A expectativa era alta na última sexta-feira, 11, pelos resultados do Softbank, grupo japonês que é um dos maiores investidores em tecnologia do mundo e que vinha enfrentando perdas bilionárias, corte de gastos e saídas de executivos. Mas, após prejuízo de US$ 23 bilhões entre maio e julho, a empresa voltou a dar lucro, embora seus fundos ainda tenham registrado uma perda de investimento de US$ 9,8 bilhões no trimestre encerrado em setembro – o que mantém a direção da gestora com o pé firme no freio para novas apostas, incluindo na América Latina.
Entre julho e setembro, o Softbank investiu apenas US$ 250 milhões na América Latina, queda de 90% ante os US$ 2,33 bilhões do mesmo período de 2021. Na equipe, os relatos são de que houve corte de 20% dos funcionários na região. Do portfólio da gestora japonesa, 5% estão na América Latina.
“Para novos investimentos, seremos mais seletivos”, disse o fundador do Softbank, Masayoshi Son, em videoconferência sobre o balanço na sexta-feira, diretamente de Tóquio. O executivo ressaltou que o Softbank sofreu, mas que esse movimento ocorreu em toda a indústria de investimentos. “Temos de estar em modo defensivo.”
O cenário na economia mundial foi desafiador em 2022, com inflação e guerra na Ucrânia, além de elevação dos juros, disse Son. Esse ambiente está afetando o desempenho das empresas de tecnologia que prometiam forte crescimento, e suas ações despencaram no mercado. Isso provocou perdas para o Softbank nos últimos três trimestres, levando o fundo a fazer ajustes mundiais, com cortes de custos. No mundo, o fundo japonês tem comprometido um total de US$ 162,2 bilhões em investimentos em mais de 470 empresas.
Balanço
Entre julho e setembro, o lucro líquido do Softbak foi de US$ 21 bilhões. O ganho veio da venda de papéis da gigante chinesa Alibaba, que o Softbank vem fazendo nos últimos meses para reduzir sua fatia na varejista – de 24% para 15%. Só no terceiro trimestre, o ganho com essa operação foi de cerca de US$ 30 bilhões.
Na América Latina, o Softbank fechou setembro com US$ 7,6 bilhões investidos, com um total de 104 investimentos, em dois fundos, um lançado em 2019 e o outro, em 2021. Entre as apostas na região, estão nomes como Nubank, Creditas, Banco Inter, Buser e QuintoAndar. Ao todo, o valor de mercado dessas companhias na região chega a US$ 6,8 bilhões.
Além dos resultados trimestrais, a videoconferência realizada por Son, fundador do Sotfbank, trouxe como grande novidade a informação de que ele vai deixar as operações diárias do fundo.
Com a saída, ele vai passar a se dedicar à operação da fabricante inglesa de chips Arm, que planeja uma abertura de capital. “Nos próximos anos, gostaria de me dedicar à próxima fase de crescimento explosivo da Arm”, disse Son. “Esta é minha última vez sentado nesta cadeira.”
Antes de apresentar os resultados do Softbank, Son começou sua apresentação desmentindo rumores de que está doente e de que iria se aposentar. “Estou em boa forma, com saúde e cheio de energia”, afirmou o executivo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.