Resultados da pesquisa por “liderança

Eleição nos EUA testa combate à recessão

A menos de uma semana das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, a principal preocupação de Wall Street é quanto a impactos na agenda do governo de Joe Biden em meio aos temores de recessão na maior economia do mundo. Na visão de analistas, uma mudança no comando do Congresso, hoje sob o controle dos democratas, ainda que parcial, poderia dificultar as respostas da sua gestão no combate à inflação e do lado fiscal e ainda comprometer avanços climáticos, uma de suas prioridades, enquanto o resultado do pleito deve ajudar a pavimentar a disputa à Casa Branca em 2024.

Recentes pesquisas de opinião sugerem a possibilidade de uma “red wave”, ou seja, uma onda vermelha (a cor do partido Republicano) na Câmara e no Senado, repetindo os feitos de 1994 e 2010, no dia 8 de novembro. Para o Senado, há disputas-chave nos Estados de Arizona, Nevada, Pensilvânia e Georgia, mostrou pesquisa do The New York Times e Siena College. No mercado, a expectativa é de que ao menos uma das casas, ou a Câmara dos Representantes ou o Senado, mude de mãos.

Para a canadense ANZ Research, há 55% de chances de o Congresso passar a ser controlado pelos republicanos. Já a possibilidade de o Capitólio ficar com o comando dividido, afirma, é de 41%, com os democratas permanecendo à frente do Senado e a oposição assumindo a liderança da Câmara dos Representantes.

Dessa vez, os norte-americanos vão votar para escolher 435 deputados e 35 de um total de 100 senadores, além de alguns governos estaduais e outros cargos municipais e estaduais. Das vagas para o Senado, os republicanos têm 21; e os democratas, 14. As eleições ocorrem a cada seis anos, de forma escalonada, ou seja, um terço dos assentos é renovado a cada dois anos. Já na Câmara dos Representantes, o prazo é fixo e os mandatos duram apenas dois anos.

Para Andra Gillespie, professora associada de ciências políticas da Universidade Emory, nos EUA, uma mudança no poder do Congresso norte-americano pode paralisar parte da agenda de Biden uma vez que os republicanos tendem a adotar uma postura mais resistente. “Mesmo com o controle do Congresso, o governo Biden teve dificuldade para aprovar partes de sua agenda legislativa… Há muita diversidade dentro da coalizão democrata, e muito desacordo sobre quais são os compromissos aceitáveis e a direção de certos atos”, avalia.

Em Wall Street, a leitura indica que a alta da inflação nos EUA fará com que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) suba novamente os juros e os mantenha em um patamar elevado por mais tempo. Com um processo de aperto monetário, os riscos de que a economia dos EUA fará um pouso forçado se sobrepõem às chances de uma aterrissagem suave.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Mark Zuckerberg investe na carioca Beep Saúde, conhecida como ‘Uber das vacinas’

A startup carioca Beep Saúde, que faz aplicação de vacinas e realiza exames laboratoriais em domicílio, anuncia nesta quinta-feira, 3, que recebeu um aporte liderado pela Chan Zuckerberg Initiative (CZI), empresa de investimento de impacto social de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, e sua esposa, Priscilla Chan. DNA Capital, Bradesco, Endeavor Catalyst, e David Velez (fundador do Nubank), que já haviam investido anteriormente na companhia em rodadas anteriores, voltaram a aportar no negócio.

O valor do negócio não foi revelado pela companhia, que tenta ser discreta diante do atual cenário de austeridade para as startups. A fuga do capital de risco resultou em 2022 não apenas em demissões em massa, mas tornaram raras as histórias de grandes aportes no País. “A divulgação do valor poderia transmitir a ideia de que temos dinheiro em abundância ao mesmo tempo que, internamente, nosso discurso é de máxima eficiência”, explica ao Estadão Vander Corteze, fundador da companhia.

Ainda que não tenha uma cifra para ostentar, a Beep chama atenção com o novo investidor internacional. A healthtech é o primeiro investimento da CZI em saúde no mundo – embora Priscilla seja pediatra, a firma tradicionalmente foca em startups de educação. Em fevereiro de 2021, a CZI liderou a rodada de US$ 84,5 milhões na Descomplica, primeiro incursão da companhia no Brasil.

