Nas últimas semanas, discutimos o comportamento da economia e dos mercados mundiais com ênfase nos desafios das nações no combate à inflação e à desaceleração econômica. Em resposta aos questionamentos do que fazer nesse momento, volto-me para a história e relembro o que aconteceu num passado não tão distante.
Véspera do impeachment
Em 2016, às vésperas do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, o nível de remuneração das NTNs batia recordes em função de uma situação fiscal delicada e uma política econômica heterodoxa leniente. À época não havia compromisso com superávit das contas, nem com a meta de inflação, no que foi chamado de nova matriz econômica.
Em 2022, reeditamos o alto nível de remuneração das NTNs com uma situação não tão complicada como a descrita e vemos uma assimetria muito atrativa.
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Para efeito de comparação, quem comprou esse título – que na época tinha uma duration maior do que hoje – e segurou por 3 anos fez uma das melhores operações de todos os tempos sem dúvida. Vamos recriar um caso hipotético, para que tenham magnitude do tamanho da oportunidade.
NTN-B 2035
No dia 02 de junho de 2015, um cliente comprou R$ 100.000,00 de NTN-B 2035 a uma taxa de IPCA + 5,94% e um PU de R$ 927,24 (algo próximo do que vimos nos últimos dias).
No dia 21 de junho de 2016, esse mesmo cliente veria seu título sendo negociado a uma taxa maior do que a que ele contratou, no momento de maior stress em nossos juros dos últimos 10 anos (IPCA + 7,80%).
Nossa intuição nos diz que ele amargaria um prejuízo muito grande, correto?
Entretanto, o carrego do título fez com que o cliente tivesse experimentado uma rentabilidade positiva de 1,93% no período. Mesmo no pior momento da economia brasileira dos últimos 500 anos o cliente que investiu em NTN-B conseguiu ter uma rentabilidade positiva e, mesmo que abaixo do CDI e da Inflação do período, remunerou seu capital.
Se olharmos para 3 anos após a compra do mesmo título, veríamos o mercado negociando a B35 a uma taxa de IPCA + 5,70% e um PU de R$ 1.210,00. Nesse período nosso cliente teria experimentado uma rentabilidade de 30,49%. Um valor ainda tímido comparado com nossa taxa CDI do período (80% do CDI). Nesse período, a curva fechou em relação ao stress máximo pelo qual havia passado, mas estava em patamares iguais aos de quando entramos em 2015.
Entretanto, se olharmos para o que aconteceu 1,5 ano depois, veremos a maravilha do fechamento da curva de juros nos investimentos.
No dia 30 de novembro de 2019, a NTN-B 2035 era precificada a IPCA + 3,4% e tinha um PU de R$ 1.945,00, proporcionando ao investidor uma rentabilidade de 110% no período. Enquanto o CDI do período foi de 52%.
Conclusão
O exemplo acima mostra como os títulos de IPCA + de duration um pouco mais longa se comportam em períodos de stress e de calmaria dos mercados. Obviamente é difícil que as mesmas condições (ruins ou boas) aconteçam novamente, mas entendemos que existe uma assimetria muito positiva na curva brasileira hoje e nos títulos de duration intermediária e mais longa.
Segue o link do Tesouro para possíveis simulações | https://www.tesourodireto.com.br/titulos/historico-de-precos-e-taxas.htm