“De acordo com a projeção de base do BCE, a inflação na área do euro continua muito alta e provavelmente permanecerá acima de 2% por um longo período de tempo”, afirmou ele, durante evento anual do Grupo dos Trinta (G30), organismo internacional que reúne os principais financiadores e acadêmicos do mundo.
Segundo dados apresentados por Knot, fortes altas de diversos produtos e serviços, além da inflação associada a elevação nos preços da energia na zona do euro, levaram a inflação de menos de 1% em meados de 2021 para 4,8% em setembro. “Temo que ainda não tenhamos chegado ao pico de inflação na Europa”, afirmou. O dirigente do BCE disse ser necessária atenção a uma possível “espiral” de preços e salários no continente, tendo em vista demandas de trabalhadores por reajustes de inflação.
“Embora a compensação da inflação incidental seja sensível para apoiar o poder de compra, especialmente nos lugares em que o crescimento salarial ficou atrás do aumento de produtividade, a inflação ficará mais arraigada se os altos aumentos salariais se tornarem uma prescrição repetida.” Para o dirigente do BCE, bancos centrais terão de agir conforme seu mandato para manter as expectativas de inflação ancoradas.
“Em linha com nossa revisão de estratégia, quanto maiores forem os riscos de as expectativas de inflação se afastarem de nossa meta de 2%, mais contundente será nossa resposta. Não espero que os aumentos das taxas de juros cheguem a um fim abrupto. Quanto mais nos aproximarmos de uma perspectiva crível de que a inflação voltará à meta, menores serão os passos da taxa”. Knot afirmou, ainda, que após elevações de taxas de juros desde dezembro, novas altas são esperadas para os próximos meses.
Knot disse também que os efeitos da crise atual afetam de forma diferente as diversas economias. Na zona do euro, a demanda reprimida é menor do que nos Estados Unidos, em razão de uma resposta fiscal europeia mais moderada na pandemia. A Europa também é diretamente afetada por interrupções no fornecimento de gás natural, ao contrário dos EUA, que são grandes produtores de energia. Já em países emergentes, são mais acentuados os efeitos do câmbio, conforme Knot.