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Cidades do sul de Minas tentam virar polo alternativo para o e-commerce

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Estadão Conteúdos

Municípios do sul de Minas Gerais estão se tornando novo alvo de investimentos de empresas na construção de galpões logísticos para abastecer a crescente demanda pelo e-commerce no País. Depois do êxito de Extrema ter levado à explosão dos preços dos terrenos na cidade, empresas têm buscado outros municípios nas proximidades da rodovia Fernão Dias, principal ligação entre Minas Gerais e São Paulo.

Camanducaia já desponta como um desses novos polos. Foi a cidade escolhida pela gigante de panificação Bauducco para uma nova fábrica. Outras localidades, como Pouso Alegre, Cambuí e Itapeva, se esforçam para atrair novos negócios.

Embora a localização não seja tão conveniente quanto a de Extrema, esses municípios estão próximos à capital paulista – a, no máximo, 200 km. Além disso, do ponto de vista fiscal, oferecem o mesmo benefício de ICMS de Extrema.

Devido à demanda natural das empresas por espaços em seu território, Extrema deixou de oferecer terrenos gratuitos. Segundo o gerente da divisão industrial e de logística da consultoria do setor imobiliário JLL, André Romano, o preço do metro quadrado de galpões em Extrema passou de R$ 20 para R$ 26. Por isso, muitas companhias já começam a olhar para outras localidades.

O gerente de leasing industrial da Cushman & Wakefield no Brasil, Eric Ammirati, aponta que a experiência de Extrema tem chamado a atenção dos vizinhos. “Hoje, independente do setor, a atratividade de Minas tem sido interessante. E o sul do Estado tem essa sinergia com São Paulo pela proximidade”, afirma.

‘EMERGENTE’

Um desses destinos é Camanducaia, a 134 km de São Paulo. Segundo a prefeitura, 35 empresas operam ali, e outras quatro negociam sua chegada. “Antes a gente visitava as feiras de investidores atrás de empresas. Com Extrema mais cara, as companhias já começam a procurar espontaneamente nossa cidade”, diz o representante da área de desenvolvimento econômico da cidade, Diogo Barbosa.

A Bauducco vai abrir uma nova fábrica na cidade, conta Barbosa. A empresa foi uma das primeiras indústrias a apostar em Extrema, onde já tem uma fábrica. Mas, sem novos espaços por lá, vai crescer na cidade vizinha. Procurada, a Bauducco não respondeu.

Com cerca de 600 CNPJs cadastrados, Itapeva também busca atrair investimentos e empregos. “Temos hoje 25 empresas que estão negociando a vinda para Itapeva”, relata o representante do desenvolvimento econômico, Thiago Pareto. Recentemente, o fundo de investimentos Blue Cap e a Sulminas Distribuidora adquiriram terrenos para construção de galpões logísticos na região.

BENEFÍCIOS

Os benefícios fiscais do governo de Minas Gerais são a principal explicação para a migração de empresas para o Estado. Unindo essas benesses à proximidade com São Paulo, municípios do sul de Minas viraram destinos atrativos para investimentos. O gerente de leasing industrial da Cushman & Wakefield no Brasil, Eric Ammirati, explica que, para empresas que trabalham com importação, há benefícios adicionais.

Isso já tem levado companhias instaladas na região de Campinas (SP), por exemplo, a fazer as malas rumo a Minas. “Tivemos um cliente que fez a mudança e conseguiu uma economia de R$ 100 milhões, mesmo com aluguel mais caro”, conta o especialista.

O Estado tem uma das menores alíquotas do País para o comércio eletrônico, de 1% a 3%. Por isso, Minas viu crescer o número de companhias do setor. Só em Extrema estão concentradas 25% das empresas de e-commerce no Brasil.

Nunca houve tantos projetos e entregas previstas para galpões logísticos no Brasil, mostram dados da JLL. A projeção para este ano é de entrega de 2,4 milhões de m² em galpões logísticos e industriais, sendo 17,6% em Minas Gerais. O Mercado Livre é hoje o e-commerce que mais ocupa espaço em Minas, seguido de Via Varejo (dona das Casas Bahia) e Lojas Americanas.

Em Minas, a taxa de áreas desocupadas neste ano deverá atingir a mínima histórica. A chamada taxa de vacância deverá ficar em 0,81%, ante 28,18% em 2016.

Na avaliação de Ricardo Taborda, sócio da 7D – empresa especializada em soluções para logística – o principal ponto de tensão na expansão desses municípios é a garantia de mão de obra qualificada ou, pelo menos, passível de treinamento. Ele pontua que, diferentemente de Extrema, os municípios que também margeiam a Fernão Dias talvez não tenham contingente populacional para atender à demanda. “Ter quem trabalhe nas empresas é algo crucial”, avalia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.