“Nosso time está bastante empolgado com o potencial da Beep de usar tecnologia para expandir de maneira equitativa acesso à saúde de alta qualidade, o que é consistente com a missão do CZI de construir um futuro mais inclusivo, justo e saudável para todos”, Vivian Wu, sócia administradora de investimentos do CZI.

As conversas entre a Beep e a CZI tiveram início no começo do ano – a ponte foi feita pelos outros investidores da empresa brasileira. “As primeiras conversas carregavam muito da euforia de 2021, que ignoravam equilíbrio de caixa e focavam em crescimento. Isso precisou mudar”, conta Corteze. Assim, a Beep fala em atingir break even (ou seja, deixará de operar no vermelho) no primeiro semestre de 2023.

Segundo o executivo, isso foi fundamental para que a CZI decidisse pelo investimento – ele também revela que o aporte foi do tipo up round (ou seja, corrigiu para cima o valor de mercado da companhia). Em abril de 2021, quando a companhia recebeu um aporte de R$ 110 milhões, a Beep estava avaliada em R$ 670 milhões – o valor atual também não foi revelado.

‘Amazon’ da saúde

Embora a Beep leve a fama de “Uber das vacinas”, Corteze prefere se afastar da comparação. “A ideia do Uber está muito ligada à gig economy, com o trabalho de parceiros. Os nossos funcionários são todos CLT”, argumenta. Ele prefere mirar em outra gigante tecnológica. “Queremos ser `a loja de tudo no universo da saúde’, assim como é a Amazon no comércio eletrônico”, diz.

A comparação faz sentido. A Beep Saúde clínicas licenciadas que funcionam como hubs que dão suporte à operação – assim como os centros de distribuição da varejista americana. São desses locais que sai uma dupla de enfermeiro e motorista para atender ao pedido feito via app. De fato, o cuidado com essa divisão da companhia faz lembrar a gigante fundada por Jeff Bezos. Durante 2022, a Beep fez ajustes no braço logístico, principalmente na otimização de rotas, o que permitiu aumentar as margens em 20% – o movimento ajudou a convencer os investidores a fazer o novo cheque. A projeção de faturamento para 2023 é de R$ 250 milhões.

Antes de se tornar a loja de tudo para saúde, a Beep planeja usar o investimento em duas frentes. A primeira é consolidar a sua atuação como serviço de vacinas – a companhia está em 150 municípios de seis Estados (SP, RJ, ES, MG, PR e DF) do País.

A segunda frente é crescer o braço de exames laboratoriais em domicílio, lançado depois do aporte de 2021. “Em nosso último aporte, ‘compramos’ a entrada para a festa. Agora, queremos marcar presença”, explica Corteze. Parte desse desafio é aumentar a cobertura de planos de saúde para o serviço. Atualmente, a companhia já faz parte de 40 planos de saúde, que abrangem 5 milhões de pessoas. “Queremos consolidar a liderança em medicina diagnóstica. E, no futuro, ofertar novos serviços, como infusão de medicamentos, delivery de remédios, saúde ocular e telemedicina”, diz.


Mark Zuckerberg investe na carioca Beep Saúde, conhecida como ‘Uber da

A startup carioca Beep Saúde, que faz aplicação de vacinas e realiza exames laboratoriais em domicílio, anuncia nesta quinta-feira, 3, que recebeu um aporte liderado pela Chan Zuckerberg Initiative (CZI), empresa de investimento de impacto social de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, e sua esposa, Priscilla Chan. DNA Capital, Bradesco, Endeavor Catalyst, e David Velez (fundador do Nubank), que já haviam investido anteriormente na companhia em rodadas anteriores, voltaram a aportar no negócio.

