Um dos primeiros passos para conseguirmos a independência financeira e segurança futura é se livrar da dívidas e ter o controle do fluxo de dinheiro que entra e sai da carteira. Para isso, é fundamental ter domínio da nossa renda e, principalmente, dos nossos gastos.
Hoje, existem muitos aplicativos para economizar dinheiro: GuiaBolso, Organizze, Mobilis etc. Caso, você não tenha paciência com tais aplicativos em seu celular, há também uma técnica analógica infalível: papel e caneta.
Para ter o domínio dos seus gastos é preciso, primeiro, saber quais são eles. Para isso, você deverá anotar em um pequeno papel os dias do mês em que se encontra. Para cada dia é importante anotar o que você gastou seja a conta do aluguel do apartamento onde você mora, seja uma água de coco na esquina de casa.
Ao fazer esse exercício de anotar minuciosamente todos os seus gastos por dois meses você estará apto a dominar realmente quais são os seus maiores e menores custos. A partir daí, é se livrar das dívidas. Você sabe como? Este artigo explica ponto por ponto para você alcançar a tão almejada saúde financeira.
Equilíbrio entre renda e despesa
O primeiro passo para organizar as finanças pessoais é planejar com mais consistência o seu orçamento. Isso quer dizer que você precisa conhecer o valor e a quantidade de despesas que tem para cobri-las, ou seja, somente dessa forma você poderá planejar o tamanho da fatia do orçamento que cada despesa vai abocanhar na sua renda.
Para organizar-se, divida o valor total de sua renda, ou seja, o dinheiro que você recebe todos os meses em quatro grandes tópicos:
1. Despesas gerais
Junte todas as despesas que você precisa pagar todos os meses em um só bloco.
DESPESAS FIXAS + DESPESAS VARIÁVEIS + PARCELA PARA DESPESAS EXTRAS
Observação: quanto menor essa fatia, melhor. É preciso ter sobras tanto para despesas livres como para investimentos.
2. Despesas livres
As despesas livres são aquelas que dão maior prazer. Este dinheiro deve ser livre. Cada mês você vai decidir com o que quer gastar esse pedaço do seu orçamento. Você pode inclusive escolher poupar alguns meses para comprar algo depois. Você é quem decide!
3. Investir em sonhos
Esta é a fatia do orçamento que você vai destinar para atingir seus objetivos de vida. Uma casa? Um carro? Tirar um ano sabático? Fazer uma viagem? Defina cada um dos seus objetivos financeiros e use essa fatia para atingir suas metas.
4. Investir para a aposentadoria
Esta é a fatia do orçamento que você vai designar para garantir o seu futuro. Este é um objetivo financeiro que todos nós precisamos ter. Quanto mais cedo você começar a designar uma fatia do seu orçamento para este objetivo, mais fácil será chegar lá.
Observação: As porcentagens exatas que você vai designar a cada fatia do orçamento dependem das suas prioridades. Por isso, é você quem tem que definir cada uma delas.
A partir dessas quatro fatias orçamentária você consegue ter um diagnóstico de um possível problema financeiro, onde você deverá apertar mais o cinto para poupar parte da renda ou até identificar soluções para corrigir dívidas.
Se, caso você ainda tenha problemas financeiros, leia abaixo dicas preciosas de como se livrar dessas dívidas.
Como se livrar das dívidas?
A primeira coisa a se fazer para organizar a sua vida financeira é pagar as dívidas. Isso é o principal de tudo: comece pelas dívidas mais elevadas e que têm os juros mais altos, como:
. Cartão de crédito;
. Cheque especial.
Procure reduzir o valor das prestações e deixe por último as dívidas menores, o que é fundamental para equilibrar seu orçamento e entrar no azul.
Veja, abaixo, tópico por tópico se você se enquadra nessas dívidas. Fique ligado nas dicas que preparamos para você.
- Crédito não é renda
Lembre-se de que o crédito obtido em banco com empréstimos, cheques especiais ou cartões não podem ser consideradso como um dinheiro extra que complementa o seu salário, como se fosse renda. O crédito requer cuidados, pois ele passa a sensação de ser renda. E, por isso, muita gente não resiste em usá-lo.
