Análise e Opinião

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Os gringos querem comprar o Brasil. Você vai ficar de fora?

Por
Leonardo Pastore

Na última semana, falamos sobre a importância de não se misturar emoções com finanças, especialmente nesse período pós-eleitoral ainda polarizado (clique aqui para ler o artigo). Apesar dos ânimos exaltados ou ceticismo de muitos, a bolsa brasileira avançou 3,16% na primeira semana após o 2º turno, demonstrando apetite dos investidores com o resultado das urnas.

No linguajar do mercado, o dinheiro esperto é aquele que enxerga de longe as oportunidades e se mantém fora do comportamento das multidões. Normalmente larga na frente da maioria – ainda reticente e indecisa, e realiza seus lucros primeiro também, deixando para trás o risco de devolver para a mesa seus ganhos.

O dinheiro esperto pode ser o seu, o meu ou de qualquer um que consiga se posicionar bem e fazer a coisa certa. Não é exclusividade dos profissionais do mercado, mas certamente não é a marca registrada dos amadores. Aliás, a tomada de decisões de investimento carregada de emoção característica destes últimos passa longe do dinheiro esperto, cujas regras para entrar e sair das operações são pré-determinadas e planejadas com a razão.

O fato é que, em matéria publicada no último dia 3/11/22 (4 dias após a proclamação do resultado da eleição presidencial), a revista britânica MoneyWeek fez uma sugestão bastante efusiva aos seus leitores: “Invest in Brazil as the country gets set for growth”[1] (invista no Brasil enquanto o país se prepara para crescer). Assinado por James McKeigue – especialista em ativos latino-americanos, o artigo ressalta a capacidade energética e o agronegócio brasileiro como fatores determinantes (e lucrativos) de um ciclo econômico capaz de gerar frutos por mais de 20 anos.

Ao mesmo tempo em que destaca uma política ambiental do futuro governo mais alinhada com a preservação da Amazônia – o que já alavanca investimentos externos no país, lembra que o Brasil possui uma das maiores reservas de níquel do mundo – matéria prima para baterias de veículos elétricos, cuja demanda tende a aumentar muito nos próximos anos. Ainda sobre energia, destaca a capacidade da Petrobras gerar altas receitas e a posição estratégica brasileira perante a América Latina sob esse aspecto. Chamando o agro nacional de potência capaz de alimentar 10% da população mundial, salienta a probabilidade de altos retornos com o aumento da demanda global por alimentos.

A chamada para investir parece que está sendo ouvida. Segundo dados da Bovespa, apenas no primeiro dia de negociação após o resultado das eleições, investidores estrangeiros aportaram R$ 1,9 bilhão por aqui[2], equivalente a 183% a mais que a média diária de outubro[3], fluxo que continuou em alta nos dias seguintes. O cenário geopolítico reforça a visão otimista, dadas as incertezas e desdobramentos da guerra Rússia-Ucrânia e tensões entre China-Taiwan-EUA, além do terceiro mandato de Xi Jinping com eventual aumento da intervenção estatal em empresas chinesas, tornando o Brasil mais atrativo dentre as economias emergentes[4].

Enfim, enquanto ainda há quem sinta as dores de uma ressaca eleitoral e titubeie sobre seus investimentos (seja para ficar de fora ou para investir – mal – com a visão ainda deturpada por emoções), o dinheiro esperto já está em ação. Os gringos querem comprar o Brasil. E você?

[1] Para ler o artigo original, clique em https://moneyweek.com/investments/stockmarkets/emerging-markets/605485/invest-in-brazil

[2] https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2022/11/5049346-semana-apos-resultado-das-eleicoes-tem-estrangeiros-com-otimismo-na-bolsa.html

[3] https://exame.com/invest/mercados/investidor-estrangeiro-aumenta-aposta-na-b3-apos-vitoria-de-lula-e-entrada-no-ano-supera-r-100-bi/

[4] https://trademap.com.br/agencia/mercados/estrangeiros-aportam-r-19-bi-na-b3-um-dia-apos-eleicao-e-saldo-em-outubro-e-o-maior-desde-agosto

Este artigo tem como objetivo democratizar o acesso à educação financeira via Leonardo Pastore, Assessor de Investimentos da Valor Investimentos.

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