Esse aumento forte é visto também em outras linhas, como empréstimo pessoal de bancos e financeiras e o crédito direto ao consumidor. Na média, as taxas nos financiamentos cobradas dos brasileiros subiram neste ano, até novembro, 15,81 pontos porcentuais, segundo a pesquisa da Anefac, que coletou as taxas junto às principais instituições financeiras, enquanto no mesmo período os juros básicos avançaram 5,75 pontos porcentuais.
Risco
“Os bancos repassaram mais do que a alta da Selic para a taxa ao consumidor por conta da piora do cenário econômico, da expectativa de um risco maior de crédito”, diz Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac.
Segundo ele, a perspectiva de piora da inadimplência ocorre não só por causa da inflação, que corrói a renda dos cidadãos, mas também pelo desemprego em patamares elevados. Além disso, há mais uma alta dos juros de 1,5 ponto porcentual já sinalizada pelo BC para fevereiro e a expectativa de retração da economia para o ano que vem. Isso sem falar de uma eventual onda da covid-19 por causa da nova variante do vírus, acrescenta.
Neste mês, depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ter aumentado a Selic em 1,5 ponto porcentual, a Lojas Cem, por exemplo, rede de eletrodomésticos e móveis com quase 300 lojas no Sudeste do País, subiu 0,5 ponto porcentual os juros do crediário bancado com recursos próprios.
A varejista diz ter aumentado o custo dos financiamentos ao consumidor porque a inadimplência dos clientes está um ponto porcentual acima da média histórica. “Não dá para manter a taxa de juros com a inadimplência mais alta”, afirma o supervisor geral da rede varejista, José Domingos Alves.
Esse aumento generalizado de custos, porém, tem efeito direto sobre a atividade econômica, já que o consumidor acaba fugindo dos financiamentos para itens de maior valor. Isso já se reflete nos dados do Banco Central. Em setembro e outubro, as linhas de crédito imobiliário, veículos, crédito consignado e crédito pessoal já recuaram em relação ao mês anterior na aprovação de novos empréstimos. Só o que subiu foram o cheque especial e o rotativo do cartão, que são créditos pré-aprovados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.