Análise e Opinião

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Selic, bolsa e riscos: Carta aos Investidores FEV 2022

Por
Thiago Goulart

Vamos direto ao ponto: investir é modular as relações entre risco e retorno. Desenvolver o equilíbrio em meio ao risco, conquistando recompensas é fundamental para obter sucesso e gerar bons retornos no longo prazo. Lembre-se de que todo investimento apresenta riscos ao investidor até mesmo os mais conservadores, como os títulos de renda fixa que estão na moda.

Dessa maneira, é preciso analisá-los e criar estratégias para conseguir reduzir os seus impactos. Investir, antes de tudo, é gerenciar risco.

Howard Marks tem um aforismo interessante: a natureza indeterminada dos eventos futuros cria o risco de investimento. Em outras palavras, tentar prever com precisão o que pode acontecer daqui a um, três ou cinco anos é impossível. Se soubéssemos tudo o que vai acontecer, não haveria nenhum risco e investir seria significativamente mais fácil.

Por que todo este preâmbulo?

Vamos lá! A economia tem desacelerado. No dia 02 de fevereiro o Copom, pela sétima vez consecutiva, subiu os juros (10,75%) na tentativa de controlar a inflação que tem custado a ceder. Além disso, há, por estas bandas, a eleição presidencial envolta ao ritmo de Copa do Mundo que foi reagendada para o fim do ano.

Como diagnóstico deste cenário, muitas projeções realizadas no fim de 2021 apontavam uma tempestade perfeita no Brasil, principalmente pelo lado da Bolsa.

Contudo, no mês de janeiro, o desempenho da Bolsa brasileira foi uma das melhores do mundo, subindo quase 10% no ano (levando também em conta a variação cambial). Já a americana S&P 500, uma das melhores bolsas do ano passado, caiu quase 10% no ano. Veja os indicadores abaixo (referência janeiro).

Ibovespa
+6,98%
CDI
+0,77%
Poupança
+0,51%
 

IFIX
-0,99%

 

 

BTC
-19.29%

 

Dólar

-4,84%

 

S&P 500
-5,26% 
Dow Jones

-3,32%

 

Nasdaq

-8,98%

 

Ouro

-6,08%

 

 

Tom Jobim dizia que o Brasil não é para amadores. Volto à premissa inicial sobre modulações de risco. Pergunta-se: qual a certeza de que um plano funcionará? Qual é a gama de resultados possíveis? A recompensa possível justifica o risco? Uma chance de sucesso de cinco em seis pode ser ótima para um investimento, mas não para uma roleta russa.

Quando se domina a arte de pensar sempre com probabilidades, conseguimos distinguir os resultados das tomadas decisões e não nos incomodamos quando boas decisões dão errado. Em outras palavras podemos obter um resultado desfavorável mesmo tomando uma decisão inteligente.

Em recente conversa com Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central e, agora, estrategista-chefe Wealth High Governance, perguntei sobre este fenômeno – cenário econômico brasileiro desfavorável, Bovespa subindo, Bolsa americana em queda –, que volta e meia desafia as projeções de economistas e analistas.

Volpon ressaltou três conjuntos de fatores que podem determinar se esse movimento:

  • Mudança de regime inflacionário e de juros a nível global;
  • FED: se a inflação americana realmente estiver fora de controle, em algum momento a resposta será de tal agressividade que o risco de uma recessão entrará no horizonte dos investidores;
  • O horizonte de melhora local é necessário para sustentar a atual tendência de alta da bolsa brasileira. Os últimos dados de inflação têm mais uma vez surpreendido negativamente, mas acredita-se que, passando o primeiro trimestre, entraremos em uma trajetória de queda dos índices de preços e também de juros de mercado.”

Pensando em probabilidades é de bom tom abandonar a busca pela certeza, mas, por outro lado, é nessa busca que melhoramos nossa avaliação de fatos, escolhas e chances.  Isso nos ajuda a diferenciar erros de sorte e momentos de azar de brilhantismo.

Investir acaba sendo um processo de análise macro e microeconômica somado ao estudo profundo de probabilidades, e se não dominarmos esse conceito, instantaneamente ficamos em desvantagem.

Temporada de Resultados 4T21

A temporada de resultados do quarto trimestre de 2021 teve início no dia 1 de fevereiro de 2022. Nesse último trimestre, os mercados no Brasil andaram na contramão do mundo, devido à intensa força vendedora dos fundos locais, ocasionadas pelos resgates de seus cotistas.

Além disso, domesticamente, incertezas em torno da trajetória fiscal e da alteração do teto de gastos, pressões inflacionárias levando a taxas de juros mais altas, projeções de crescimento econômico mais baixas para 2022 e tensões políticas crescentes pressionaram ativos brasileiros.

Como resultado, o índice Ibovespa corrigiu -5,5% durante o quarto trimestre. A equipe de análise da XP acredita que alguns setores sejam destaques nessa temporada, são eles:

Bancos: beneficiados pelos aumentos da taxa de juros, devem apresentar resultados sólidos;

Educação: principalmente no segmento de ensino superior, as companhias devem ser beneficiadas pela baixa admissão histórica observada no 2º trimestre e 4º trimestre;

Siderúrgicas: mesmo com a queda nas vendas domésticas e a contração de margens devido ao aumento no custo com carvão, os preços das commodities ainda se encontram em patamar elevado, favorecendo os resultados;

Petróleo e Gás: assim como as commodities metálicas, o petróleo também sofreu incrementos substanciais que, aliado com a desvalorização do real, deve impulsionar os resultados das empresas do setor;

Shoppings: com a vacinação em massa e a maior flexibilização das restrições, devem apresentar resultados positivos em seu desempenho operacional;

Farmácias: as companhias do setor desfrutaram de demanda mais forte por medicamentos e testes de Covid durante o trimestre, devido à disseminação da variante Ômicron e do surto de influenza e, por isso, podem apresentar resultados atrativos;

Varejistas do segmento de alta renda: já que o 4T é sazonalmente um trimestre forte para o setor devido às compras de final de ano, e a deterioração do cenário macroeconômico afeta menos o setor de alta renda.

Especial: a nova Selic

Apesar dos sinais de desaceleração da economia, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu na última reunião (2/2) em manter a sua estratégia de aperto para consolidar o processo de desinflação e voltar a coordenar as expectativas de inflação. Por isso, reunimos um time de especialistas para conversar com você e explicar detalhadamente o que está por trás da elevação de Selic e como isso impacta os investimentos.

Nossos colunistas

Romero Oliveira | Bolsa brasileira versus bolsa americana

Luiz Alberto Caser | Renda fixa vira saída com alta da Selic

Pedro Lang | Normalização da política monetária americana?

Flavio Mattedi | De olho no relatório Focus e as oportunidades em renda fixa

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Um abraço,
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