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Viés negativo de NY após PIB dos EUA empurra Ibovespa para baixo

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Estadão Conteúdos

Indefinição externa impede o Ibovespa de dar sequência a uma alta firme, assim como a aprovação do Orçamento que beneficia projetos eleitorais fica no radar, já que está longe de afastar as preocupações com o fiscal do Brasil. No radar dos investidores estão as preocupações com os efeitos da variante Ômicron de coronavírus sobre a atividade mundial, dado que vários países estão adotando medidas sociais restritivas. Ao mesmo tempo, esperam um norte a partir da leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano do terceiro trimestre, que subiu a um ritmo anualizado de 2,3% no terceiro trimestre, ante previsão de 2,1%

Os dados dos Estados Unidos são acompanhados com afinco pelo mercado, à medida que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) está acelerando a retirada do tapering (estímulos) e pretende promover três altas dos juros em 2022. Após o PIB, o Ibovespa acentuou a queda, assim como a maioria dos índices futuros de ações de Nova York.

Logo após a abertura, o Ibovespa renovou máximas, porém a alta era moderada, em sintonia com a estabilidade vista no pré-mercado acionário americano. Investidores esperam a divulgação, às 10h30, da leitura final do PIB dos EUA do terceiro trimestre.

Depois de muito impasse, o Orçamento de 2022 foi aprovado ontem – na Câmara e no Senado -, definindo o fundo eleitoral em R$ 4,9 bilhões, inferior ao valor de R$ 5,1 proposto antes, porém maior do que o da eleição de 2020. Dentre outras considerações, o texto incluiu a previsão de R$ 1,7 bilhão para aumento dos salários de policiais federais – base de apoio do chefe do Executivo -, abrindo precedente para que outras categorias se mexam nessa direção e elevando as incertezas fiscais. Na reta final, os deputados e senadores carimbaram R$ 16,5 bilhões de emendas de relator do chamado “orçamento secreto.

Por ora, o desempenho das commodities não deve ajudar tanto o Ibovespa. O petróleo tem instabilidade, enquanto as ações da Petrobras sobem quase 0,30% apenas. Já o minério de ferro negociado em Qingdao, na China, fechou com queda de 2,62%, a US$ 123,39 a tonelada, penalizando ações do setor na Bolsa. Vale ON cedia 0,57%.

O noticiário corporativo segue no radar, a começar pela Petrobras. A companhia arrematou a capacidade de transporte extraordinária de gás natural ofertada pela TBG para 2022. A petrolífera também concluiu a renovação do seu Registro de Prateleira (shelf registration) na U.S. Securities and Exchange Commission (SEC).

Já o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou, na terça-feira, o novo valor do benefício econômico dos novos contratos de concessão da Eletrobras. O órgão estabeleceu em R$ 67 bilhões o valor adicionado pelos novos contratos de concessão de geração de energia elétrica para 22 usinas hidrelétricas da estatal atingidas pela lei de capitalização. As ações subiam 1,0% (PNB) e 0,39% (ON).

O que dizem os especialistas da Valor

Diante do cenário domestico e internacional as incertezas em relação aos efeitos da variante Ômicron e a aprovação do Orçamento que beneficia projetos eleitorais, deixam os investidores preocupados.

De acordo com os especialistas da Valor Investimentos, “isso é um movimento natural que sinaliza que a economia americana está forte e reagindo bem”, diz Wagner Varejão, assessor e sócio da Valor Investimentos (Vitória). De acordo com ele, “o tapering afeta os investimentos, pois mexe na liquidez da maior economia do mudo responsável pela alta que estamos vendo no mercado”.

Para Bruno Mansur, assessor da Valor Investimentos (Rio de Janeiro), “o fraco desempenho do Ibovespa nos últimos pregões continua refletindo as preocupações do mercado com relação ao risco fiscal, que aumenta ainda mais com a entrada em um ano de eleições, onde qualquer atitude mais populista por parte do governo e, consequentemente, um aumento de gastos, pode fragilizar ainda mais a saúde econômica do país”.

Em relação a retirada de estímulos, é importante entender que ano passado estávamos em um cenário de incertezas devido ao Coronavírus com uma recessão brutal na economia. Sendo assim, os governos foram obrigados a dar incentivos para diminuir o impacto econômico gerado pela pandemia. Após isso, a inflação aumentou e os bancos centrais estão se vendo obrigados a  reduzir os estímulos. Se o Fed reduzir os estímulos e aumentar a taxa de juros gerando uma saída de dólar do Brasil, a economia é impactada diretamente”, afirmou Zeller Bernardino, assessor Investor da Valor Investimentos (Vitória).