Notícias

Notícias

Ibovespa sobe após Copom, mas queda em Nova York limita ganho

Por
Estadão Conteúdos

O Ibovespa sobe nesta quinta-feira, após ceder 0,52% na véspera, quando fechou aos 111.935,86 pontos. Contudo, a alta é moderada, dada a queda nas bolsas internacionais após o tom duro do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) na véspera.

A alta interna em parte reflete a manutenção da Selic em 13,75% ao ano, como esperado pelo mercado, e a valorização do petróleo e do minério de ferro no exterior.

Apesar do tom duro do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), no começo da noite de ontem, muitos no mercado ainda continuam vislumbrando queda da Selic em 2023. A Selic foi mantida em 13,75% ao ano, após 12 elevações seguidas.

O fato de as expectativas terem sido ancoradas, de os bancos centrais (do Brasil e dos Estados Unidos) terem confirmado o que era esperado, alivia, avalia Leonardo Neves, especialista em Renda Variável da Blue3. “É a primeira vez que a taxa fica mantida, depois de 12 reuniões em que subiu, enquanto vemos os juros subindo em outras partes do mundo.”

“A decisão estava de acordo com o que nós e a maioria do consenso do mercado havíamos traçado, apesar da primeira decisão dividida (7-2) desde março de 2016”, escreve em nota o Rabobank.

Daqui para frente, o banco holandês ainda acredita que o Copom manterá a Selic em 13,75% até o fim de 2022. “Eles então iniciariam o ciclo de flexibilização apenas no final do 23T2, até atingir 11,00% no final de 2023 e 8,00% no final de 2024.”

Conforme o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatual, o que ficou claro quanto ao Copom é que os juros vão permanecer altos por um tempo longo. “O cenário não mudou em relação ao BC daqui e dos Estados Unidos”, pontua.

Embora o Copom tenha deixado a Selic inalterada em 13,75% ao ano, enfatizou que seguirá “vigilante” e “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.” Ou seja, o entendimento de analistas e economistas é o de que a taxa seguirá no atual nível por mais tempo do que o imaginado. Porém, prossegue a ideia de fim do processo de alta dos juros em algum momento.

“Com o juro já tendo atingido seu pico, o mercado acionário, que antecipa os cenários, deve entrar em movimento de ascensão”, estima José Alberto Baltieri, gestor do fundo ASA Small Mid Cap, da ASA Investments, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A percepção de que os preços de alguns ativos estão com valores convidativos tende a impulsionar a Bolsa doméstica, acrescenta Baltieri. O indicador de preço/lucro do Ibovespa, que está abaixo da sua média e também inferior à média de desconto em relação ao índice de ações globais MSCI, corrobora a visão de que a bolsa está “barata” e deve subir no médio e longo prazos.

“Seguimos com uma visão estrutural de que a Bolsa brasileira está barata e deve ser a classe de ativos mais beneficiada pelo fim do ciclo de alta dos juros”, diz. “A Bolsa está negociando com múltiplos extremamente atrativos”, completa Baltieri

Contudo, os sinais de que a autoridade monetária do Brasil e outras instituições como o Federal Reserve (Fed ), Banco da Inglaterra (BoE, pela sigla em inglês) e da Suíça de que seguirão firmes para conter a inflação ainda estão no radar, dado que podem acelerar o desaquecimento econômico, principalmente em grandes economias.

As bolsas norte-americanas e as europeias caem, bem como fecharam em baixa as da Ásia, refletindo as decisões de política monetária, principalmente do Fed, diz o Bradesco. Conforme o banco, o Fed manteve o tom “duro” verificado em ocasiões anteriores, reforçando o compromisso com a estabilidade de preços e a dependência na observação de dados de inflação e atividade econômica.

O Fed elevou o juro em 0,75 ponto porcentual, como o esperado pela maioria do mercado, adotando um discurso de mais duro em relação ao combate à inflação. Na Europa, o Banco da Inglaterra (BoE) elevou os juros em 0,50 ponto porcentual, também conforme o esperado.

Às 11h11, o Ibovespa subia 0,26%, aos 112.222,38 pontos, após alta de 1,52%, na máxima diária de 113.639,97 pontos e mínima aos 111.937,04 pontos (variação zero).