A sucessão foi um dos fatores que contribuíram para o aumento do número de mulheres no agro. A pesquisa mostrou que, nas fazendas, as profissionais em cargos de liderança são 34% do total – mais do que no universo geral da economia, onde o total de mulheres no topo é de 27%. “Ficamos surpresas com o aumento da representatividade, mesmo ainda sendo muito pequena”, diz Carolina Verginelli, sócia de consultoria da Deloitte.
Mesmo assim, dentre todos os 21 setores pesquisados pelo Deloitte o agro é apenas o 19.º em representatividade feminina – o terceiro mais baixo, depois de indústrias extrativas e construção civil.
Questionamentos
O maior empecilho para a contratação de mulheres é cultural. Do total de 400 entrevistadas, 76% afirmaram que é preciso uma mudança cultural nas organizações agrícolas para que as mulheres tenham mais participação. No entanto, 41% das mulheres que já atuam no setor disseram sofrer questionamentos sobre sua capacidade no trabalho. E isso apesar de o índice de trabalhadoras com ensino superior no segmento ser de 9%, enquanto o de homens é de apenas 3%.
As mulheres ainda relataram que tiveram sua capacidade física de trabalhar no setor questionada. “Isso é um absurdo, porque nenhuma mulher do agro precisa empurrar trator. Com a tecnologia, o trabalho deixou de ser braçal”, diz Angela Castro, líder do programa de diversidade e inclusão da Deloitte.
Além disso, as mulheres do agronegócio ganham menos do que os homens: um valor médio de R$ 1.606 por mês, ante R$ 1.950 dos homens. Outro relato é o alto índice de demissão nos 12 meses seguintes à licença-maternidade, que chega a 35%.
Para que esse cenário mude, é necessário aumentar a quantidade de mulheres em cargos de liderança no agro. Segundo a pesquisa, 35% das mulheres disseram que não se sentem ouvidas nas associações de classe. “Quando elas participam, os homens não dão crédito ao que elas dizem. Isso precisa mudar”, afirma Carolina.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.