Investimentos

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Como investir em empresas estrangeiras na bolsa brasileira?

Por
Bernardo Frade

Se você já faz investimentos em renda variável deve saber que a bolsa de valores brasileira representa uma minúscula parcela de todo o mercado financeiro mundial. Mas, você já pensou em ter acesso às oportunidades do exterior e investir em empresas estrangeiras?

Saiba que, diferentemente do que muitos acreditam, nem sempre é difícil ou burocrático aproveitar as oportunidades do mercado mundial e investir em empresas estrangeiras. É possível, inclusive, diversificar sua carteira em ativos do exterior sem precisa tirar o seu dinheiro do país.

Todo processo pode ser realizado diretamente na bolsa brasileira graças ao Brazilian Depositary Receipt (BDR). Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!

O que são BDRs?

Você provavelmente já sabe como funciona o investimento direto em ações brasileiras: o investidor adquire papéis de determinada companhia e se torna sócio dela. Mas existem algumas diferenças quando se investe em ações estrangeiras por meio do BDR.

A principal diferença está no fato de que, ao investir em BDR, você não estará se tornando proprietário direto das ações. Eles pertencem, na verdade, à instituição responsável pela custódia do BDR.

O funcionamento dos Brazilian Depositary Receipts (BDRs) têm alguma semelhança com os fundos de investimentos, nos quais o investidor adquire cotas que o dão participação em determinado ativo.

Na prática, os BDRs são certificados cujo lastro está em ações das empresas estrangeiras. Os papéis ficam sob custódia da instituição que oferece o BDR, já que seria preciso que os investidores negociassem diretamente na bolsa estrangeira para se tornarem donos desses ativos.

Contudo, apesar de não investir diretamente em ações e empresas estrangeiras, o investidor se expõe, com este investimento, às movimentações dos papéis fora do país – o que pode ser bastante interessante.

Neste ponto, você pode estar se perguntando se existe uma versão desse investimento em outros países. Ou seja, será que investidores estrangeiros podem investir em ativos da B3 sem, na prática, investir em papéis diretamente por aqui?

A resposta é sim. Nos Estados Unidos, por exemplo, isso é feito por meio do chamado ADR (American Depositary Receipt) – a versão dos BDRs para investimentos em empresas brasileiras no mercado norte-americano.

Como os BDRs funcionam?

Em primeiro lugar, o investidor deve saber que um BDR precisa ser emitido e negociado por uma instituição autorizada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) — órgão regulador dos investimentos em bolsa no Brasil. Essa instituição responsável pelo BDR é chamada de depositária.

Assim, os BDRs permitem, na prática, o acesso do investir às ações negociadas em diversos países — como Estados Unidos e muitos outros. A compra e venda desses ativos se dá na plataforma da B3, da mesma forma que o investidor pode adquirir ações ou fundos de investimentos brasileiros.

Ou seja, a negociação se dá em reais e não envolve nenhuma burocracia a mais. Você irá comprar ou vender seus ativos certificados (e declará-los) como qualquer outro investimento nacional. Esse é o motivo pelo qual o BDR é uma das maneiras mais simples de investir em empresas estrangeiras.

Para explicar um pouco mais sobre o funcionamento desse ativo, precisamos falar sobre os tipos de BDR: patrocinado ou não patrocinado.

BDR patrocinado

BDRs patrocinados são aqueles nos quais a própria companhia estrangeira demonstra interesse em ter certificados de suas ações negociados no Brasil. Com isso, ela solicita o serviço de uma instituição depositária e proporciona a negociação desses ativos na bolsa de valores brasileira.

BDR não patrocinado

Mas nem sempre é necessário que as empresas internacionais tenham pretensão de que seus papéis sejam negociados por aqui. É o que acontece com os BDRs não patrocinados. Nesse caso, a instituição depositária não tem um acordo direto com a companhia estrangeira.

Na prática, isso não impõe muitas diferenças ao investidor brasileiro. Esse tipo de investimento também é regularizado e a instituição depositária continua fazendo seu papel de mediação. Inclusive, sendo responsável por compartilhar com os brasileiros os dados dos relatórios gerenciais das empresas.