O valor do negócio não foi revelado pela companhia, que tenta ser discreta diante do atual cenário de austeridade para as startups. A fuga do capital de risco resultou em 2022 não apenas em demissões em massa, mas tornaram raras as histórias de grandes aportes no País. “A divulgação do valor poderia transmitir a ideia de que temos dinheiro em abundância ao mesmo tempo que, internamente, nosso discurso é de máxima eficiência”, explica ao Estadão Vander Corteze, fundador da companhia.

Ainda que não tenha uma cifra para ostentar, a Beep chama atenção com o novo investidor internacional. A healthtech é o primeiro investimento da CZI em saúde no mundo – embora Priscilla seja pediatra, a firma tradicionalmente foca em startups de educação. Em fevereiro de 2021, a CZI liderou a rodada de US$ 84,5 milhões na Descomplica, primeiro incursão da companhia no Brasil.

“Nosso time está bastante empolgado com o potencial da Beep de usar tecnologia para expandir de maneira equitativa acesso à saúde de alta qualidade, o que é consistente com a missão do CZI de construir um futuro mais inclusivo, justo e saudável para todos”, Vivian Wu, sócia administradora de investimentos do CZI.

As conversas entre a Beep e a CZI tiveram início no começo do ano – a ponte foi feita pelos outros investidores da empresa brasileira. “As primeiras conversas carregavam muito da euforia de 2021, que ignoravam equilíbrio de caixa e focavam em crescimento. Isso precisou mudar”, conta Corteze. Assim, a Beep fala em atingir break even (ou seja, deixará de operar no vermelho) no primeiro semestre de 2023.

Segundo o executivo, isso foi fundamental para que a CZI decidisse pelo investimento – ele também revela que o aporte foi do tipo up round (ou seja, corrigiu para cima o valor de mercado da companhia). Em abril de 2021, quando a companhia recebeu um aporte de R$ 110 milhões, a Beep estava avaliada em R$ 670 milhões – o valor atual também não foi revelado.

‘Amazon’ da saúde

Embora a Beep leve a fama de “Uber das vacinas”, Corteze prefere se afastar da comparação. “A ideia do Uber está muito ligada à gig economy, com o trabalho de parceiros. Os nossos funcionários são todos CLT”, argumenta. Ele prefere mirar em outra gigante tecnológica. “Queremos ser `a loja de tudo no universo da saúde’, assim como é a Amazon no comércio eletrônico”, diz.

A comparação faz sentido. A Beep Saúde clínicas licenciadas que funcionam como hubs que dão suporte à operação – assim como os centros de distribuição da varejista americana. São desses locais que sai uma dupla de enfermeiro e motorista para atender ao pedido feito via app. De fato, o cuidado com essa divisão da companhia faz lembrar a gigante fundada por Jeff Bezos. Durante 2022, a Beep fez ajustes no braço logístico, principalmente na otimização de rotas, o que permitiu aumentar as margens em 20% – o movimento ajudou a convencer os investidores a fazer o novo cheque. A projeção de faturamento para 2023 é de R$ 250 milhões.

Antes de se tornar a loja de tudo para saúde, a Beep planeja usar o investimento em duas frentes. A primeira é consolidar a sua atuação como serviço de vacinas – a companhia está em 150 municípios de seis Estados (SP, RJ, ES, MG, PR e DF) do País.

A segunda frente é crescer o braço de exames laboratoriais em domicílio, lançado depois do aporte de 2021. “Em nosso último aporte, ‘compramos’ a entrada para a festa. Agora, queremos marcar presença”, explica Corteze. Parte desse desafio é aumentar a cobertura de planos de saúde para o serviço. Atualmente, a companhia já faz parte de 40 planos de saúde, que abrangem 5 milhões de pessoas. “Queremos consolidar a liderança em medicina diagnóstica. E, no futuro, ofertar novos serviços, como infusão de medicamentos, delivery de remédios, saúde ocular e telemedicina”, diz.


Stone: Thiago Piau deixa cargo de CEO; Pedro Zinner assume

A Stone, empresa de maquininhas de cartões, anunciou mudanças em seu comando. O atual CEO, Thiago Piau, deixa cargo e vai para o Conselho de Administração. O novo CEO da companhia de meios de pagamentos será Pedro Zinner, que atualmente está no Conselho, e era o presidente da Eneva até esta semana.

