Análise e Opinião

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Copom eleva a Selic para 11,75%. Como ficam os investimentos?

Por
Thiago Goulart

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) em sua segunda reunião (2022) elevou em 1,00 ponto porcentual a Selic, consolidando o retorno aos dois dígitos da taxa básica de juros, que passou de 10,75% para 11,75% ao ano – o maior patamar desde maio de 2017. A decisão desta quarta-feira, 16, foi a nona alta consecutiva da Selic – após a taxa chegar à mínima histórica de 2% – acumulando 9,75 pontos de ajuste. A última vez que houve nove aumentos seguidos (completando um ano de aperto) foi entre abril de 2013 e abril de 2014.

Em regra, pelo lado dos investimentos, quando a Selic aumenta, a classe de ativos que compõem a renda fixa ganha maior atratividade. Assim, os ativos pós-fixados se mantêm como os mais conservadores do mercado e se beneficiam da alta na Selic, uma vez que sua remuneração acompanha a taxa básica de juros. Este é, aliás, um bom momento para rebalancear a carteira de investimentos.

A inflação é outro ponto importante. Medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), um dos principais objetivos do BC é manter a inflação sob controle, e o instrumento usado para alcançar isso é a taxa de juros. Historicamente, juros altos ajudam a esfriar a economia. Mas a disparada de preços não tem dado trégua. No acumulado dos últimos 12 meses a inflação atingiu 10,54%, acima do teto da meta (de 5,25%).

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Fonte: Banco Central.

TÓPICOS DO POST

Juros altos por mais tempo

Sinalizações e expectativas do COPOM

Inflação

Princípios básicos: demanda e oferta

Como ficam os investimentos? Renda Fixa

Como ficam os investimentos? Renda Variável

Diversificar diminui os riscos e as incertezas

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Cenário XP: Juros altos por mais tempo

Entende-se que os impactos da guerra da Ucrânia, ainda que piorem as perspectivas para a inflação, não mudarão muito o plano de voo do Banco Central quanto à taxa terminal de juros. Como entendemos que os juros já estão em patamar “significativamente contracionista”, é mais provável que a autoridade monetária leia este evento como um choque de oferta, e aceite a inflação mais alta por algum tempo. A projeção manteve o pico da Selic em 12,75%.

Em contrapartida, a alta renovada de custos deve exigir maior persistência da política monetária para garantir a convergência da inflação à meta. Entende-se agora que demorará mais até o Banco Central encontrar espaço para iniciar um ciclo de redução de juros, que deve começar somente em 2023. Naturalmente, se o choque de commodities se mostrar mais intenso e prolongado do que o contemplado em nosso cenário – por exemplo, projetamos o preço médio do petróleo Brent este ano em 105 dólares o barril, como descrito aqui – o Copom pode optar por elevar a Selic para além dos 12,75% este ano.   

Sinalizações e expectativas do Copom

Em sua 245ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,75% a.a.

A atualização do cenário do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

  • No cenário externo, o ambiente se deteriorou substancialmente. O conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial. Em particular, o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas;
  • Em relação à atividade econômica brasileira, a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2021 apontou ritmo de atividade acima do esperado;
  • A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente;
  • As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação;
  • As expectativas de inflação para 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 6,4% e 3,7%, respectivamente;
  • No cenário de referência, com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio partindo de USD/BRL 5,05*, e evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), as projeções de inflação do Copom situam-se em 7,1% para 2022 e 3,4% para 2023. Esse cenário supõe trajetória de juros que se eleva para 12,75% em 2022 e reduz-se para 8,75% a.a. em 2023. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são de 9,5% para 2022 e 5,9% para 2023. Adota-se a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2022 e dezembro de 2023; e
  • Diante da volatilidade recente e do impacto sobre as projeções de inflação de sua hipótese usual para o preço do petróleo em USD**, o Comitê decidiu adotar também, neste momento, um cenário alternativo. Nesse cenário, considerado de maior probabilidade, adota-se a premissa na qual o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano em US$100/barril e passando a aumentar dois por cento ao ano a partir de janeiro de 2023. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.

Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo dos seus cenários.

Por outro lado, políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajetória fiscal futura podem impactar negativamente preços de ativos importantes e elevar os prêmios de risco do país.

Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que a incerteza em relação ao arcabouço fiscal mantém elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação, mas considera que esse risco está sendo parcialmente incorporado nas expectativas de inflação e preços de ativos utilizados em seus modelos. O Comitê segue considerando uma assimetria altista no balanço de riscos.

Um pouco mais sobre a inflação

Quando ouvimos dizer que a inflação está em alta logo sentimos no bolso esta consequência, ou seja, a inflação corrói o poder de compra das pessoas. Ninguém gosta de inflação alta. A primeira relação que fazemos é instantânea: inflação está atrelada ao aumento dos preços desde os produtos mais cotidianos que consumimos aos mais sofisticados.

A inflação também está ligada ao nosso poder de compra, ou seja, o quanto podemos consumir sem que o salário seja corroído. Uma vez que a inflação esteja em alta, isso prejudica a nossa referência do que está caro ou barato. É justamente por isso que o governo procura manter a inflação sob controle por meio de um sistema denominado Meta de Inflação. O sistema prevê ainda um intervalo de tolerância.

Se a inflação ao final do ano se situar fora do intervalo de tolerância, o presidente do BC tem de divulgar publicamente as razões do descumprimento, por meio de carta aberta ao Ministro da Fazenda e ao presidente do CMN, contendo descrição detalhada das causas do descumprimento, as providências para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito.

