“A saída da Petrobras de alguns segmentos, e a consequente entrada das empresas privadas, ainda não surtiu efeitos positivos nem na geração de novos postos de trabalho, nem no aumento da renda”, avalia a FUP.
A redução ocorreu também na renda dos trabalhadores do setor de extração e respectivas atividades de apoio, que, segundo a Pnad, tiveram declínio médio nos seus rendimentos de aproximadamente 9,5%. Os dados foram analisados pelo pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Rafael Rodrigues da Costa, com os economistas do Centro de Economia Política do Petróleo (Cepetro) Pedro Gilberto Cavalcante Filho e Claudiane de Jesus.
A Bahia, Estado onde a Petrobras colocou à venda, desde 2015, 378 ativos, ou 31% do total do seu portfólio de desinvestimentos, a média anual de 2021 registra uma retração de postos de trabalho de 28,9% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Uma perda média equivalente a 7 mil empregos (de 25.788, em 2020, para 18.328, em 2021), informa o estudo.
A queda nos salários do setor de óleo e gás na capital baiana chegou a 22,9%, saindo de um patamar de renda média próximo a R$ 7.180,00, até o terceiro trimestre de 2020, para algo em torno de R$ 5.140,00 no mesmo período em 2021.
A entidade observa que, embora a pandemia do coronavírus possa ser considerada também um fator importante para a diminuição nos postos de trabalho, o movimento de queda no mercado de trabalho baiano é um fenômeno que vem ocorrendo simultaneamente ao início do programa de desinvestimentos da Petrobras em 2015, explica o pesquisador do Ineep Rodrigues da Costa, com base nos dados do IBGE.
Ao comparar o estoque de empregos no setor de óleo e gás na Bahia ao programa de desinvestimentos da Petrobras, é possível observar que no terceiro trimestre de 2015 o setor empregava até 37.890 pessoas. Hoje, o setor petrolífero baiano ocupa menos de 8.760 postos de trabalho na região, de acordo com as estatísticas do terceiro trimestre da Pnad 2021.
“Queda do emprego e do salário e aumento nos preços dos produtos ao consumidor são efeitos nefastos de um mesmo fenômeno, que é a política de criação de monopólios privados regionais, resultantes da venda equivocada de ativos da Petrobras”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.