Haverá um período de transição para a troca de comando da Stone. Zinner começará até 31 de março de 2023, segundo comunicado da Stone. “Zinner contribuirá com sua vasta experiência em estratégia, liderança e finanças adquirida à frente de companhias como BG Group, Vale e Eneva, ressalta o comunicado. O executivo anunciou esta semana que estava renunciando ao cargo de diretor presidente da Eneva, após seis anos na posição, para “novos desafios”.

Já Piau é sócio da Stone desde 2013 e ocupava o cargo de CEO desde o final de 2017. Em sua gestão, o executivo participou da aquisição da Linx, em um negócio de mais de R$ 6 bilhões, anunciada no final de 2020. “Nos cinco anos sob sua liderança, a companhia expandiu sua base de clientes de 103 mil para mais de 2 milhões, cresceu receita mais de doze vezes”, ressalta o texto, destacando faturamento de R$ 9,2 bilhões no segundo trimestre de 2022.

O executivo também passou por um momento complicado da empresa, em meados de 2021, por problemas enfrentados pelo novo sistema de registro de recebíveis. Teve prejuízo de R$ 150 milhões no segundo trimestre do ano passado e viu suas ações despencarem 90%, ajudadas também pela alta de juros no mundo, que afetou empresas de tecnologia. Após mudanças internas e novo foco no crédito, a empresa voltou a dar lucro.

“Acredito que a Stone está bem posicionada para entregar excelentes resultados e Pedro vai ajudar o time a construir sonhos cada vez maiores. Como sócio, continuarei comprometido com a Stone e estou animado para ajudá-lo nessa nova etapa”, afirma Piau em nota à imprensa.

A ação da Stone subiu 14% hoje na Nasdaq, mas acumula perda de 29% em 2022. Em 12 meses, recua 62%.


Pimenta diz que PEC da transição será apresentada na terça, após reunião com Lula

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou nesta quinta-feira (3) que a PEC da transição será apresentada na terça-feira, dia 8, após a ideia ser discutida com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em reunião na segunda-feira, em São Paulo.

“Tudo será submetido ao presidente Lula na segunda-feira. Depois de aprovada pelo presidente Lula a nossa proposta, apresentaremos”, declarou Pimenta a jornalistas após participar de reunião com o relator-geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), junto ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), coordenador do processo de transição, e outros petistas.

Lula está em Trancoso (BA) para dias de descanso após a campanha com sua esposa, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja.

Paulo Pimenta reforçou a declaração de Alckmin de que ainda não houve discussão sobre valores da PEC. “A PEC da transição é uma imposição natural do resultado da eleição”, afirmou o parlamentar. “Tudo o que estamos discutindo só será possível mediante aprovação do Congresso”, acrescentou, destacando que o governo eleito vai procurar ainda hoje o presidente da Comissão Mista do Orçamento (CMO), deputado Celso Sabino (União-PA).

O deputado rejeitou ainda que a reunião com Castro tenha tratado sobre a revisão da tabela do Imposto de Renda, uma promessa de campanha de Lula.

Reunião com Pacheco

Está prevista para a próxima terça-feira a primeira conversa da equipe de transição do novo governo com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A agenda ainda não está confirmada oficialmente.

Inicialmente, o encontro foi divulgado na manhã desta quinta pela equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e estava previsto para ocorrer logo após a reunião com o relator do Orçamento, Marcelo Castro. Mas Pacheco não apareceu no Senado até a publicação desta matéria.

Liderada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, a equipe de transição de Lula almoçou na liderança do PT no Senado. Também participaram da conversa com Castro a presidente do PT Gleisi Hoffmann, o ex-ministro Aloizio Mercadante, e o senador eleito Wellington Dias (PI), além de parlamentares petistas: os senadores Jean Paul Prates (RN), Paulo Rocha (PA) e Confúcio Moura (RO), além dos deputados Rui Falcão (SP), Reginaldo Lopes (MG), Enio Verri (PR) e Paulo Pimenta (RS).

