Assim, o Ibovespa recuperou a linha de 114 mil pontos ainda no começo da tarde, para perdê-la e voltar a retomá-la perto do fechamento, em alta de 1,59%, aos 114.064,36 pontos, no seu melhor nível de encerramento desde o último dia 15 (115.062,54). Hoje, oscilou entre mínima de 112.280,81 pontos – praticamente igual à abertura, a 112.282,19 – e máxima de 114.329,73 pontos, melhor nível intradia desde a abertura de 16 de setembro (115.061,97). Nesta quinta-feira, o giro financeiro ficou em R$ 33,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 2,36%, limitando a perda do mês a 3,97%. No ano, cede agora 4,16%.
“Amplamente esperado pelo mercado, o Copom elevou os juros em 100 pontos-base, e antevê aumento da mesma magnitude para a próxima reunião. As projeções inflacionárias mostram uma pressão forte para o ano que vem e, por isso, o BC afirma que vai entrar no território contracionista. Teremos mais aumentos de juros e, muito provavelmente, Selic mais perto de 9% do que de 8%. As projeções de crescimento para 2022 muito provavelmente serão reduzidas, o que se espera que diminua um pouco a pressão inflacionária”, diz Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos. “Os aumentos de juros continuam, e onde vão parar não é ainda uma certeza”, acrescenta.
No exterior, os mercados tiveram hoje, em sua maioria, também o terceiro dia de recuperação, tanto por conta de redução dos temores com relação à Evergrande, do risco de ‘default’ na empresa, como também pela superação da cautela que costuma preceder as decisões e as sinalizações de política monetária do Fed, que não indicou ontem “intenção imediata de remover estímulos”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.
“Se o progresso continuar em linha com o esperado, o Comitê (de política monetária, Fomc) acredita que a moderação do ritmo de compra de ativos será em breve implementada”, cita Franchini, referindo-se ao comunicado, embora reconheça também que o tom de Jerome Powell, presidente do Fed, foi mais “hawkish” do que esses termos, na entrevista coletiva, com indicação de início de ‘tapering’ (retirada de estímulos) antes do fim do ano. “Sobre juros e tapering, o que veio (ontem) esteve em linha com o esperado”, acrescenta.
Com a relativa melhora do ambiente externo nessas últimas sessões, o Ibovespa conseguiu emendar o terceiro ganho diário, algo não visto desde o intervalo entre 20 e 22 de julho. Entre o dia 8 de setembro, quando cedeu 3,78%, e o dia 20, em que marcou a segunda maior queda do mês (-2,33%), o Ibovespa registrou sete perdas, cinco das quais em sequência, no que foi sua mais longa série negativa desde janeiro. No intervalo de forte correção entre 8 e 20, o Ibovespa obteve ganhos em apenas duas sessões, nos dias 9 (+1,72%) e 13 (+1,85%) de setembro.
Nesta quinta-feira, a recuperação se distribuiu pelos setores e empresas de maior peso no índice, em especial os que foram muito penalizados pelas dúvidas sobre a China e a correção do minério de ferro, como siderurgia – no fechamento, destaque para Usiminas PNA (+9,25%) e Gerdau PN (+5,63%); Vale ON, que subia acima de 1% mais cedo, fechou sem variação, estável na sessão. Após o Copom, os ganhos nas ações de grandes bancos foram hoje a 4,44% (Bradesco PN) no fechamento. Petrobras ON fechou na máxima do dia (+4,16%) e a ON subiu 3,83%. Na ponta do Ibovespa, Embraer (+12,16%), Ultrapar (+9,51%) e Usiminas (PNA +9,25%). No lado oposto, Eztec (-5,18%), Cyrela (-4,33%) e Magazine Luiza (-2,88%).
“No cenário local tivemos José Tostes, secretário Especial da Receita Federal, dizendo que o aumento da arrecadação é estrutural e reflete a melhora da economia. Adicionalmente, no micro das empresas, a Embraer divulgou recebimento de encomenda e a Ultrapar anunciou um plano robusto de sucessão, impulsionando as principais altas do índice – isso enquanto o setor de construção sofre com mais uma alta da Selic”, observa em nota Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora.