Resultados da pesquisa por “fundos de investimento

Previ vende participação em sete FIPs para Spectra por R$ 157 milhões

A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, vendeu sua participação em sete FIPs (Fundos de Investimento em Participações) para a Spectra Investimentos, gestora de fundos com atuação no mercado secundário deste tipo de investimento. A Previ vai receber R$ 157 milhões na operação.

De acordo com a Previ, as negociações começaram em 2019. Os fundos negociados foram o FIP Brasil Agro, FIP Brasil Sustentabilidade, FIP Brasil Petróleo, FIP Brasil Equity Properties (FIP BEP), FIP Investidores Institucionais III, FIP Portos e Ativos Logísticos e FIP Terra Viva.

Esta foi a primeira alienação da Previ no segmento de FIP. O mercado secundário desses fundos é considerado incipiente. No ano passado, a Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, também realizou venda de sete fundos de participação para a Spectra Investimentos, pelo valor de R$ 86 milhões.

A Previ ainda tem posição em mais 14 FIPs, que somam em torno de R$ 450 milhões e representam 0,19% do total de seus investimentos. “A venda de participação em FIPs está alinhada com a maturidade do Plano 1 e contribuirá com o amadurecimento e crescimento desta indústria, pois a operação foi importante para oxigenar a carteira de investimentos e gerar liquidez para a Previ”, informou a fundação, em nota.


Exclusão da Rússia de índices globais pode atrair mais recursos ao Brasil

A retirada da Rússia de índices de referência de investimentos de mercados emergentes pode favorecer o Brasil ainda mais nas próximas semanas. Na noite de quarta-feira, a fornecedora global de índices de ativos MSCI anunciou que a Rússia deixará de fazer parte do índice MSCI Emerging Markets para ser classificada como um mercado independente. A mudança passa a valer a partir do dia 9 e foi decidida porque já não há mais acessibilidade e capacidade de investimento no mercado russo.

Na prática, essa alteração impede empresas russas de ter acesso a uma parte relevante dos fundos de investimentos. A tendência é de que os recursos que seriam aportados na Rússia sejam distribuídos entre outros mercados emergentes, como o Brasil.

Outra fornecedora de índices do mercado de ações, a FTSE Russel decidiu retirar a Rússia de todos os seus índices de renda variável. Segundo apurou o Estadão, investidores globais, como a BlackRock, vêm pressionando para a remoção do país desses índices. De acordo com uma fonte, a retirada da Rússia de outros índices deverá ocorrer em ritmo maior a partir da próxima semana.

Segundo cálculos do Itaú, apenas com a mudança feita pela MSCI, US$ 27,1 bilhões poderiam deixar a Rússia. Considerando que o Brasil tem um peso de 4,97% no índice, ele poderia receber US$ 1,34 bilhão desse total. Juntas, as Bolsas de toda a América Latina ficariam com US$ 2,12 bilhões.

Essa saída de recursos, porém, está travada por enquanto. Isso porque o mercado de ações russo está fechado desde segunda-feira, e as sanções adotadas contra o País tornam as transações financeiras bastantes difíceis.

Ainda assim, o fundo soberano norueguês, por exemplo, que possui US$ 1,3 trilhão sob gestão, já anunciou que venderá seus ativos russos, compostos por ações de 47 empresas, com um valor aproximado de US$ 2,83 bilhões.

Futuro

Por enquanto, conforme analistas, é mais certo que a América Latina e o Brasil reconquistem importância nos índices que balizam investimentos nos mercados emergentes e nas carteiras de fundos dedicados a esses países.

Levantamento recente do BTG Pactual mostra que os fundos que apenas compram ativos de países emergentes tinham, em 2021, 5% do total no Brasil, na mínima histórica, sendo que o máximo foi de 16,9% em 2009. Se forem considerado os fundos globais, que são aqueles que podem investir em todo o mundo, a fatia que o Brasil ocupa é de apenas 0,23% – já foi de 1,9%, também em 2009. No fundo dedicado aos Brics, a participação chega hoje a 10,6%, longe do pico de 35% observado em 2010.

Já no índice de emergentes da MSCI, a China tem um peso 12,7% superior à média dos últimos 22 anos, enquanto o Brasil e o México recuaram em 5,1% e 3,2% em suas respectivas participações, de acordo com o Itaú. A Rússia representava 1,47%, tendo perdido espaço desde a última revisão do índice em fevereiro, quando detinha 3,41%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Volume gerido em 2021 pelas gestoras de patrimônio cresce e chega a R$ 321,6 mi

O volume administrado pelas casas de gestão de patrimônio alcançou R$ 321,6 milhões em 2021, uma alta de 22,3% em relação a 2020 (R$ 220,5 milhões). O número de instrumentos de investimento – como fundos de investimento e carteiras administradas – também cresceu no período, passando de 25.912 para 29.684 (+14,6%). Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).

Para Jan Karsten, diretor da Anbima, esse crescimento não foi uma surpresa, mas sim um “movimento natural” com novas famílias gerando patrimônio líquido e mais recursos chegando às mãos dos gestores de patrimônio.

Segundo os dados da Anbima, os fundos de investimento seguem com o maior volume financeiro, com R$ 228,6 bilhões no ano passado ante R$ 183,1 bilhões em 2020 (+24,9%). Já o avanço das carteiras administradas foi de 16,3% no período, de R$ 80 bilhões para R$ 93,1 bilhões.

Tipo de ativo

Todos os tipos de ativos apresentaram crescimento em 2021, mas o destaque fica com a renda fixa e os multimercados. A renda fixa passou de 37,6% para 40,2% do volume financeiro total de um ano para outro. Dentro desse segmento, os títulos públicos ganharam espaço, saindo de 7,8% para 9,9% do total. Em reais, o volume financeiro da renda fixa cresceu 30,7% (de R$ 99 bilhões para R$ 129,4 bilhões), com maior presença das cotas de fundos dessa classe (R$ 37,2 bilhões). O volume alocado em fundos multimercado também cresceu dois dígitos (+22,5%), passando de um total de R$ 63,6 bilhões para R$ 77,8 bilhões, mas a classe manteve a participação porcentual (24,2%) no total distribuído.

Para o diretor da Anbima, o que chamou atenção foram as ações. O volume financeiro da renda variável cresceu 2% em 2021, de R$ 71,9 bilhões para R$ 73,3 bilhões. “Se a gente imaginar que boa parte dos fundos de ações teve performance negativa, a evolução do patrimônio líquido foi bem, apesar de tudo”, afirma Karsten. A classe, no entanto, diminuiu a participação no volume financeiro total administrado pelas gestoras de patrimônio, passando de 27,3% para 22,8%.

Outro destaque foi o “crescimento expressivo dos fundos estruturados”, tanto em distribuição (de 8,3% para 10%) quanto em volume financeiro (+46,2%), segundo Karsten. “A busca pelos fundos de private equity e do setor imobiliário geraram certa atratividade, até pelo hedge proteção natural que eles apresentam contra a inflação”, avalia o diretor da Anbima.

Distribuição pelo país

A região Sudeste foi o destaque deste ano, com o maior volume financeiro (85,5% do total) e um crescimento de 24,4% (de R$ 221,6 bilhões em 2020 para R$ 275 milhões em 2021). Em seguida, vêm as regiões Sul, com alta de 11,2% no patrimônio líquido (R$ 29,4 bilhões), Centro-Oeste (+23%, com R$ 5 bilhões), Nordeste (+8,7%, com R$ 11,1 bilhões) e Norte (+55,6%, com R$ 1,1 bilhão).


Dívida Pública Federal fecha janeiro em R$ 5,616 trilhões, diz Tesouro

O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) ficou praticamente estável em janeiro e fechou o mês em R$ 5,616 trilhões (variação positiva de 0,05%). Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 23, pelo Tesouro Nacional.

Em dezembro, o estoque estava em R$ 5,613 trilhões. A correção de juros no estoque da DPF foi de R$ 32,79 bilhões no mês passado, enquanto houve um resgate líquido de R$ 30,22 bilhões.

A DPF inclui a dívida interna e externa. A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) subiu 0,33% em janeiro e fechou o mês em R$ 5,366 trilhões.

Já a Dívida Pública Federal externa (DPFe) ficou 5,77% maior no mês, somando R$ 215,21 bilhões.

Parcela de títulos prefixados

A parcela de títulos prefixados na DPF caiu em janeiro, a 26,89%. Em dezembro, estava em 28,90%. Os papéis atrelados à Selic aumentaram a fatia, de 36,83% para 38,43%.

Os títulos remunerados pela inflação caíram para 26,89% do estoque da DPF em janeiro, ante 28,90% em dezembro. Os papéis cambiais tiveram redução na participação na DPF de 4,96% em dezembro para 4,72% em janeiro.

Todos os papéis ficaram dentro das metas do PAF para o ano. O intervalo do objetivo perseguido pelo Tesouro para os títulos remunerados pela Selic em 2022 vai de 38% a 42%. Para os pré-fixados, o intervalo é de 24% a 28%. No caso dos que têm índices de preço como referência, a meta é de 27% a 31% e, no de câmbio, de 3% a 7%.

Doze meses

O Tesouro informou ainda que a parcela da DPF a vencer em 12 meses subiu de 21,02% em dezembro para 23,76% em janeiro.

O prazo médio da dívida passou de 3,84 anos em dezembro para 3,89 anos no mês passado. O custo médio acumulado em 12 meses da DPF diminuiu de 8,91% ao ano em dezembro para 8,61% em janeiro.

Participações

A fatia dos investidores estrangeiros na dívida pública caiu levemente em janeiro. De acordo com dados divulgados pelo Tesouro Nacional, a participação dos investidores não residentes no Brasil no estoque da DPMFi passou de 10,56% em dezembro para 10,53% no mês passado.

O valor do estoque de papéis nas mãos dos estrangeiros, no entanto, subiu, somando R$ 565,37 bilhões em janeiro. No fim de 2021, estava em R$ 564,97 bilhões. A maior participação no estoque da DPMFi ficou novamente com as instituições financeiras janeiro, com 28,76%, ante 29,45% em dezembro.

Na sequência, os fundos de investimento elevaram a participação de 23,97% para 24,30% de um mês para o outro. O grupo Previdência passou de 21,74% em dezembro para 21,82% em janeiro e as seguradoras passaram de 3,88% para 3,91% na mesma comparação.

Reserva de liquidez

A reserva de liquidez mantida pelo Tesouro Nacional para fazer frente aos vencimentos da DPF apresentou redução de 4,51% em janeiro. O chamado “colchão” da dívida passou de R$ 1,185 trilhão em dezembro para R$ 1,132 trilhão em janeiro.

Em relação a janeiro de 2021, quando somou R$ 805,68 bilhões, houve aumento de 40,56%.


Após Petz, Cobasi e Petlove devem ir às compras

O apetite da Petz em aquisições deve se refletir em reação das concorrentes nos próximos meses, com o mercado esperando movimentos de compras pela Cobasi – segunda maior rede do País – e da Petlove, a terceira colocada, mais conhecida pelo e-commerce.

A Petz se capitalizou com uma oferta subsequente de ações (follow-on) de R$ 779 milhões e já deu pistas de que suas próximas compras podem vir na área de saúde. Embora ainda não estejam presentes na Bolsa, Cobasi e Petlove têm recursos de aportes feitos por fundos de investimento privado em suas operações.

A área da saúde e bem estar animal devem motivar as três redes, seja pelo lançamento de serviços próprios ou por aquisição de negócios já em andamento.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, mesmo a Cobasi, que costuma ser mais discreta e empreende um crescimento mais paulatino, já formou um comitê destinado a avaliar as melhores oportunidades de aquisição.

Em meados do ano passado, depois de receber R$ 300 milhões do fundo Kinea, do Itaú Unibanco, o presidente da empresa, Paulo Nassar, disse que o dinheiro havia sido usado em expansão de lojas físicas, vendas digitais e na compra da Pet Anjo (que oferece serviços de hospedagem e de passeio para cães, anunciada em junho de 2021). “Novos M&As (fusões e aquisições, na sigla em inglês) devem acontecer. Estão na mesa no atual momento”, afirmou o executivo. A Cobasi se prepara para abrir até 50 novas lojas físicas este ano – os pontos de venda também são usados como minicentros de distribuição para as vendas feitas pela internet.

RECURSO DISPONÍVEL

A Petlove recebeu, em agosto do ano passado, uma injeção de capital de R$ 750 milhões, liderada pela Riverwood Capital, com participação da Softbank Latin America e da Monashees.

A companhia, fundada por Marcio Waldmann, está de olho no status de “unicórnio” (apelido dado às startups que valem mais de US$ 1 bilhão). A empresa comprou, em 2021, a DogHero, de serviços de passeadores e cuidadores de cães e gatos, e fechou parceria com a Porto Seguro para lançar seu plano de saúde para pets.

Apesar de estar capitalizada, a Petlove considera o cenário de inflação alta como um fator que pode reforçar a preferência por movimentos próprios de crescimento ao longo de 2022. A companhia faturou R$ 800 milhões em 2021, com projeção de chegar a R$ 1,1 bilhão neste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Dívida Pública Federal cresce 2,09% e fecha 2021 em R$ 5,613 trilhões

O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) subiu 2,09% em dezembro e fechou o ano de 2021 em R$ 5,613 trilhões. Os dados referentes a dezembro foram divulgados nesta quarta-feira pelo Tesouro Nacional. O resultado ficou dentro da meta do Tesouro para a evolução do estoque no ano passado, que ia de R$ 5,500 trilhões a R$ 5,800 trilhões.

Em novembro, o estoque estava em R$ 5,498 trilhões e, no fim de 2020, estava em R$ 5,009 trilhões. A correção de juros no estoque da DPF foi de R$ 46,92 bilhões no mês passado, enquanto houve uma emissão líquida de R$ 67,91 bilhões.

A DPF inclui a dívida interna e externa. A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) subiu 2,22% em dezembro e fechou o ano em R$ 5,348 trilhões.

Já a Dívida Pública Federal externa (DPFe) ficou 0,59% menor no mês, somando R$ 264,72 bilhões ao fim de 2021.

Participações

Após queda nos últimos anos, a fatia dos investidores estrangeiros na dívida pública aumentou em 2021. De acordo com dados divulgados pelo Tesouro Nacional, a participação dos investidores não residentes no Brasil no estoque da DPMFi passou de 9,24% no fim de 2020 para 10,56% no mês passado. Em novembro, estava em 10,52%.

O estoque de papéis nas mãos dos estrangeiros somou R$ 564,97 bilhões em dezembro. No fim de 2020, estava em R$ 440,52 bilhões. Na comparação com novembro, houve alta em relação ao saldo de R$ 550,54 bilhões.

A maior participação no estoque da DPMFi ficou novamente com as instituições financeiras em 2021, com 29,45% ao fim de dezembro, ante 29,03% em novembro. Na sequência, os fundos de investimento elevaram a participação de 23,82% para 23,97% de um mês para o outro.

O grupo Previdência passou de 22,31% em novembro para 21,74% em dezembro e as seguradoras passaram de 3,99% para 3,88% na mesma comparação.

Prefixados

A parcela de títulos prefixados na DPF subiu ligeiramente em dezembro, encerrando 2021 em 28,90%. Em novembro, estava em 28,89%. A participação de papéis prefixados ficou fora do intervalo das metas do Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2021, que ia de 31% a 35%.

Os papéis atrelados à Selic aumentaram a fatia em dezembro, de 36,69% para 36,83%. Os títulos remunerados pela inflação caíram para 29,30% do estoque da DPF em dezembro, ante 29,32% em novembro. Os papéis cambiais tiveram redução na participação na DPF de 5,10% em novembro para 4,96% em dezembro.

