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PPI da China tem alta anual de 10,7% em setembro; aumenta temor por estagflação

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Estadão Conteúdos

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da China subiu 10,7% em setembro na comparação com o mesmo mês de 2020, informou o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) do país. O índice, que mede a inflação no setor produtivo, veio acima do previsto por analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que esperavam aceleração de 10,4%.

Nos nove primeiros meses do ano, os preços ao produtor na China acumulam alta de 6,7%, de acordo com o NBS. Em base anual, os preços de produtos de mineração subiram 49,4%, enquanto os da indústria de materiais brutos tiveram alta de 20,4%.

Em relação a agosto, os preços ao produtor tiveram alta de 1,2%. Em agosto, a inflação mensal havia sido de 0,7%.

As pressões de custo nas fábricas chinesas continuaram a se acumular no último mês diante da alta dos preços de energia, reduzindo a esperança de um arrefecimento da inflação global no curto prazo. A alta de 10,7% do PPI em setembro na comparação anual é a maior alta desde 1996, quando os oficiais chineses começaram a divulgar o dado.

A alta recorde foi puxada principalmente pela alta nos preços do carvão e de alguns produtos intensivos em energia, como metais não ferrosos, aço e químicos, disse Dong Lijuan, porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês), nesta quinta-feira.

Os preços persistentemente altos no setor produtivo chinês excederam as expectativas de muitos economistas, elevando o temor de uma estagflação, que é quando os preços continuam em alta mesmo em períodos de menor crescimento econômico. O impulso da economia chinesa diminuiu nos últimos meses, diante de um crescimento mais lento do crédito e de regulações mais estritas a alguns setores.

Preços mais altos nos itens produzidos na China, em conjunto com fortes atrasos nos fretes globais, podem adicionar pressão à inflação nos Estados Unidos e em outros países do Ocidente, que também lidam com a alta nos preços do petróleo e do gás natural.

“Acreditamos que o risco de estagflação na China está aumentando, assim como no resto do mundo”, disse Zhiwei Zhang, economista da Pinpoint Asset Management em Xangai. Ele adicionou que a meta de Pequim de atingir a neutralidade em emissões de carbono colocou “uma pressão persistente nos preços de commodities”.

A agressiva campanha de Pequim pela eficiência energética levou ao fechamento de muitas minas de carvão altamente poluentes, enquanto uma queda nas importações de carvão de países como Austrália, Mongólia e Indonésia exacerbou a escassez do insumo. Nesta semana, enchentes atingiram a província de Shanxi, onde cerca de um terço do carvão chinês é produzido, piorando a situação.

Embora as autoridades chinesas tenham reaberto algumas minas nas últimas semanas, e tenham elevado as tarifas de energia para encorajar o funcionamento de termoelétricas a carvão, economistas acreditam que vai levar algum tempo até que as medidas surtam efeito, e que os preços de carvão devem ficar elevados por até mais dois meses.

O contrato futuro mais líquido de carvão térmico na Bolsa de commodities de Zhengzhou saltou 60% em setembro, e continua em alta em outubro. A cotação atingiu um recorde, com valor equivalente a US$ 255 a tonelada, na quarta-feira. Fonte: Dow Jones Newswires.