Análise e Opinião

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Reação do mercado pós-eleição

Por
Flavio Mattedi

3 assuntos concomitantes movimentaram o mercado na semana pós-eleição: avanço do Ibovespa, queda das ações da Petrobras e o dólar.

O Ibovespa fechou a semana (31/10 a 04/11) com uma alta de 3,16%, acima dos 118.000 pontos, apoiado por um novo movimento de recuperação de empresas ligadas às commodities metálicas e com os investidores monitorando a cena política. A valorização do minério de ferro em novembro (até o momento), por exemplo, chegou a quase 11%, com destaque para Vale, Usiminas, CSN e Gerdau.

A Petrobras, por outro lado, despencou mais de 5,0% apesar do balanço do resultado corporativo ter sido fortemente positivo. Qual o motivo? Imprevisibilidade. Os investidores passaram a temer ingerência política na estatal com a entrada do novo governo em janeiro. Outra questão relevante é sobre a improvável suspensão do pagamento dos dividendos estipulado pelo Conselho de Administração, de R$ 43 bilhões. As chances do Tribunal de Contas da União (TCU) de o fazer são ínfimas.

Ibovespa sobe, dólar desce. A moeda americana encerrou o pregão de sexta-feira (04) em queda firme contra o real, com recuo de 1,29%, a R$ 5,05. Na semana, a moeda acumulou queda de 4,56%. O desempenho refletiu o clima positivo para moedas exportadoras, propiciado pelo avanço das commodities em resposta aos rumores de que a China irá abrandar sua política de Covid zero.

O risco político tende a pairar sobre o real brasileiro, mas a suposição de prudência fiscal do próximo governo Lula deve eliminar uma quantidade significativa de risco político da moeda.

Em relação ao Euro, a moeda americana está fadada a seguir pressionada pelas tentativas do Federal Reserve de controlar a inflação do país. Assim, o dólar deve seguir em trajetória de alta. Este é um gatilho importante para a valorização da moeda americana, já que estimula uma migração de capital para os EUA em virtude dos juros mais altos.

Na Europa, os países não só precisam lidar com os efeitos herdados da pandemia do coronavírus como também com os efeitos prolongados da guerra na Ucrânia. Além disso, há a dependência do bloco europeu do gás russo, fazendo com que o continente se vê diante de uma grave crise energética.

O que virá para essa semana?

Transição

Na medida em que o processo de transição do governo via Geraldo Alckmin, vice-presidente) e o atual ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, ganha tração, o mercado vai ligar o radar buscando pistas sobre quem vai integrar a nova equipe econômica e qual regra fiscal – chamada âncora fiscal – deverá nortear as decisões do governo eleito. Três nomes são muito bem quistos pelo mercado: André Lara Resende e Persio Arida, os economistas do Plano Real e

Dados de inflação do Brasil

Outro ponto relevante é a divulgação, nesta quinta-feira (10) do IPCA, principal indicador de preços brasileiro. O mercado busca saber quando ocorrerá o primeiro corte da taxa Selic, que está atualmente a 13,75% ao ano, seu provável patamar terminal.

EUA e China

No cenário internacional, os investidores estarão focados no risco inflacionário global, principalmente após o Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) afirmar que as taxas americanas devem se manter elevadas por mais tempo. Nesse sentido, os olhos se voltam para a divulgação dos Índices de Preços ao Consumidor para outubro dos Estados Unidos, também na quinta (10), e da China, na terça-feira (8).

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