A análise sobre o tema é assinada por Romain Duval, diretor-assistente do Departamento de Pesquisa do FMI, e por Myrto Oikonomou e a brasileira Marina M. Tavares, também economistas no departamento citado. O trio menciona o mercado de trabalho aquecido em vários países, como Austrália, Canadá, Reino Unido e EUA, com mais vagas abertas que nos níveis de 2019 em outras economias avançadas também.
A forte alta em vagas não preenchidas em parte reflete a força da recuperação nas economias mais avançadas, até o início da guerra na Ucrânia, mas o FMI diz que isso é apenas parte da história.
Preocupações com a saúde relacionadas à pandemia também influem, com alguns trabalhadores mais velhos ou de setores com contato intensivo com outras pessoas relutantes em voltar à ativa.
Em alguns países, como Canadá e Reino Unido, o declínio na imigração também parece ter amplificado a falta de trabalhadores menos qualificados. Outro ponto levantado pelo FMI é que a covid-19 pode ter mudado preferências dos trabalhadores, citando os EUA, onde houve mais demissões do que o esperado pelo quadro das vagas disponíveis, o que sugere que as pessoas “também estão buscando melhores condições de trabalho”.
O quadro no mercado de trabalho eleva salários, sobretudo em setores que pagam menos, pelo menos nos EUA e no Reino Unido, diz o Fundo. Esses ganhos, porém, não resultaram ainda em poder de gasto adicional devido aos preços de inflação mais elevados, diz o Fundo.
Com o combate a surtos da covid-19, mais pessoas podem retornar ao mercado, contendo pressões no mercado de trabalho e riscos de mais inflação, afirma o FMI. Manter escolas e locais de cuidados abertos também podem ser importantes para mulheres com filhos pequenos, argumenta. O FMI ainda diz que, diante de novas preferências dos trabalhadores, as leis e regulações trabalhistas devem facilitar o teletrabalho.