Veja o gráfico abaixo disponibilizado pelo Banco Central sobre a inflação:

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Fonte: Banco Central.

Princípios básicos: demanda e oferta

Um conceito fundamental e básico da economia é a chamada Lei da Oferta e da Procura. Essas duas palavras nos ajudam a compreender o conceito de inflação.

Exemplo: se muitas pessoas desejam comprar um produto, é natural que o preço suba, ou seja, quanto maior for a procura por algo, maior será o preço ofertado.

Dessa forma, se a economia de um país está crescendo, com baixo índice de desemprego e ganhos de renda dos trabalhadores, os preços tendem naturalmente a subir. Por outro lado, se a economia vai

juros e inflacaomal e muitas pessoas param de comprar, apertando o orçamento, os preços tendem a cair ou ficar estáveis.

É sob essas considerações que o governo atua com o fim de controlar a inflação. Assim, a taxa básica de juros (Selic) nos indica quais são as sinalizações emitidas pelo Banco Central.

Veja a imagem ao lado que sintetiza a subida ou a redução da taxa de juros.

Diante disso, é bom lembrar que o Brasil passou por um momento de enorme crise. E, pelo exemplo mencionado anteriormente, a sinalização do Banco Central em baixar os juros, torna-se essencial para ajustar os indicadores da economia. Este é um passo muito relevante para estimular a confiança dos agentes econômicos e da população.

Como ficam os investimentos?

Não existe uma regra ou uma bala de prata que diga definitivamente que um determinado investimento será excelente e trará sempre retorno. A tríade risco-retorno-liquidez sempre sofrerá impactos no mercado financeiro. Assim, avaliar o tempo e o objetivo dos investimentos são bons aliados no momento de alocar os recursos. Sobre isso, aliás, há uma discussão muito interessante no podcast Valor de Mercado.

Renda Fixa

Os analistas preveem um ano muito volátil para a renda variável em 2022 por causa das eleições. Além disso, a alta da inflação estará presente tanto por fatores domésticos quanto internacionais. Não há perspectiva de melhora no câmbio também.

Nesse ambiente, os especialistas recomendam outras aplicações de renda fixa aos investidores que querem tirar proveito da alta da taxa básica de juros.

Alguns exemplos de investimentos

Curto prazo (Pré e IPCA+): No caso de títulos públicos, há as LTNs e NTN-Fs com vencimento em 2022 a 2024 e NTN-Bs com vencimentos até 2026. Estes títulos são prefixados e indexados à inflação, respectivamente. Nem todos estão disponíveis no Tesouro Direto, podendo ser acessados via mercado secundário.

Longo Prazo (Pré e IPCA+): Títulos com duration (prazo médio de vencimento) acima de 5 anos como por exemplo NTN-Bs que vencem por volta de 2028.

Há também títulos bancários e de crédito privado, que podem apresentar comportamento semelhante aos citados para títulos públicos.

Pós-fixados: Tesouro Selic 2025, Tesouro Selic 2027, além de LFTs negociadas no mercado secundário e títulos bancários e de crédito privado com a mesma característica de acompanhar a taxa Selic. Vale notar, no entanto, que estes títulos podem sofrer oscilações, embora menores do que os prefixados e indexados à inflação. Para reduzir o risco de variações antes do vencimento, procure títulos de prazos mais curtos.

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Renda Variável

Novamente o Ibovespa se descola dos mercados internacionais capturando um forte fluxo estrangeiro e reforçando o quão barato o índice se encontrava. Além da valorização da bolsa, o real se valorizou 3%. Em 2022, o Ibovespa é a melhor bolsa da América Latina!

Apesar da valorização recente, o índice continua sendo negociado em patamares de preço depreciados e com a perspectiva de preço de commodities elevados. Além disso, a saída da Rússia do índice de países emergentes, pode fazer com que o Brasil continue capturando o fluxo de capital estrangeiro.

Em fevereiro tivemos a entrada líquida de R$ 27,8 bilhões e, no ano, esse volume já supera a casa dos R$ 60 bilhões. Apesar do cenário incerto, tanto no global quanto no doméstico, a margem de segurança continua confiante na tese focada em Brasil nesse momento.

Via de regra, quando as bolsas pelo mundo vão mal, como aconteceu mês passado, países emergentes como o Brasil, em geral, tendem a seguir de perto essa performance. Contudo, os preços estavam tão depreciados e os investidores estrangeiros preocupados com a perspectiva de inflação e juros mais altos, que a busca por proteção foi ao encontro das commodities.

E qual é a melhor bolsa do mundo para se comprar commodities? Ora, temos empresas do setor de petróleo, minério, celulose, proteína e commodities agrícolas. Sobre isso, escute o podcast que preparamos para você.

 

Diversificar diminui os riscos e as incertezas

Tornou-se um clichê entre os investidores, mas é sempre bom relembrar: diversificar seu dinheiro é a regra de ouro no mundo das finanças. Assim, no percurso em busca de mais retorno, você deve evitar alocar todos os seus recursos em um único produto financeiro, diminuindo seus riscos, além de tornar seu portfolio de investimentos resiliente face a um cenário de incertezas.

Dê um passo de cada vez e lembre-se que para cada objetivo há uma recomendação. Peça ajuda a um assessor de investimentos se estiver em dúvidas antes de tomar qualquer decisão. Entre em contato com os nossos especialistas!

É perceptível que a mudança da taxa Selic impacta muito a economia, tendo reflexo direto sobre o consumo, sobre a inflação e sobre os seus investimentos. Saiba que, cada vez mais, suas escolhas terão de ser cautelosas e eficientes para rentabilizar mais os investimentos de forma inteligente e segura.

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