“Tivemos um choque de combustíveis e energia elétrica em 2021 que nunca tivemos antes”, disse ele em sua fala.
O presidente da autoridade monetária lembrou ainda que a aceleração de preços neste ano diverge da observada em 2020, quando as altas se concentraram em produtos alimentícios.
Campos Neto disse também que a desancoragem das expectativas de inflação, que já se observa para 2022, é semelhante à vivida em 2017, primeiro ano de vigência do teto de gastos. “Em 2021 (para as expectativas de inflação) não existe mais nada que a política monetária possa fazer”, comentou.
Entretanto, o presidente do BC afirmou que a relação entre a dívida pública e o PIB brasileiro tem tido trajetória melhor do que se esperava no final de 2020, e em linha com o que ele projetava ao chegar ao BC, em 2019, antes da pandemia da covid-19. “A gente tinha (em 2019) expectativa perto de 80% (de relação dívida/PIB), e estamos chegando a um número parecido.”
Atividade
Campos Neto indicou que a autoridade monetária vai reduzir a estimativa para o PIB de 2022 em seu próximo Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que será divulgado no dia 16 de dezembro. Entretanto, segundo ele, a estimativa deve ser mais otimista que a mediana do mercado financeiro. “Na parte de PIB, vemos um movimento de reprecificação consecutivo para baixo para o ano de 2022. Vamos ter novo número em duas semanas, provavelmente vai ser mais baixo que 2,1%, mas não tanto quanto a mediana do Focus”, disse.
A previsão de alta de 2,1% no PIB brasileiro no ano que vem foi divulgada pelo BC na edição mais recente do RTI, de setembro. Desde então, o mercado vem cortando de forma sucessiva suas previsões.
No Relatório Focus divulgado na segunda-feira, a mediana das estimativas do mercado financeiro para a economia brasileira em 2022 passou de alta de 0,70% para 0,58%. Um mês antes, estava em 1,50%.
Ainda assim, Campos Neto comentou que o País vive um cenário melhor que o esperado do ponto de vista das contas públicas, graças ao aumento da arrecadação melhor que o esperado. “A consolidação fiscal no Brasil entre 2020 e 2021 é bastante grande”, afirmou.