desde o início do governo de Jair Bolsonaro, negou as acusações. Ele deixou a presidência do banco logo após as denúncias.
Um dia depois, áudios gravados durante reuniões na Caixa Econômica Federal mostraram o ex-presidente do banco ofendendo e ameaçando funcionários, completando a série de denúncias contra ele. “Sabe qual é a vontade? Porra, eu acho que quem está torcendo para o Lula, vocês se foderem. Voltar a Caixa a ser estuprada por aqueles ladrões, e vocês se foderem”, mostra um dos áudios. A gravação seria do fim do ano passado e o ex-presidente falava para executivos da Caixa diante de uma decisão que havia sido tomada pelo conselho do banco sem que ele tivesse sido informado.
O Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho e o Tribunal de Contas da União abriram investigações sobre os casos.
Desde a saída de Guimarães, a Caixa passou a ser comandada por Daniella Marques, que atuou como assessora de confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na época de sua posse, a nova presidente disse que o banco apuraria com rigor as denúncias de assédio sexual feitas contra antigos dirigentes e que as punições necessárias seriam levadas a cabo.
A executiva disse também que decidiu afastar pessoas envolvidas nas investigações, para proteger a imagem da Caixa.