O intervalo do objetivo perseguido pelo Tesouro para os títulos remunerados pela Selic em 2021 ia de 33% a 37%. No caso dos que têm índices de preço como referência, a meta era de 26% a 30% e, no de câmbio, de 3% a 7%.

Doze meses a vencer

O Tesouro informou ainda que a parcela da DPF a vencer em 12 meses caiu de 21,31% em novembro para 21,02% em dezembro. O porcentual também ficou fora do intervalo do PAF 2021, que ia de 22% a 27%.

O prazo médio da dívida passou de 3,92 anos em novembro para 3,84 anos no mês passado. O resultado também não cumpriu as metas do PAF 2021, que iam de 3,40 anos a 3,80 anos.

O custo médio acumulado em 12 meses da DPF aumentou de 8,62% ao ano em novembro para 8,91% ao ano ao fim de 2021.


Governo tenta atrair investidor de fora para leilão de estradas federais

A meta do Ministério da Infraestrutura de realizar o leilão de 14 rodovias em 2022, ano eleitoral, enfrentará um desafio proporcional ao montante de investimentos que o governo quer contratar, que ultrapassa R$ 80 bilhões. A cifra expressiva coloca dúvidas sobre a capacidade da pasta de promover leilões concorridos, pois o mercado nacional é concentrado em poucos grupos. Entre eles, boa parte arrematou rodovias com alta necessidade de investimento nos últimos anos, o que limita um avanço agressivo nos próximos leilões.

Diante do cenário, o governo intensificou o esforço para que empresas e fundos estrangeiros entrem no mercado. O trabalho é reforçado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que quer consolidar um tipo de financiamento em 2022 para diversificar o perfil e a quantidade de interessados.

Entre os leilões programados pelo Ministério da Infraestrutura estão projetos de grande porte, como a administração da BR-381/262, entre Minas e Espírito Santo, conhecida como “Rodovia da Morte”, que vai cobrar um investimento de mais de R$ 7 bilhões. No Paraná, a concessão de seis lotes de rodovias é outro empreendimento que chama atenção no setor, com exigência de desembolso na casa de R$ 44 bilhões.

O governo reconhece o desafio. “Não vamos ver todo mundo entrando em todos os leilões”, afirmou ao Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) a secretária de Planejamento, Desenvolvimento e Parcerias do Ministério da Infraestrutura, Natália Marcassa.

Demandas

O governo entendeu melhor as demandas e temores de investidores estrangeiros em dois roadshows realizados no fim do ano passado, que cobriram Estados Unidos e países da Europa e do Oriente Médio. Segundo Marcassa, grande parte dos apontamentos já foram implantados pelo governo. Para reduzir a alta no preço dos insumos, por exemplo, o ministério estabeleceu uma cesta de índice de reajuste de contrato que reflete mais a inflação do setor.

Outro ponto é o financiamento dos projetos, discussão alinhada com o BNDES. O banco quer consolidar neste ano o chamado “project finance”, financiamento que pode ser acionado quando as garantias do empréstimo são sustentadas pelo próprio projeto. Hoje, geralmente, as garantias estão atreladas ao balanço das companhias, o que limita a capacidade de tomada de empréstimo pelas empresas.

A virada de chave, portanto, está amparada na consolidação de bons projetos de infraestrutura, capazes de suportar as próprias dívidas. Além de atrair empresas estrangeiras, esse tipo de projeto abre espaço para fundos de investimento e companhias nacionais de menor porte. No BNDES, a avaliação é de que os projetos que estão sendo colocados na praça, com o auxílio da estruturação do banco, comportam esse tipo de financiamento.


Nubank reduz preço de ação para viabilizar abertura de capital em NY

Nem o celebrado Nubank conseguiu sobreviver à desconfiança do mercado financeiro em relação ao Brasil e às fintechs. O banco digital brasileiro teve de reduzir o preço-alvo de suas ações de um intervalo entre US$ 10 e US$ 11 para algo entre US$ 8 e US$ 9, na tentativa de viabilizar sua abertura de capital na semana que vem, na Bolsa de Nova York (Nyse).

