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Equidade segue em construção no mercado imobiliário, diz pesquisa

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Estadão Conteúdos

A pesquisa Mulheres no Mercado Imobiliário, realizada pela Datastore em parceria com a especialista em marketing imobiliário Raquel Trevisan e o movimento Mulheres do Imobiliário, ouviu mais de 800 profissionais brasileiras sobre a representatividade feminina no setor.

O levantamento apontou que 93% das entrevistadas reconhecem que vêm conquistando espaços significativos e 39% têm a percepção de conseguirem as mesmas oportunidades que os homens, mas só 28% citaram cargos de liderança ocupados por mulheres. Mas é quando o estudo investiga a rotina de abusos que o número assusta: 61% afirmaram ter sofrido assédio sexual, moral ou verbal, sendo que 21% não denunciaram por medo de perder o emprego e por não acreditarem em punições.

Além disso, 44% tiveram dificuldade para retornar ao trabalho após a maternidade e 61% acreditam que ser mãe no setor ainda é um tabu.

“O mercado imobiliário é machista, masculino e masculinizado”, observa Elisa Tawil, idealizadora do Mulheres do Imobiliário, executiva da eXp Brasil e autora do livro Proprietárias – A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário (Maquinaria Editorial).

Diretora da MBigucci, a advogada, arquiteta e urbanista Roberta Bigucci, conta que entrou na empresa do pai aos 13 anos e hoje, com 35 anos de casa, tanto entre os colaboradores, quanto na gerência, as mulheres são maioria. “Melhorou bastante, mas perdi a conta das vezes em que tive quase que gritar para ser ouvida. No começo eu achava que normal, mas percebi que era só comigo.”

A COO da Setin Incorporadora, Bianca Setin, que também atua na empresa desde menina, estava no cargo havia cinco anos quando leu uma entrevista do pai dizendo não ter um sucessor. “No dia seguinte, às sete da manhã, sentei para falar com ele. Ele se surpreendeu, disse que eu nunca tinha demonstrado essa vontade. Falei que queria que ele me ensinasse a ser a sucessora”, diz. “Hoje as decisões são tomadas em conjunto entre nós dois.”

Bianca se diz atenta à equidade. Atualmente, 63% do time são mulheres, sendo que 52% estão em cargos de liderança. “Dos seis gerentes, quatro são mulheres. Isso faz a gente conseguir implantar muita coisa com visão feminina”, explica. “A mulher tem um olhar ambivalente, que abrange o todo e os detalhes ao mesmo tempo. É uma forma de prever o caos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.