Em qualquer um dos casos, o investidor que investe em BDRs se expõe, portanto, às movimentações dos ativos estrangeiros sem, na prática, ter adquirido ações de empresas listadas em outras bolsas ao redor do mundo.

Vale a pena investir em BDRs?

Como você viu, os BDRs permitem que sejam feitos investimentos atrelados às ações de diversas companhias estrangeiras. Mas será que essa é uma prática vantajosa?

Cada investidor deve responder a esta pergunta de forma autônoma, baseado em seus objetivos e seu perfil de investimento.

Para ajudá-lo, no entanto, podemos citar algumas das vantagens de investir em BDRs. Acompanhe!

Diversificação dos investimentos

Sem dúvida, uma das grandes motivações que leva brasileiros a incluir esses ativos na sua carteira é a possibilidade de diversificá-la. Como falamos, nossa bolsa de valores é apenas uma pequena parcela do mercado mundial.

Considerando isso, o BDR proporciona que você rompa um pouco desses limites e aproveite rendimentos de companhias ao redor do mundo. Isso diversifica seus investimentos não apenas em relação aos ativos, mas também às moedas, aos setores, aos contextos econômicos, etc.

Diminuição dos riscos da carteira

Um dos objetivos para que se busque a diversificação da carteira é diminuir os riscos dela, certo? Afinal, concentrar seu patrimônio em apenas um ou poucos ativos – ou setores – o deixa muito exposto às perdas, caso eles apresentem problemas.

Podemos dizer o mesmo da concentração de seus recursos em um só país. Quem tem apenas ações de empresas brasileiras na carteira está mais exposto a riscos relacionados à economia nacional. Já quem diversifica com ativos estrangeiros pode encontrar um equilíbrio maior.

Menor burocracia

Existem outras opções para realização de investimentos no exterior. Por exemplo, abrir uma conta em banco ou corretora de valores estrangeira. Entretanto, esse é um caminho mais burocrático, já que envolve operações feitas fora do Brasil.

Nem sempre é fácil conseguir aprovação de seus documentos por uma instituição estrangeira. Depois disso, ainda será preciso compreender as regras das transações financeiras por lá — além de saber como declarar esses investimentos para a nossa Receita Federal.

Nada disso é problema para quem investe em BDR. Como a operação é feita na bolsa de valores brasileira, ela segue as mesmas regras que você já conhece ao investir em ativos nacionais. Por isso, o acesso a esse investimento é bem mais simples.

Existem riscos ao investir em BDR?

Sim, claro! É importante reforçarmos que todos os investimentos envolvem riscos — que podem ser maiores ou menores, dependendo das características de cada um. No caso de BDR, não esqueça que se trata de um ativo da renda variável.

Isso significa que os rendimentos dele estão atrelados às variações do mercado. Nesse caso, do mercado internacional, já que o lastro dos seus investimentos está em ações de companhias estrangeiras.

Esse é um motivo para não investir em BDR? De forma alguma. Pelo contrário, se você tiver uma boa gestão de risco, é uma possibilidade de conseguir ganhos muito interessantes. Mas não deixe de considerar esse elemento.

Lembre-se também que o conhecimento é a melhor forma de reduzir os riscos de realizar seus investimentos. Logo, investidores interessados em ter ativos estrangeiros precisam aprender sobre o mercado internacional – sobre as empresas de seu interesse – para fazer boas escolhas.

Conclusão

Agora você sabe como investir em empresas estrangeiras por meio dos BDRs. Não se esqueça apenas que os BDRs não são as ações das companhias, de fato. Para ser proprietário direto dos papéis ainda é preciso negociar na bolsa de valores do país de origem delas.

De qualquer modo, para quem busca por diversificação em investimentos fora do país e não deseja fazer aportes no exterior, os BDRs podem ser boas escolhas. Basta avaliar esta opção em relação ao seu perfil e objetivos e fazer a melhor escolha para sua carteira!

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