Segundo Lane, a alta de preços é causada por uma combinação entre gargalos de oferta e aumento dos preços de energia. Ele também citou os efeitos de base, já que em 2020 houve forte desaceleração das pressões inflacionárias devido às quarentenas para conter a pandemia de covid-19.
O dirigente afirmou que a recuperação econômica tem sido mais forte do que o esperado, graças ao avanço da vacinação, e que isso leva a uma incompatibilidade “intensa” entre demanda (em alta) e oferta (ainda restrita). Para ele, contudo, a inflação induzida por gargalos na produção tem um componente temporário “inerente”.
“Em particular, as disparidades entre demanda e oferta devem ser atenuadas ao longo do tempo por meio da expansão da capacidade de oferta, junto com alguma normalização dos padrões de demanda
após a reabertura da economia”, argumentou.
Política monetária
Philip Lane também afirmou, no discurso, que seria “contraproducente” apertar a política monetária “na atual conjuntura”. O dirigente disse que a trajetória da inflação de médio prazo ainda permanece abaixo da meta de 2% da instituição.
Por isso, segundo Lane, uma elevação “abrupta” da taxa básica de juros da zona do euro serviria apenas para desacelerar a recuperação econômica e reduzir o emprego. Ele ressaltou que a política monetária afeta a inflação com uma defasagem “considerável”.
“Em particular, um aperto abrupto da política monetária hoje não reduziria as taxas de inflação atualmente elevadas”, afirmou. Segundo o dirigente, os preços devem desacelerar no ano que vem.
De acordo com Lane, o forward guidance do BCE especifica três condições para uma alta dos juros. A primeira é que o Conselho veja a inflação atingir 2% “bem antes do final do seu horizonte de projeção”. A segunda é que a meta seja atingida de forma “duradoura para o resto do horizonte de projeção”. E a terceira é que o BCE julgue que o progresso realizado na inflação subjacente está “suficientemente avançado” para ser consistente com a estabilização dos preços em 2% no médio prazo.