Revisão do IRPF

O coordenador da bancada do PT na Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Ênio Verri (PR), confirmou que a revisão da tabela do Imposto de Renda de Pessoas Físicas (IRPF) não deve entrar no pacote de transição anunciado nesta quinta pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. “Mexer no Imposto de Renda não dá tempo, vai ficar para o próximo ano”, afirmou o parlamentar.

De acordo com o princípio da anualidade, a revisão da tabela do IR – uma das promessas da campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva – precisaria ser aprovada até o próximo mês para que pudesse ser aplicada à renda obtida em 2023.


Relator cita orçamento ‘mais restritivo da história’ antes de reunião com Alckmin

O relator-geral do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), afirmou nesta quinta-feira, 3, que a peça orçamentária do ano que vem é a “mais restritiva da história”. A declaração foi dada nesta quinta-feira no Senado, antes de uma reunião com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), que vai coordenar a transição de governo, com o senador eleito Wellington Dias (PT-PI) e com o ex-ministro Aloizio Mercadante.

“Todos nós sabemos que este é o Orçamento mais restritivo da história. O orçamento veio com alguns furos, algumas deficiências. Como, por exemplo, a não correção da merenda escolar, não tem recursos para a Farmácia Popular, foram cortados os recursos da saúde indígena, das vacinas. Então, é um orçamento que já é deficitário por si próprio”, afirmou Castro, a jornalistas, ao chegar para a reunião com a equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O relator ressaltou que o Orçamento não cabe no teto de gastos – a regra que limita o crescimento das despesas do governo à inflação, repetiu que o custo do Auxílio Brasil de R$ 600 deve ser de R$ 70 bilhões. Castro disse que o novo governo encontrará boa vontade do Congresso, mas precisa explicar como pretende atender às demandas de Lula, ou seja, de onde tirar recursos. O senador também afirmou que vai levar as propostas do novo governo para discussão na Comissão Mista de Orçamento (CMO) e para as lideranças partidárias.

O prazo, segundo ele, está “muito exíguo, apertadíssimo”, já que o Orçamento precisa ser aprovado até 17 de dezembro. A peça orçamentária foi enviada pelo atual governo e precisa ser modificada para atender as promessas do presidente eleito.

O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB-SP), a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, e o ex-ministro Aloizio Mercadante já chegaram ao Senado para se reunir com Marcelo Castro. Os representantes do novo governo não se pronunciaram na chegada.

A equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, coordenada por Alckmin, dá início nesta quinta ao processo de transição de governo. O senador eleito Wellington Dias também participará do encontro. Dias foi escolhido para liderar as tratativas sobre o Orçamento. Mercadante, por sua vez, coordenou o programa de governo de Lula. Ele chegou a ser questionado pela imprensa sobre a possibilidade de Henrique Meirelles ser o ministro da Fazenda no novo governo, mas não respondeu. Meirelles já foi presidente do Banco Central durante os dois mandatos de Lula e ministro da Fazenda no governo Temer.

A lista enviada a Castro inicialmente continha oito nomes – todos da área política. Posteriormente, Alckmin foi adicionado e, agora, também Gleisi. Às 11h30, está prevista uma entrevista coletiva com o relator, Alckmin e Wellington Dias para comentar como foi a reunião.

Também está previsto que participam do encontro os senadores Paulo Rocha (PT-PA), Jean Paul Prates (PT-RN) e Fabiano Contarato (PT-ES); e os deputados Reginaldo Lopes (PT-MG), Enio Verri (PT-PR), Rui Falcão (PT-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS).

Na manhã da segunda-feira, algumas horas depois de Lula ser eleito, Wellington Dias telefonou para Castro para pedir o encontro. A celeridade com que o contato foi feito demonstra que o Orçamento do próximo ano é uma das prioridades do novo governo.


Mínimo subirá de 1,3% a 1,4% acima da inflação em 2023, afirma Wellington Dias

Cotado para comandar o Ministério da Fazenda no terceiro governo Lula, o senador eleito Wellington Dias, ex-governador do Piauí, antecipou que o ganho real do salário mínimo em 2023 deverá ficar entre 1,3% e 1,4% acima da inflação de 2022. Essa alta segue a regra que o governo quer aprovar no Congresso de correção anual do salário mínimo com base na média do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos cinco anos.