A fintech, fundada em 2013 pelo colombiano David Vélez, a brasileira Cristina Junqueira e o americano Edward Wible, agora prevê arrecadar US$ 2,8 bilhões com sua estreia na Nyse (haverá, simultaneamente, papéis negociados também na B3, a Bolsa paulista, direcionada especialmente a clientes pessoa física do banco). Anteriormente, a ideia do Nubank era arrecadar até US$ 4 bilhões.

O banco também anunciou, ontem, que fundos de investimento já concordaram em ancorar a operação, com uma demanda de US$ 1,3 bilhão. Essa busca por investidores “âncora” para garantir a viabilidade do IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) já vinha sendo ventilada ao mercado financeiro desde a semana passada, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

A avaliação do Nubank já vinha sendo questionada por analistas de mercado. Os executivos ambicionavam que o banco digital fosse avaliado em US$ 70 bilhões, mais que Bradesco e Itaú Unibanco somados. O valor depois foi reduzido a cerca de US$ 50 bilhões. Agora, segundo informações de mercado, o valor total da instituição deve ficar em cerca de US$ 41,7 bilhões.

CONTEXTO RUIM

Desde que a oferta foi oficialmente lançada, as condições de mercado ficaram consideravelmente menos favoráveis para fintechs e empresas de tecnologia. No período, a indiana Paytm captou US$ 2,5 bilhões, em uma abertura de capital na Bolsa da Índia, e viu seus papéis derreterem nos dias seguintes. A brasileira Stone, listada na Nasdaq e que vem de dois resultados que decepcionaram analistas, cai 80% no ano, e 52% apenas em novembro.

Há algumas explicações para o ambiente menos favorável. A primeira, macroeconômica, é a perspectiva de alta dos juros nos principais mercados globais, inclusive nos Estados Unidos.

Com o dinheiro mais caro, empresas que precisam buscar recursos com frequência para manter seu crescimento tendem a ter os modelos de negócio colocados em xeque, em movimento já visto no começo do século, no estouro da bolha das pontocom.

Também existem dúvidas sobre os modelos de concessão de crédito de bancos digitais e fintechs. No caso do Nubank, a inadimplência de seu principal produto, o cartão de crédito, é de 3,3%, abaixo da média nacional (4,8%).

Mas problemas como os da concorrente Stone com financiamentos acenderam um alerta entre investidores, analistas e gestores. Tudo isso em um momento de temores com os estragos que a variante Ômicron do coronavírus pode causar na economia global.

SUPERVALORIZADO

Nas últimas semanas, muitas casas de análise se debruçaram sobre os dados do Nubank e chegaram à conclusão de que o preço pedido pela fintech por suas ações estava alto demais. Mesmo com o alto crescimento das receitas e da base de clientes, a percepção foi de que por ainda dar prejuízo (de US$ 99 milhões de janeiro a setembro), o Nubank tende a sofrer mais em um ambiente de alta de juros.

A Suno Research, por exemplo, considerou que, mesmo com preços menores, em termos relativos, do que os de outras fintechs internacionais, o Nubank estava caro. “O Nubank apresenta uma precificação em linha com o que o mercado internacional está pagando aos maiores bancos digitais, mas não é porque o mercado está pagando que nós iremos pagar”, afirmou a Suno.

A Nord chegou a uma conclusão parecida e afirmou que investir na XP ou no BTG Pactual, que já são listados e têm lucros altos, é mais negócio para quem quer se beneficiar da maior competição no setor financeiro do País. Para justificar o antigo valor, a casa calculou que a fintech teria de lucrar US$ 3,3 bilhões, número alto até mesmo para grandes bancos locais e muito longe da realidade dos competidores do mundo digital.

Outros gestores consultados pelo Estadão/Broadcast nos últimos dias fizeram afirmações semelhantes: para uma empresa que ainda não dá lucro, os valores estabelecidos inicialmente eram altos demais. “Pelas métricas tradicionais, está muito caro. Mesmo comparando com o Mercado Livre (referência em Nova York para empresas de tecnologia da América Latina), o preço está alto”, disse um deles.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.