O Banco Central (BC), divulgou na semana passada o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – principal índice inflacionário do país – do mês de fevereiro com aceleração considerável em relação ao mês anterior. O dado anotou variação de 1,01% mês/mês, acima das expectativas de 0,95% mês/mês, tendo acelerado em 12 meses de 10,38% ano/ano em janeiro, para 10,54% ano/ano em fevereiro.
Este resultado será central para a definição do Comitê de Política Monetária (Copom) acerca do ajuste da Selic – a taxa básica de juros – que será anunciado nesta quarta-feira (16). Uma disparada da inflação global, também pressiona nossos índices de preços. E a consequência é conhecida: o Banco Central pode carregar mais a mão no ajuste dos juros, impactando diretamente a renda fixa.
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Isso não é o principal motivo para a fuga dos investidores para renda fixa, mas contribui bastante. A Selic está alta. Contudo, se temos um ativo considerado livre de risco que pode bater 12% ou 13%, os ativos de risco se tornam menos atraentes.
Os preços das commodities de toda sorte, energéticas, metálicas, soft, grãos e afins, que já apresentavam patamares historicamente elevados, radicalizaram-se ainda mais no último mês na esteira da guerra no leste Europeu. O subitem de carros usados, que acabou por absorver a restrição no mercado de novos no contexto de falta de semicondutores, também deverá continuar a operar como importante vetor de inflação.
Por fim, vale frisar que a atenção, hoje, se volta para o contágio das economias de outros países por meio dos preços de energia e de commodities. Apesar da Rússia ser uma economia relativamente pequena para o contexto global, ela conta com participação de 10% do petróleo, 17% do gás natural, 40% do paládio e 30% do trigo, impactando não somente a Europa, mas também os países emergentes.