“Há esse compromisso de no primeiro ano implementar a regra (para o salário mínimo) da média do PIB (Produto Interno Bruto, referência para o crescimento da economia) dos últimos cinco anos. Como houve queda, provavelmente vai ficar num patamar de 1,3%, 1,4% de ganho real no primeiro ano”, disse Dias em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews.

Como mostrou o Estadão há 15 dias, a proposta da campanha de Lula seria de ganho real de 1,3% da renda do trabalhador em 2023. O custo adicional seria de cerca de R$ 6,2 bilhões.

Hoje, o valor do salário mínimo está em R$ 1.212. No projeto de Orçamento, o salário mínimo previsto a partir de janeiro de 2023 é estipulado em R$ 1.302, com base na correção apenas da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Mas o valor pode ser mais baixo, se no fechamento do ano o INPC for menor do que previu o Ministério da Economia poucas semanas depois do envio do projeto de Orçamento ao Congresso, no final de agosto.

Se o aumento real fosse dado a partir da previsão de salário mínimo enviada ao Congresso, o piso subiria para cerca de R$ 1.320, pelos cálculos do economista Manoel Pires, coordenador do Observatório Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Ele pondera que a previsão deve ser revista, já que a inflação deste ano deve ficar menor.

Segundo Dias, escalado por Lula para negociar a votação da lei orçamentária de 2023 com o relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI), a medida precisará constar do Orçamento do próximo ano. O ex-governador se reúne hoje com o relator para iniciar as negociações do Orçamento. Ao seu lado, estará o coordenador do governo de transição e vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin.

Impacto nas contas

A fala de Dias sugere que o aumento real do salário mínimo começará já no início do ano. Para cada R$ 1 de aumento, são mais R$ 388 milhões de impacto nas contas do governo. É que boa parte das despesas, principalmente da Previdência, é vinculada ao valor do salário mínimo.

A correção do mínimo virou assunto de campanha e é tema sensível. Na véspera da eleição em segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro propôs um aumento do salário mínimo para R$ 1.400, proposta que teria custo em torno de R$ 42 bilhões, segundo o Observatório Fiscal do Ibre/FGV. Foi uma tentativa de contrapor a informação de que a equipe econômica do presidente tinha estudos para corrigir o piso com base na expectativa futura de inflação, e não mais com o índice do ano anterior.

‘Auxílio a R$ 600 em 2023 requer PEC agora’

Dias sinalizou a necessidade de aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para garantir a continuidade do Auxílio Brasil a R$ 600 a partir de 1.º de janeiro.

Cotado para ministro da Fazenda ou da Casa Civil, Dias falou que Lula vai adotar medidas corajosas, “queimando inclusive o capital político que tem”, para fazer o que precisa ser feito para o povo.

Ao falar da necessidade de entendimento com o presidente da Câmara e o do Senado e lideranças políticas para o ajuste do Orçamento do ano que vem, Dias disse que o objetivo é garantir continuidade para o Auxílio Brasil. “Os R$ 600 seguem em condições de pagamento a partir de 1.º de janeiro. Não haverá descontinuidade. O que é que precisa? Uma PEC, a necessidade de constar no Orçamento, é isso que vamos garantir”, disse em entrevista ao programa Estúdio i, da Globo News.

A definição sobre a necessidade de aprovação de uma PEC até o final do ano é sensível nesse momento de discussão do Orçamento de 2023 e dependerá da capacidade de negociação do governo de transição com o comando do atual Congresso, sobretudo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

A PEC é necessária porque o teto de gastos (regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação) ainda está em vigor e o custo do auxílio de R$ 600 não cabe no Orçamento.

Uma das possibilidades em estudo é a aprovação de uma PEC autorizando medida provisória com crédito extraordinário, como foi feito com a PEC Kamikaze aprovada este ano para aumentar de forma temporária de R$ 400 para R$ 600 o valor do Auxílio Brasil até 31 de dezembro.

