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Campos Neto: com inflação e questão do clima há risco de sairmos de nosso mandato

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Estadão Conteúdos

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, avaliou nesta quarta-feira (1) que há um questionamento sobre o BC ultrapassar seu mandato em uma agenda verde, em um momento em que há um retorno da inflação e preocupações climáticas. O presidente do BC lembrou que o Brasil está muito conectado com a volatilidade dos preços dos alimentos.

“Começamos a ver inflação ficar mais alta e as pessoas estão preocupadas com as questões verdes. Estamos vendo que tipos de risco temos de tomar. Há risco de sairmos de nosso mandato. Existem algumas indicações de participantes de mercado de que estamos cumprindo nosso mandato. É melhor o risco de fazer mais e sair um pouco do nosso mandato”, disse, referindo-se à missão da autoridade monetária de manter o nível de preços controlado.

Campos Neto participa de painel na “The Green Swan Conference”. O evento é promovido pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), pelo Banco Central Europeu (BCE), pelo Banco do Povo da China e pelo Network for Greening the Financial System (NGFS).

Em sua primeira participação na mesa redonda, Campos Neto citou as ações da agenda de sustentabilidade do BC, um programa de três anos, criado em 2020, com cinco dimensões. Segundo o presidente da autarquia, o principal projeto é o “green bureau ou bureau verde, que é uma forma de estabelecer critérios sociais, ambientais e climáticas às operações de crédito rural. “Está bem avançado. Nós acreditamos que bureau verde é um piloto para taxonomia verde”, disse, repetindo avaliação da diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Fernanda Guardado, ontem.

Uma segunda parte são os testes de estresse das instituições financeiras com parâmetros verdes. Segundo Campos Neto, há um “trade off” entre o curto prazo e o longo prazo, com alguns bancos reclamando que é muita informação no curto prazo.

O presidente do BC também considerou que o fato de ter adotado padrões ESG nas reservas internacionais é desafiador, porque o Brasil tem grandes reservas e é preciso ser transparente em relação a isso. “Não é sobre disclosure, mas sobre sua qualidade.”

Campos Neto ainda disse que um desafio na agenda verde são os dados. “Temos preocupação que tudo seja padronizado e comparável”, disse, citando a necessidade de uma taxonomia. “Começamos a criar padrões para empréstimos.”