Muitos empresários se perguntam: vale mais a pena investir no meu negócio ou aplicar no mercado financeiro?
A comparação parece natural, mas esconde um erro grave: colocar lado a lado duas coisas que não são concorrentes, mas complementares.
Enquanto o negócio exige energia, horas de trabalho, risco fiscal, passivo trabalhista e suor diário do empreendedor, o mercado financeiro — principalmente a renda fixa — oferece retorno sem esforço adicional, com risco baixo e liquidez.
O problema é que muitos empresários acreditam que o único caminho é reinvestir tudo na própria empresa, pelo fato de que ele consegue um retorno maior ao investir no seu negócio do que no mercado financeiro. Esse é um dos maiores equívocos estratégicos que um empresário pode cometer.
As margens e os riscos da empresa
Os números não mentem:
- Indústria brasileira: segundo Sebrae a margem líquida média de 7% a 10%, mas exposta ao Custo Brasil (tributação, logística e burocracia). Além disso, o setor é altamente sensível a juros e câmbio.
- Comércio: margens de 3% a 8%, com concorrência acirrada e alta mortalidade — 30,2% das empresas fecham em até 5 anos, segundo o Sebrae.
- Agronegócio: margens de 10% a 20%, mas sujeitas a riscos climáticos, sanitários e cambiais.
E quando falamos de sobrevivência, o retrato é duro:
- 973 mil empresas fecharam apenas nos quatro primeiros meses de 2025, um aumento de 13,4% em relação ao mesmo período de 2024 – segundo dados do gov.br.
- O IBGE mostra que 20% das empresas fecham já no primeiro ano e apenas 37% sobrevivem após cinco anos.
Além disso, o risco trabalhista é constante: Segundo Poder360, em 2024, a Justiça do Trabalho recebeu mais de 4 milhões de processos, recorde em 15 anos. Indústrias e comércios são os setores mais afetados.
Ou seja: a empresa precisa gerar mais lucro mesmo, porque o risco de “quebrar” é muito maior que qualquer aplicação financeira.
O retorno do mercado financeiro
Agora, olhe para o outro lado:
- A renda fixa brasileira, atrelada ao CDI, entregou média de 12,56% ao ano nos últimos 12 meses, sem necessidade de esforço adicional.
- Diferente do negócio, que depende do trabalho ativo do empreendedor, no mercado financeiro o dinheiro trabalha para você, sem o mínimo esforço.
- Além do retorno, há segurança e liquidez — ativos que podem ser resgatados rapidamente para socorrer a própria empresa em momentos de crise.
Por que a comparação é um erro
Comparar sua empresa com o mercado financeiro é como comparar trabalho ativo com capital passivo.
- A empresa exige energia, estratégia, gestão de pessoas, inovação e resiliência.
- O mercado financeiro exige apenas disciplina e diversificação.
Portanto, não faz sentido colocar um contra o outro. O correto é usar os dois de forma inteligente.
Estratégia inteligente: caixa e diversificação
O empresário deve pensar em três caixas financeiros:
- Curto prazo: garantir o capital de giro.
- Médio prazo: reservas para atravessar crises, com parte aplicado no exterior.
- Longo prazo: patrimônio que gera renda passiva e independência financeira.
Separar parte do lucro do negócio e investir no mercado financeiro é o que cria essa blindagem.
Se a empresa enfrentar dificuldades, o caixa investido em ativos seguros pode evitar a falência.
O negócio do empreendedor precisa dar mais retorno porque carrega mais risco, mais passivo e demanda mais energia. Já o mercado financeiro, especialmente a renda fixa, oferece retorno estável com risco baixo.
O grande erro é comparar os dois como se fossem concorrentes. Eles se complementam.
- A empresa é a locomotiva que gera riqueza.
- O mercado financeiro é o trilho seguro que mantém o patrimônio em movimento, mesmo quando o trem para.
Empresário inteligente não coloca todos os ovos na mesma cesta. Ele faz a empresa prosperar, mas garante no mercado financeiro a renda passiva que pode salvar o seu negócio — e o seu futuro.