Por Thiago Goulart
Das distintas colorações partidárias, as tonalidades que despontam no quadro político pouco dialogam. Das tintas encontradas na palheta destacam-se o intenso vermelho e o verde-oliva. O próprio artista está confuso em utilizá-las. Seu gênio criador parece estar travado, sem disposição suficiente para, num rompante, atacar de forma catártica os instrumentos pictóricos na tela.
O pintor sabe que naquele período ou momento, às vésperas da grande exposição, não produzirá uma obra-prima. No entanto, esforça-se para, ao menos, livrar-se do purgatório existencial dos dias precedentes ao gran finale.
Diante do espectro político polarizado saíram à frente os dois candidatos mais rejeitados nas eleições presidenciais. Nesse caso, a política radicalizada retroalimentou os dois postulantes. Agora, a corrida presidencial sobe para outro patamar.
Segundo turno é uma nova eleição. No entanto, Jair Bolsonaro (PSL) demonstrou resiliência real nas urnas, principalmente a consolidação do voto antipetista. Fernando Haddad (PT), por outro flanco, terá de recompor e restaurar os caminhos e pontes deteriorados à esquerda.
A campanha do primeiro turno não foi profícua para o debate dos programas políticos e econômicos. Importa lembrar que parte da causa se encontra no atentado à facada a Bolsonaro. Nesse caso, o segundo turno desponta como oportunidade dos candidatos explicarem de forma clara e menos obtusa o que pretendem para o Brasil: questão fiscal e desenvolvimento de setor produtivo, por exemplo.
Outro fator importante a ser considerado pelos candidatos será a conquista dos eleitores moderados, ou seja, o tradicional apoiador de um centro político que foi arrasado nas urnas.
Apesar das mídias e redes digitais terem sido um fator de impulsionamento das duas candidaturas, o tempo de propaganda eleitoral será igualdado. Se Bolsonaro não obteve o êxito esperado nos rincões da região nordeste, reduto longevo petista, agora poderá ter, via TV.
A conquista dos eleitores moderados, guinada ao centro, composição de alianças e plano econômico menos equivocado serão os dispositivos necessários para o debate. Às vésperas do gran finale reserva-se à expectativa de qual será a tinta mais adequada ao artista para compor a tela, além de sua habilidade para seduzir o público.