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Ibovespa cede 0,01%, a 115,1 mil pontos, com piora em Nova York

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Estadão Conteúdos

Mesmo com a cautela vista no exterior nesta quinta-feira, 3, o Ibovespa parecia que conseguiria emendar o terceiro ganho, refletindo a correlação do índice brasileiro com matérias-primas como petróleo e minério de ferro, no momento em que outra gigante das commodities, a Rússia, deixa de ser opção para os investidores globais. Assim, a referência da B3 oscilou hoje em margem estreita, acima dos 115 mil pontos, entre mínima de 115.009,70 (-0,14%), renovada no fim da tarde, e máxima de 115.947,68, saindo de abertura aos 115.173,43.

No fechamento, no entanto, acompanhando a piora vista em Nova York, mostrou sinal negativo (-0,01%), aos 115.165,55 pontos, com giro a R$ 32,2 bilhões. Na semana e no mês, o Ibovespa sobe 1,79%, colocando os ganhos do ano a 9,87%. No intradia, perto dos 116 mil pontos, atingiu o maior nível desde 15 de setembro (116.312,22).

Tanto o petróleo Brent como o WTI – embora em viés negativo à tarde, em queda superior a 2% com a proximidade de acordo nuclear para o Irã – mantiveram-se nos três dígitos ao longo desta quinta-feira, com a cotação da referência global se aproximando de US$ 120 na máxima de hoje (US$ 119,84) enquanto o barril da referência americana chegou a US$ 116,57 no pico do dia. O minério emendou novo ganho na China, cotado a US$ 153,33 por tonelada, em alta de 5,76% em Qingdao.

Petrobras ON e PN fecharam a sessão em baixa de 0,80% e 1,24%, respectivamente, ainda acumulando forte ganho, na casa de 20% a 21%, no ano. Por sua vez, o avanço de Vale ON chega a quase 28% em 2022, mas hoje a ação fechou perto da estabilidade (+0,05%), a R$ 99,70. Assim como ontem, as siderúrgicas voltaram a avançar bem nesta quinta-feira, com destaque para CSN (ON +5,01%) e Gerdau (PN +4,43%).

O dia foi de recuperação para os grandes bancos, que haviam cedido ontem à exceção de BB ON (hoje -0,23%). Nesta quinta-feira, destaque para Bradesco PN (+1,94%), enquanto Itaú PN, que chegou a cair 1,32% na mínima perto do fechamento, conseguiu leve alta de 0,08%, em dia marcado por relatos de problemas no aplicativo utilizado por clientes. Na ponta do Ibovespa, Cielo avançou hoje 5,26%, após ter sido a terceira maior perda de ontem – hoje, ficou à frente de IRB (+5,16%) e de CSN (ON +5,01%). No lado oposto, Azul (-4,71%), Embraer (-4,17%) e Americanas ON (-4,16%).

De ontem para hoje, ante poucas mudanças no quadro geopolítico, os mercados sustentaram grau maior de cautela, observa em nota a Guide Investimentos, “com investidores avaliando os impactos inflacionários dos ataques da Rússia à Ucrânia enquanto aguardam nova conversa” entre as delegações dos dois países, na Belarus. “A expectativa ainda é grande quanto ao tipo de estratégia que será utilizada no cerco à Kiev e seu impacto humanitário”, aponta também em nota a equipe da Terra Investimentos.

“Hoje houve mais ansiedade do que ontem: há medo, nas principais economias globais, sobre como controlar esta inflação na base produtora – na logística, nas commodities e matrizes energéticas – que afeta a ponta final, do consumidor”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos. “Pode haver em algum momento um cessar-fogo, que seria ótimo para os mercados. A guerra pode até acabar, mas as sanções (à Rússia) tendem a continuar, assim com o estresse sobre as commodities”, acrescenta.

“Há elevação de preços tanto no petróleo como no gás natural, em máximas, mas com muita volatilidade. Quedas pontuais (como a de hoje) se alternam a altas, pela quebra de cadeias produtivas, com impacto também sobre a inflação – há muitos países dependentes do petróleo e gás russos”, diz Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos, que chama atenção para o risco de ‘default’ na Rússia, em meio à asfixia econômica e financeira promovida pelo bloco ocidental em resposta à invasão da Ucrânia. “A preocupação com a inflação global vem do início da pandemia, com os estímulos que foram concedidos desde então. Inflação mais alta tende a se combinar com juros mais altos”, acrescenta.