Outra possibilidade em análise é começar a pagar o auxílio de R$ 600 usando os recursos orçamentários já previstos no projeto de Orçamento para um benefício de R$ 405 e esperar depois para fazer uma negociação mais ampla. Para isso, especialistas do PT analisam a viabilidade jurídica sem infringir a legislação fiscal.

No Congresso, a conta que está circulando é que a “licença para gastar” em 2023 deve ficar em torno de R$ 160 bilhões. A conta inclui novas despesas, como a manutenção do Auxílio em R$ 600 e a atualização da tabela do SUS, e renúncias de receitas, como a correção da tabela do Imposto de Renda.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Bloqueio de estradas já causa falta pontual de combustível no Sul e Centro-Oeste

Um dos itens mais sensíveis ao bloqueio de rodovias federais, os combustíveis, já começaram a faltar em postos de cidades do Sul e Centro-Oeste do País, segundo entidades que representam varejistas do setor. A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) diz se tratar de focos de desabastecimento pontuais e nega o risco iminente de uma crise de nível nacional.

Desde domingo à noite, bolsonaristas protestam contra o resultado das eleições e fecharam centenas de rodovias federais, travando a livre circulação de pessoas, bens e serviços.

“Até aqui, são casos pontuais de falta de combustíveis. O que está nos chamando atenção é uma parte do estado de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. Essas regiões concentram os bloqueios que estão afetando o transporte rodoviário de combustível”, diz o presidente da Fecombustíveis, James Thorp.

Segundo o executivo, ainda não há desabastecimento, situação em que nenhum posto de uma cidade tem combustível para venda, mas há preocupação crescente. Ele avalia que, embora haja movimentações de bloqueios desde domingo à noite, na segunda-feira foi o primeiro dia efetivo de dificuldades ao transporte de cargas de combustíveis nas estradas.

O primeiro Estado a registrar falta pontual de produto foi Santa Catarina. No fim da tarde de segunda-feira, 31, postos do município de Joinville (SC) já não tinham mais produto para vender, informou o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Santa Catarina (Sindipetro). Houve corrida para encher os tanques, com filas de carros pelas ruas e aumento de preço onde ainda havia insumo.

No Centro-Oeste, há problemas no Distrito Federal e Goiânia. Segundo o presidente do Sindicombustíveis-DF, Paulo Tavares, o bloqueio total ou parcial das vias de acesso à Brasília, já prejudica caminhões que transportam para a região o etanol anidro, insumo que responde por 27% da mistura da gasolina comum. Por essa razão, as distribuidoras impuseram, desde segunda-feira à noite, quotas diárias para entrega de combustível por revendedores.

“Cremos que os estoques possam durar por até 7 dias, mas é preciso confirmar com as distribuidoras. Postos do entorno (do DF), que recebem combustível de Goiânia, já estão sem produto devido aos bloqueios”, informou Tavares por meio de nota.

Durante a greve dos caminhoneiros de 2018, que tinha como foco o aumento do preço do diesel e mudanças na tabela de frete, começou a faltar combustível em postos de todo o país a partir do quarto dia efetivo de bloqueios, em 24 de maio. Um dia depois, passou a faltar combustível de aviação em 11 aeroportos, incluindo o de Brasília, e outros dois, Confins (MG) e Rio Grande do Sul entraram em estado crítico. Dois dias depois, em 27 de maio, o então governo Michel Temer (MDB) fechou um acordo com os caminhoneiros que, além de outras concessões, incluiu redução no preço do diesel de R$ 0,46 por litro. Desta vez, lideranças de movimentos de caminhoneiros já descartaram envolvimento com as mobilizações.

Em nota, a Fecombustíveis afirma que “o direito à manifestação não pode estar à frente do bom senso, podendo causar prejuízos à economia do país e à liberdade de ir e vir dos cidadãos que estão em trânsito”. O Sindicombustíveis-DF diz esperar que “manifestações de cunho político provocadas por uma minoria”, possam terminar com brevidade para evitar transtornos a toda população.