“Estava na hora de o BC acelerar o ritmo de alta da Selic ou de ampliar o período de altas porque ele estava atrás da curva da inflação. O juro real negativo mostra isso”, disse o economista ao Broadcast, acrescentando que o BC tem de estar à frente da inflação para estimular investimentos e desestimular consumo.
O trade-off desta situação, segundo Agostini, é que o BC não pode fazer tudo sozinho e, ao tentar controlar a inflação, acaba correndo na contramão o crescimento mundial. “O Brasil não cresce mais por conta das ações fiscais populistas, de querer gastar mais do que tem”, criticou o economista da Austin Rating.
O ônus desse populismo, segundo Agostini, vai chegar depois e virá sobre a taxa de crescimento.
“Por enquanto estamos colhendo os frutos de um crescimento temporário”, disse ele, antecipando que vai só esperar os próximos indicadores de atividade para revisar sua expectativa de PIB para 2022
Para o Copom de dezembro, Agostini espera uma alta de igual 1,5 ponto porcentual sob o argumento de que o BC não vai dar um cavalo de pau na economia e tentará mostrar ao mercado que está no controle. Tomando como base para sua previsão o cenário de hoje, o economista projeta para fevereiro de 2022 uma alta da taxa de juro menor, de 1 ponto porcentual para sinalizar que conseguiu controlar a inflação.
“Mas essa previsão de fevereiro é com base no cenário de hoje. Se tudo piorar mais, teremos uma Selic acima de dois dígitos. E isso por conta de ações desnecessárias estimuladas pelo governo. Não dá mais para colocar a culpa na pandemia”, concluiu Agostini.