Por considerar que a expansão solicitada agora seria modesta, o governo acredita que os últimos investimentos realizados pela Infraero, estatal que administra Congonhas, já seriam suficientes para suportar um aumento de movimentação no aeroporto. A avaliação também é feita pela Infraero.
Ainda não há data definida para a Anac decidir sobre o pedido da Infraero, uma vez que a estatal precisa enviar mais informações para basear a decisão da agência. Uma delas diz respeito à atualização do plano de zoneamento de ruído, no qual a estatal ainda trabalha, aproveitando a fase de alta temporada registrada em julho para realizar as medições.
A expansão de voos no aeroporto é debatida há tempos no setor e, nos bastidores, é marcada por uma animosidade entre as empresas. O aumento de pousos e decolagens abriria espaço para outras companhias, como a Azul, aumentarem suas operações no terminal, onde Gol e Latam são dominantes.
Disputa por slots
Apesar da solicitação da Infraero ter chegado antes de a Anac aprovar as novas regras de distribuição de slots em Congonhas, a recente deliberação da agência esquentou ainda mais o debate sobre a expansão do aeroporto. De acordo com relatório do BTG Pactual, após a mudança aprovada no início de junho, há espaço para a Azul atingir mais de 80 slots (autorizações para pousos e decolagens) em Congonhas (dos atuais 41) até 2023, aumentando sua participação de mercado no aeroporto de 7% para cerca de 15%.
Em tom crítico, o CEO da Latam no Brasil, Jerome Cadier, foi ao LinkedIn nesta semana para dizer que o movimento da Infraero “provavelmente” se daria pelo desejo do governo de aumentar a atratividade para os investidores no leilão de agosto.
Procurada, a Anac afirmou que o pedido está em análise e que a agência ainda aguarda informações da Infraero sobre infraestrutura aeroportuária e segurança operacional.
Para Abear, terminal de passageiros é prioritário
A expansão de voos pretendida pela Infraero para o aeroporto de Congonhas, solicitada à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), deve ser precedida por “investimentos significativos no terminal de passageiros”, defendeu a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Em nota, a entidade afirmou que entende o aumento de quantidade de pousos e decolagens no aeroporto como totalmente seguro devido aos recentes investimentos na pista principal, mas ressalvou a situação no terminal de passageiros, que deveria receber melhorias antes da expansão, avaliou.
A Abear alega que os investimentos são necessários porque a infraestrutura atual para embarque e desembarque estaria “bastante saturada” em horários de pico. Para a associação, tal investimento poderia ser efetuado ainda na gestão da Infraero ou pelo concessionário que assumir o aeroporto.
“[O investimento] deve ser realizado em itens como pontes de embarque, pórticos de raio x, portões de embarque remoto e demais itens necessários à qualidade adequada do atendimento aos clientes, prevenindo assim qualquer risco de grandes problemas, principalmente em casos de recuperação da malha aérea por interrupções meteorológicas”, disse em nota a Abear, que tem entre suas associadas a Gol e a Latam. A Azul deixou a entidade em 2019.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.