A partir do momento em que você usa esse crédito, e não paga, ele vira dívida – e aí podem começar os seus problemas.
- Evite emprestar dinheiro
Não dê créditos a terceiros. É muito comum um amigo ou parente pedir dinheiro emprestado. Se você mesmo está no sufoco, não pode se dar ao luxo de “dar uma força” a alguém, mesmo que seja um parente próximo.
Esse tipo de comportamento é frequente, inclusive para quem está inadimplente (com dívidas a pagar). Além disso, como é que a pessoa que empresta o seu nome pode se resguardar?
- Calcule se o crédito que você vai tomar é compatível com a sua renda
O crédito (ou o dinheiro tomado emprestado) deve ser usado com muito cuidado. Quando você o utiliza, não basta saber se a prestação vai “caber” na sua renda. É preciso ter noção do quanto está pagando de juros, pois eles são muito altos. E você deve saber também o tempo que vai levar para pagar toda a dívida.
- Caso esteja devendo através do crédito rotativo do cartão de crédito ou cheque especial, parcele a dívida
Se está nessa situação, você deve procurar o seu agente financiador e propor a ele o parcelamento da dívida através do crédito pessoal. Isso vai reduzir significativamente a taxa de juros e permitir enquadrar a parcela mensal dentro da sua capacidade de pagamento.
Essas duas modalidades de crédito (cartão de crédito e cheque especial) só devem ser utilizadas em casos extremos e em curtíssimo prazo.
- Pergunte sempre pelo preço à vista de um produto e negocie um desconto
Para algumas pessoas, é quase um orgulho abrir uma carteira cheia de cartões de crédito de financeiras e lojas, como se fossem as fotos dos filhos. Mas isso pode fazer com que a pessoa deixe de lado um bom hábito: o da pechincha.
Faça de conta que você está numa feira e pesquise o preço do produto em várias lojas; seja educado com o vendedor ou com o gerente e pergunte se é possível um desconto à vista – principalmente se você tiver o dinheiro equivalente ao valor que quer pagar em mãos, já que algumas lojas não costumam dar descontos em compras feitas com cartão de débito.
Tipos de dívidas e cuidados que se deve ter com cada tipo de dívida
Existem vários tipos de dívidas e diferentes formas para se lidar com elas. Alguns especialistas dizem que, caso você esteja com problemas, o melhor é parar. Ou seja: cancelar o cartão de crédito ou o cheque especial, para que você não fique tentado a fazer novas compras e continuar se endividando.
Para eles, essa atitude deve ser tomada até que você consiga equilibrar suas finanças. Afinal, dívidas devem ser pagas o mais rapidamente possível; alongar o prazo para o pagamento delas só complica cada vez mais a sua situação financeira, caso não haja uma mudança de atitude para as compras serem feitas dentro do orçamento.
Sempre é possível renegociar uma dívida. Há, pelo menos, duas opções pelas quais você pode optar: ou a redução do total da dívida e da taxa de juros ou uma mudança no tipo de financiamento que você está usando.
Veja, agora, os tipos de dívidas e os cuidados que você deve ter com cada um:
Cartão de Crédito | O “dinheiro de plástico” produz dois tipos de dívida: uma regular (as compras a serem pagas na data de vencimento da fatura do cartão) e outra mais grave (quando você parcela o pagamento total da fatura, jogando o restante da dívida para frente). É importante, ainda, que seus gastos com o cartão sejam compatíveis com sua renda, que seu orçamento esteja sob controle e que você tenha o dinheiro para realizar o pagamento integral da fatura.
Cartão de Débito | “Irmão mais novo” do cartão de crédito, substitui com muitas vantagens o hábito de carregar dinheiro em espécie. Mas isso também pode criar um problema: se a pessoa não tiver controle, ela vai usando o cartão de débito até seu saldo bancário zerar – isso sem falar no constrangimento (para algumas pessoas) de passar o cartão de débito numa loja e a maquininha dar o aviso de que “não foi possível efetuar a transação”. Em suma: use o cartão de débito apenas quando tiver certeza de que aquela compra não vai comprometer seu orçamento financeiro.
