Análise e Opinião

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Copom e a nova Selic: atenção dos investidores para a super quarta

Por
Luiz Alberto Caser

A agenda dos bancos centrais norte-americano e brasileiro de junho reflete invariavelmente nas aplicação dos investidores de todo o país. Isso porque o ajuste monetário influi diretamente na taxa básica de juros – a Selic. A atenção dos investidores para a super quarta se traduz nas expectativas do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) que, aliás, deverão elevar mais uma vez a taxa de juros.

A expectativa é de que o Banco Central eleve a Selic para 13,25%, com destaque para a sinalização dos próximos passos do comitê, representando uma alta de 50 pontos base.

Também na quarta-feira termina a reunião do Fomc, o Copom do Banco Central dos Estados Unidos. A decisão em si não deve trazer muitas surpresas e os juros no país também devem ser elevados em 50 pontos base, para uma taxa entre 1,25% e 1,5%.

Federal Reserve e os juros

Na sexta-feira (10/6), o Ibovespa fechou aos 105 mil pontos, caindo 1,51%. A sexta queda consecutiva refletiu a divulgação dos dados de inflação ao consumidor nos EUA, que subiu 1% em maio, acima da expectativa do mercado de 0,7%. O avanço acima do esperado reforçou a perspectiva de elevação dos juros de forma mais agressiva pelo Federal Reserve (FED), como principal mecanismo de combate contra a alta dos preços.

A eventual postura mais rígida do banco central norte-americano favorece a tendência global de realocação dos investimentos em títulos do Tesouro norte-americano — que se tornam mais rentáveis em meio à taxa básica de juros alta —, em detrimento de ativos de risco. Sendo assim, a expectativa de que uma alta nos juros acima do esperado seja necessária resultou na queda generalizada das ações no desfecho da semana passada.

Preocupações com um aperto de política monetária ainda mais agressivo foram renovadas nesta segunda (13/6), no início de uma semana agitada com reuniões de bancos centrais. Investidores ainda estão com dificuldades para digerir a leitura bem acima do esperado do índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos.

A curva de rendimentos dos Treasuries de dois e dez anos inverteu-se pela primeira vez desde abril, um movimento visto por muitos como sinal confiável de que uma recessão pode acontecer no próximo ano ou dois. Será diante deste cenário que o FED divulgará sua decisão de política monetária na quarta-feira (15/6), mesmo dia em que o Banco Central brasileiro também conclui sua reunião de política monetária.

Banco Central e a nova Selic

O foco dos investidores está concentrado na super quarta, quando o Banco Central brasileiro anunciará sua decisão a respeito da taxa básica de juros – a Selic. O mercado precifica mais de 90% de chances de alta de 0,5 pontos percentuais, o que levaria a taxa Selic para o patamar de 13,25% ao ano.

O dólar saltava logo após a abertura desta segunda, operando com folga acima da marca psicológica de R$ 5,00 com os mercados ainda abalados por dados recentes de inflação norte-americanos.

O aumento nas expectativas para a Selic ocorre na esteira de uma nova deterioração da inflação esperada à frente. Se, no levantamento feito antes da reunião de maio do Copom as expectativas para o IPCA de 2023 estavam em 4%, agora elas estão em 4,6%. Cabe lembrar que o horizonte relevante para a política monetária inclui, no momento, apenas o ano-alendário de 2023 e que a meta de inflação do próximo ano é de 3,25%.

A desancoragem das expectativas de inflação de médio prazo adiciona cautela, sobretudo no momento em que discussões sobre o aumento dos riscos fiscais têm reaparecido. Se, no Copom de maio, o balanço de riscos para a inflação soava mais simétrico, uma parcela do mercado espera que o colegiado reconheça o aumento das incertezas recentes sobre o futuro do arcabouço fiscal.

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