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Com correção em Petrobras, Ibovespa cai 1,68%, aos 110,4 mil pontos

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Estadão Conteúdos

Se na segunda-feira, 29, petróleo e Petrobras contribuíram para que o Ibovespa escapasse de perdas na sessão, nesta terça-feira, 30, o efeito conjunto foi o oposto. Com o Brent em queda que chegou a superar 6% nesta terça-feira, a US$ 97 por barril – após ter sido negociado a US$ 105 na máxima de segunda -, em meio à renovação de expectativa de que a oferta cresça caso se alcance entendimento sobre o acordo nuclear para o Irã, Petrobras ON e PN fecharam o dia respectivamente em baixa de 5,64% e 5,95%, em sessão também acentuadamente negativa para Vale (ON -2,90%).

Sem o apoio das commodities, e com fraqueza no setor financeiro, a correção se impôs ao índice da B3, que fechou em queda de 1,68%, aos 110.430,64 pontos, maior perda desde o último dia 19 (-2,04%) e menor nível de encerramento desde 11 de agosto (109.717,94 pontos).

Entre a mínima e a máxima desta terça-feira, oscilou dos 110.103,11 aos 112.868,78, com abertura a 112.323,42 pontos. Na semana, o Ibovespa cede 1,66%, colocando os ganhos do mês, que termina na quarta-feira, a 7,04% – no ano, o índice sobe 5,35%.

O giro financeiro desta terça-feira foi a R$ 27,6 bilhões. Na ponta perdedora do Ibovespa, destaque para CVC (-8,15%), IRB (-7,53%), Gol (-6,22%), Banco Pan (-6,05%) e Petrobras PN (-5,95%) e ON (-5,64%). No lado oposto, Localiza (+1,43%), Positivo (+1,04%), Vibra (+0,74%) e Hypera (+0,60%).

A expectativa por estreitamento das condições de liquidez nas maiores economias, em meio ao processo de elevação de juros nos Estados Unidos e também na Europa, e a perda de dinamismo econômico na China, grande consumidora de commodities, tem posto um freio no apetite por risco nas últimas sessões, após o Ibovespa ter saído da faixa de 95 a 96 mil pontos, nas mínimas de julho, para a de 114 mil pontos, nos melhores momentos intradia deste mês de agosto.

A situação econômica chinesa, que permanece atípica desde a política de tolerância zero à covid, foi agravada recentemente pelas elevadas temperaturas e pela seca na atual temporada de verão, com impacto direto sobre o preço do minério de ferro. Assim, o quadro global combina luta contra a inflação nos Estados Unidos e na Europa e menor ritmo de atividade no gigante asiático.

“O yield de 2 anos nos Estados Unidos tem sido especialmente pressionado, refletindo a expectativa de um ajuste maior, no curto prazo, na taxa de referência do Fed. Volta a crescer a expectativa de que venha novo aumento de 75 pontos-base nos juros na reunião de setembro do comitê de política monetária do BC americano. Os dados de hoje sobre mercado de trabalho (relatório JOLTS) e o índice de confiança do consumidor (do Conference Board) vieram fortes, corroborando a impressão de que o Fed precisará ser rígido”, diz Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos.

Ele destaca também o efeito da correção nos preços do minério de ferro sobre as ações de Vale e da siderurgia, com a desaceleração chinesa. Nesta terça, a tonelada seca do minério foi negociada abaixo de US$ 100 pela primeira vez em cinco semanas.

“Ainda estamos um pouco sob efeito da ressaca do discurso do Jerome Powell (presidente do Fed) na semana passada em Jackson Hole. Foram apenas oito minutos de discurso, em geral dura meia hora. Powell foi seco, lacônico, com mensagem dura que preocupou o mercado. A visão do mercado e do Fomc, nos ‘dot plots‘, mostra que a do mercado era mais otimista do que a dos diretores do Fed. A visão era mais benigna, e não veio ‘pivô’ no discurso do Powell, ao contrário do que se esperava. A linha é: vamos subir juros e pronto. Há muita pressão, com inflação ainda alta por lá e atividade econômica cedendo”, observa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE), que volta a deliberar sobre juros na semana que vem, precisará agir de forma decisiva para controlar a inflação, na visão do presidente do Bundesbank (o BC da Alemanha), Joachim Nagel, de acordo com relato da Reuters.

“Na minha visão, um aumento maior dos juros reduz o risco de que as expectativas inflacionárias se desancorem”, disse Nagel, que faz parte do grupo que decide a política monetária do BCE. Ele argumentou que a instituição não pode “atrasar” a alta dos juros por medo de possível recessão no bloco monetário, uma vez que a inflação não retornará à meta “por conta própria”.

A maior parte dos investidores do mercado financeiro aposta em um aumento de 75 pontos-base na taxa de juros da zona do euro pelo Banco Central Europeu. De acordo com dados da Refinitiv, 67% dos entrevistados apostam neste cenário. A próxima reunião de política monetária do BCE está marcada para 8 de setembro.

Contato: luis.leal@estadao.com