Cheque Especial | No passado, era uma oferta dos bancos para os clientes VIP, de altos rendimentos e/ou bons saldos, para segurá-los em suas agências. Hoje, tornou-se comum. Deveria ser usado apenas em situações emergenciais e, mesmo assim, com cuidado. Na prática, porém, muitos acabam usando o crédito do cheque especial como se fosse seu “próprio dinheiro”, o que é um verdadeiro perigo! Em suma: evite entrar no cheque especial. Esteja atento ao real valor do seu saldo bancário, desconsiderando o limite disponível do especial. Este dinheiro não é seu; usá-lo vai lhe gerar mais uma dívida.
Financeira | É aquela dívida obtida quando fazemos um financiamento para comprar um bem de alto custo (um imóvel ou um carro, por exemplo) e para o qual não dispomos de condições de pagamento à vista. Muitas vezes, esse tipo de dívida é inevitável, mas isso não significa que ela deva ser feita sem planejamento.
Crédito Consignado | É o empréstimo dos bancos que vai ser descontado diretamente do salário do devedor. Para os bancos, isso é garantia de retorno (por isso os juros tendem a ser menores); para quem pede esse crédito emprestado, é preciso cuidado para não comprometer o salário no pagamento de consignados: quanto mais empréstimos dessa modalidade, menor fica o seu salário.
Cartões e Carnês de Lojas | O que vale para os cartões de crédito vale também para os cartões de lojas: se a compra é feita de modo planejado e dentro do orçamento da pessoa, tudo bem. Mas tenha cuidado para não ter muitos cartões de diferentes lojas: isso pode dar a falsa impressão de que você pode gastar muito (devido à soma dos créditos de todos os cartões), mas a sua renda não aumenta na mesma proporção. Tudo isso vale também para os carnês: compre apenas dentro do seu orçamento financeiro e se houver necessidade real do produto.
Cheque pré-datado | Prática ainda comum em várias regiões do Brasil: dar um cheque para ser descontado no futuro por quem o recebe. Pede vários cuidados: se não houver controle de quantos cheques foram passados, você compromete parte de sua renda; e se a pessoa não checar a compensação dos cheques, corre o risco de encontrar seu saldo bancário menor por causa daquele cheque que se imaginava “já descontado”.
Empréstimo para amigos ou familiares | Muitos já passaram por isso: pedir dinheiro emprestado a algum amigo ou parente. Tem a vantagem de se poder abrir mão dos juros, se combinado por ambas as partes e não prejudicar ninguém; para outras pessoas (inclusive especialistas em finanças), o ideal é fazer um contrato e combinar um juro – do contrário, fica tudo “em nome da amizade”, inclusive a dívida! E, finalmente, é preciso muito cuidado com os agiotas, que vivem dos juros dos seus empréstimos – afinal, ninguém empresta dinheiro sem esperar algum retorno financeiro.
Conclusão
Antes da bola de neve dos juros e do crescimento da dívida já estar instalada, é preciso entender alguns sinais significativos do comprometimento de renda. O primeiro e mais importante: se você gasta tudo que ganha, saiba que não terá para onde correr se ficar doente ou tiver algum problema não previsto.
É preciso ter uma folga no orçamento, uma reserva para qualquer necessidade. Mesmo para quem tem uma renda pequena, isso é possível. Não é preciso ter mil reais sobrando todo mês. Exemplo: se juntarmos R$ 2 por mês, em um ano, terá R$ 240, em cinco anos, serão R$ 1.200, sem os juros. Se esses recursos forem aplicados em algum fundo, os valores se multiplicam.
Em suma: não há desculpa para você não poupar após organizar as suas contas, mesmo que seja uma quantia pequena. O pior é não poupar nunca.
Resumindo:
- Levantamento dos valores totais e procure as empresas para negociá-las. Pode ser, inclusive, que você consiga algum tipo de desconto ou parcelamento;
- Busque alternativas. Uma boa prática é trocar as dívidas caras de cartão de crédito e cheque especial por outras mais baratas, como o empréstimo consignado, por exemplo, que os juros geralmente são menores possibilitando uma boa negociação para pagamento à vista do cartão ou cheque especial.
- Entenda seus limites financeiros, negocie algo que vá conseguir honrar sem se enrolar ainda mais e principalmente não criar novas pendências financeiras.
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