Análise e Opinião

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Paradoxos da Inflação

Por
Thiago Goulart

Já há algum tempo que convivemos com a inflação, ou seja, o aumento generalizado do preço de produtos e serviços, fazendo com que as pessoas percam o seu poder de compra. Por outro lado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – índice oficial que marca a inflação no Brasil – deverá ter uma deflação de até 1%, influenciada pelas medidas do governo, com respaldo do Congresso nacional.

Em linhas gerais, deflação é a queda generalizada dos preços de bens e serviços. Uma das principais causas é o excesso de oferta frente à demanda, o que causa a diminuição dos preços para estimular o consumo. Contudo, este não é o caso do que está ocorrendo por aqui. Daí o paradoxo da inflação.

Os motivos para a queda são as desonerações de impostos sobre combustíveis, energia e telecomunicações aprovadas pelo Congresso, cujas consequências já estão sendo sentidas a partir da forte queda nos preços de gasolina, etanol, energia elétrica residencial, entre outros itens essenciais, já neste mês julho.

Apesar disso, a situação é anômala, uma vez que os bancos centrais devem seguir tão ou mais pressionados a elevar os juros, independentemente de a inflação subir ou ceder mais do que o previsto pelos analistas.

Depois de acelerar em junho e registrar uma alta de 0,67% a inflação dará uma trégua neste mês e, provavelmente, em agosto. As estimativas do mercado variam de uma deflação de 0,40% até 0,92% para o IPCA de julho. Por outro lado, o alívio será considerado apenas passageiro, já que a redução de alguns tributos, como Pis/cofins, é válida apenas até o fim deste ano.

Vale destacar que os preços de serviços vêm subindo aceleradamente com aceleração da economia e a recuperação mais forte do mercado de trabalho. Além disso, há o impacto da inércia inflacionária, visto que a taxa acumulada em 12 meses do IPCA vem rodando acima de dois dígitos há quase um ano, pressionando os reajustes salariais e outros preços com algum mecanismo de indexação.

A deflação é uma ajuda no curto prazo, porém às custas de uma piora fiscal significativa e de uma piora da inflação no ano que vem. Caminhamos para um IPCA próximo de 8,0% em 2022, mas com 5,4% no ano que vem, ou seja, ainda acima do teto da meta.

Este artigo tem como objetivo democratizar o acesso à educação financeira via Thiago Goulart, Editor da Vai Investir e Analista de conteúdo da Valor Investimentos.

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