Análise e Opinião

Análise e Opinião

Finanças Comportamentais

Por
Fabrício Lima

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As Finanças Comportamentais contestam a Hipótese do Mercado Eficiente e suas premissas de que os agentes econômicos operam de forma inteiramente racional e que buscam, em suas decisões, a maximização da utilidade esperada.

A Concepção Tradicional de Finanças assume que os investidores possuem três características principais:

  • São avessos a riscos: investidores procuram minimizar riscos e maximizar retornos para suas aplicações;
  • Expectativas racionais: as avaliações e projeções do investidor refletem toda a informação relevante disponível;
  • Integração dos seus investimentos: o investidor avalia seus investimentos como um todo. Ele conhece teoria de carteiras.

Em contraste com a concepção tradicional de finanças, está a escola de Finanças Comportamentais (Behavioral Finance), a qual considera que os investidores não agem sempre de forma inteiramente racional e cometem erros sistêmicos, ou seja:

  • São avessos à perda e não ao risco: investidores procuram evitar incorrer em perdas, mesmo que isso implique manter ativos perdedores nas carteiras;
  • Operam sob racionalidade limitada: o processo decisório é influenciado por uma série de fatores, o que nem sempre leva o investidor à decisão que irá maximizar a utilidade esperada; e
  • Segregam os seus investimentos: os investidores tendem a visualizar seus investimentos de forma separada, o que pode implicar diversificações desfavoráveis.

A seguir, vamos conhecer quais são as principais heurísticas e os comportamentos viesados mais importantes.

Principais heurísticas

As heurísticas são erros cognitivos causados pela aplicação incorreta de princípios científicos como matemática, estatística e economia, erros de memória e raciocínio falho. São como regras de bolso capazes de simplificar a tarefa de avaliar probabilidades e prever valores em processos decisórios. Ao se fazer valer das heurísticas, o investidor fica sujeito a incorrer em erros severos e sistemáticos.

Ancoragem

Influência de uma informação prévia (geralmente um número) na tomada de decisão.

Exemplo: Com base no preço-alvo de uma ação, informado por um analista, um investidor não toma qualquer decisão se o papel não atingir o valor esperado.

Representatividade

Influência de eventos passados na previsão de comportamentos futuros.

Exemplo: Adquirir um ativo analisando simplesmente o retorno passado.

Disponibilidade

Facilidade com que determinadas ideias, lembranças ou situações vêm à mente influenciando, dessa forma, o processo decisório.

Exemplo: Memória recente do decisor acerca de determinada situação impacta o processo de decisão no presente.

Framing

Resposta dada é afetada pela maneira como a pergunta foi feita (resposta é influenciada).

Exemplo: Decisor muda sua preferência quando a mesma situação é apresentada em um formato diferente.

Principais vieses emocionais

Os vieses emocionais são causados por sentimentos e emoções, fatores sociais, intuições ou impulsos. Eles afetam como os investidores veem a informação e reagem a ela.

Aversão à perda

Dificuldade de assumir uma perda e admitir uma decisão malsucedida.

Exemplo: Relutar em desfazer uma posição perdedora para não admitir que tomou uma decisão que resultou em prejuízo.

Excesso de confiança

Investidor confia demasiadamente em sua capacidade de prever o futuro e se antecipar aos movimentos de mercado.

Exemplo: Girar demais sua carteira de ativos e ter o desempenho prejudicado pelos custos de transação decorrentes, ficando o resultado final geralmente abaixo do benchark.

Teoria da Perspectiva ou do Prospecto

Assimetria entre ganhos e perdas leva a reações mais acentuadas em relação às posições perdedoras do que às ganhadoras.

Exemplo: O conforto associado com o ganho de uma unidade é inferior ao desconforto associado à perda da mesma unidade.

Status Quo

Desejo de nada fazer (manter as coisas como estão; inércia).

Exemplo: Manter a atual carteira e não considerar melhores opções de investimentos.

Movimento de manada

Decisor opta pela decisão a qual os demais estão optando.

Exemplo: Investidor decide adquirir determinada ação porque muitos outros investidores também estão comprando.

Desconto hiperbólico

Processos que envolvem recompensas rápidas tendem a ser preferíveis àqueles com benefícios superiores, mas com recebimentos mais lentos.

Exemplo: Recompensas rápidas geram uma relação de conflito no decisor, que resulta num impulso em direção à opção por essa recompensa imediata (mas que geralmente envolve benefícios inferiores), como forma de se desvencilhar dessa situação desconfortável.

Antes de investir, não deixe de consultar o seu assessor de investimentos, profissional treinado para identificar heurísticas e comportamentos viesados.

Este artigo tem como objetivo democratizar o acesso à educação financeira e foi elaborado por Fabrício de Lima, sócio e assessor de investimentos na Valor, especialista em Investimentos e Private Banking (IBMEC) com MBA em Gestão e Engenharia da Qualidade (USP). É engenheiro (UFV) e empresário.

Fonte: Princípios do Planejamento Sucessório – pg 291 a 308, Mod. II – Parte 1 do curso preparatório CFP da FK Partners.

 

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