O mercado de renda variável possui diversas formas de remunerar o investidor, uma das principais formas são as remunerações ao se tornar acionista de uma empresa de capital aberto, ou seja, ao adquirir ações da companhia.
Mas antes de entender as maneiras de remuneração aplicadas a este tipo de investimento, vamos dar um passo atrás e entender o que são ações e, como se tornar um acionista.
O que é uma ação?
Ações são títulos patrimoniais e representam a menor parcela do capital social das companhias, além disso concedem aos seus titulares, os chamados acionistas, todos os direitos e deveres de um sócio, no limite das ações que cada investidor possui.
Assim sendo, quando uma determinada companhia precisa levantar capital para novos investimentos, decida por vender uma pequena parte do seu capital social para investidores. Essa pequena parte será subdivida em papéis, também conhecido como ‘Ações’.
Veja por exemplo a imagem abaixo, o investidor majoritário possui 50% da companhia, o restante fora subdivido em outras pequenas partes e distribuídas ao público investidor, como uma ação. Cada uma dessas pequenas partes, representa uma ação e seu detentor tem seus direitos como sócio assegurado.
Como se tornar um acionista?
Ao comprar uma ação (negociada pela B3, a Bolsa de Valores Brasileira), você automaticamente se torna sócio da companhia.
O mercado acionário é um dos principais pilares de capitais, já que é uma importante fonte de financiamento para empresas, para novos projetos ou até mesmo, via dívidas.
E como ser remunerado como acionista?
Bem, existem diversas formas de ser remunerado por uma ação. Mas antes de entrar no detalhe das principais maneiras, é importante destacar que investir em ações é classificado como investimento em Renda Variável, e há oscilações em seu valor nominal tanto para cima, quanto para baixo.
Existem investidores específicos que se aproveitam dessas oscilações para capturar pequenos ganhos de prazos mais curtos, mas esse é tema para outro artigo.
Iremos focar nas maneiras de se remunerar com ações, com pensamento de sócios de longo prazo.
E quais são as principais formas de remuneração?
- Dividendos;
- Juros Sobre Capital Próprio;
- Bonificação;
- Subscrição
Dividendos
Dividendo é um pedaço do lucro líquido da empresa, que será dividida para todos os seus acionistas. Em resumo a empresa tem duas principais decisões em relação ao seu lucro líquido:
- Reter o Lucro: Visa reinvestimento na companhia;
- Distribuir: Está relacionado diretamente ao pagamento das remunerações;
A política de distribuição de dividendos de uma companhia está estritamente ligada aos planos de crescimento da empresa e sua maturidade. Empresas que investem fortemente em seu desenvolvimento próprio, tendem a distribuir menos dividendos devido ao alto grau de investimento em si mesma.
Todos os investidores têm direito ao recebimento dos dividendos, sendo uma obrigação da companhia. Os dividendos são pagos a partir do lucro líquido, ou seja, após o pagamento de todas as despesas/custos.
Importante, dividendos sempre estão relacionados aos resultados do exercício imediatamente anterior.
Juros Sobre Capital Próprio (JCP)
Os JCPs são remunerações pagas aos acionistas, com base em reservas acumuladas pela empresa em exercícios passados, ou seja, os lucros que foram retidos e acumulados em conta de reserva.
Diferente dos dividendos, que são pagos pelo lucro líquido do exercício imediatamente anterior, os JCPs são pagos com os valores acumulados de exercícios anteriores que ficaram retidos na empresa.
Importante destacar que os JCPs não constituem uma obrigação da companhia, mas, quando pagos são descontados dos dividendos obrigatórios pagos aos acionistas. Outro ponto importante é que, os juros sobre capital próprio trazem vantagens tributárias para a empresa.
Bonificação
A bonificação é uma espécie de distribuição gratuita de ações aos acionistas, de forma proporcional a quantidade que cada investidor já possui. A bonificação é resultado do aumento de capital por incorporação de reservas ou lucros suspensos.
Em resumo a bonificação representa a atualização da participação do acionista, não havendo captação de novos recursos por parte da empresa, apenas um aumento de base acionária.
Importante destacar que não há alterações no patrimônio do acionista, nesse caso há somente o aumento na quantidade de ações, logo há uma redução em seu valor.
Exemplo: Suponha que um acionista possui um lote de 100 ações, cotadas em R$ 50,00. Esse investidor recebe uma bonificação de 25%. Na bonificação, não há alteração de capital total. Dessa forma a posição atual do investidor será de 125 ações, já o preço da ação fora reduzido, da seguinte maneira: Capital Total = R$ 5.000/125 ações = R$ 40,00 por ação.
Subscrição
A subscrição é uma forma de aumento de capital da companhia por meio de oferta de novas ações, ou seja, a empresa está capitando novos recursos. Nesse cenário os atuais acionistas possuem um direito de preferência para a compra dos novos ativos.
Normalmente a emissão é feita em um preço inferior ao preço atual praticado no mercado, isso para que seja atrativo para os investidores a nova compra de ações da companhia. Como esse direito é preservado preferencialmente pelos acionistas atuais, esses podem comprar os ativos com uma espécie de “deságio”, ou seja, com valor inferior ao de mercado.
Caso os acionistas prefiram, podem vender esses direitos para outros investidores.
Como vimos, há diversas maneiras de se remunerar o acionista no mercado de renda variável. O mais importante para o investidor é entender o seu perfil de risco, a volatilidade e a expectativa com cada investimento, sempre há maneiras de se potencializar o capital.
Este artigo tem como objetivo democratizar o acesso à educação financeira via Filipe Moreira, Assessor de Investimentos da Valor Investimentos.