Sem repetir o desempenho fraquíssimo de setembro e outubro, os dois piores meses do ano, a indústria afasta o risco de terminar 2021 abaixo de 2020, como chegou a cogitar a Anfavea, a entidade das montadoras. Mesmo assim, o setor teve, no agregado de todas as categorias, o pior novembro em vendas em 16 anos.
A falta de componentes eletrônicos, dada a escassez global de chips, segue sem dar trégua, comprometendo a oferta de produtos nas lojas. No mês passado, a produção de carros voltou a ser completamente interrompida na Honda (sete dias em Sumaré e dois em Itirapina) e nas fábricas da Volkswagen em São José dos Pinhais, por duas semanas, e Taubaté (cinco dias).
Além disso, a produção da Volks no ABC paulista e da General Motors (GM) em São José dos Campos (SP) foi parcialmente suspensa, com redução de um turno, enquanto 1,8 mil trabalhadores do segundo turno da Fiat continuaram afastados da fábrica pelo segundo mês.
No acumulado desde o início do ano, as vendas chegaram a 1,91 milhão de veículos no mês passado, 5,4% a mais do que no mesmo período de 2020. Sempre é preciso contextualizar, no entanto, que a base de comparação é fraca. No ano passado as vendas foram afetadas pela chegada da pandemia ao País, que causou, inclusive, o fechamento de concessionárias de carros em alguns dos maiores mercados por pelo menos dois meses.
Ao comentar o resultado de novembro, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, destacou que a oferta e aprovação de crédito seguem em bom patamar, porém as vendas de carros estão sendo “moduladas” pela disponibilidade de veículos. Segundo ele, a alta de juros pode afetar a demanda nos próximos meses.
“Dados os desafios enfrentados nos últimos meses, como a crise de abastecimento global e alta de juros no País, penso que é um ótimo desempenho, ainda que sobre uma base comparativa mais baixa, de 2020”, afirmou Alarico ao avaliar o desempenho do mês passado.