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Atividade econômica: e seus investimentos com isso?

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Por Romero Oliveira – Especialista em Renda Variável

 

Na quinta-feira (15/01) foi jogado mais um balde de água fria sobre os analistas mais otimistas, baixando a euforia do crescimento econômico. Os dados divulgados pelo IBGE mostraram um incremento de 0,6% nas vendas de varejos em novembro de 2019, em relação ao mês anterior.

Apesar de ser a sétima alta consecutiva, os dados frustraram o mercado que esperava um avanço de 1,2% – segundo a Bloomberg – em um mês marcado por vendas recorde na Black Friday e liberação dos recursos do FGTS.

Mesmo com IBC-Br (+0,18%), considerado uma prévia do PIB, melhor que o esperado (-0,10%), a decepção com os dados da indústria, serviço e agora varejo teve reflexo no juro futuro, reforçando a probabilidade de um corte adicional na taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em fevereiro.

Na última ata divulgada em dezembro/19 pelo Copom, o Banco Central ponderou que a dinâmica do núcleo de inflação sinaliza que a ociosidade dos fatores de produção, como máquinas e mão de obra, ainda é elevada, evidenciando que existe a possibilidade de mais um corte na Selic. No entanto, isso dependerá de dados para seguir por esse caminho. Aliás, os dados estão vindo e o mercado já faz suas apostas

Nesse cenário de apostas, o real sofreu frente ao dólar, chegando a ser cotado próximo do patamar de R$ 4,20, uma vez que com juros mais baixos no Brasil o diferencial entre a taxa de juros americana fica ainda menor, desestimulando operações de carry trade.

Não existe uma tradução específica para essa expressão, mas funciona da seguinte forma: o investidor estrangeiro toma dinheiro emprestado a juros baixos em economias desenvolvidas como EUA, UE ou Japão e aplica esse recurso em países com juros mais altos visando ganhar na diferença entre essas duas taxas. Como essa diferença está cada vez menor, o fluxo de dinheiro para esse tipo de operação é reduzido, impactando diretamente a performance da moeda.

Além disso, a previsão de crescimento da economia no acumulado de 2019 caiu, de 1,20% para 1,10%, inferior ao consenso do último Boletim Focus, de 1,17%. Para 2020, a mediana é de 2,35% – piso de 1,90% e teto de 2,80%.

Com a perspectiva de juros mais baixos, os investimentos em renda fixa pré-fixada e atrelada à inflação se beneficiam com a marcação à mercado. Além disso, com o custo de oportunidade reduzido, cria-se um estímulo para maior tomada de risco por parte dos investidores, elevando o fluxo para investimentos em ações e fundos imobiliários.

Por outro lado, chama a atenção a dinâmica dos investimentos em renda fixa pós fixada, ou seja, aqueles que rendem um percentual do CDI. Caso essa redução se confirme e existem instituições que acreditam que a Selic pode bater a marca dos 4% até o final do ano, o juro real (diferença entre juro nominal e a inflação) de ativos pós fixados poderão pagar algo em torno de 1 % ao ano, algo inimaginável há alguns anos.

O investidor que estava acostumado a obter retornos de 1% ao mês sem risco, pode se deparar com a realidade de um juro real de 1% ao ano.

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Romero Oliveira

*Especialista em Renda Variável

Engenheiro, pós-graduado em Estratégias Financeiras, especialista da mesa de Renda Variável da Valor Investimentos.

e-mail: roliveira@valorinvestimentos.com