Análise e Opinião

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Investimentos propícios em Renda Fixa

Por
Flavio Mattedi

Se você juntou dinheiro alguma vez na vida, muito provavelmente já fez algum tipo de aplicação financeira em Renda Fixa. Nesta coluna, tenho me dedicado a escrever, na maior parte dos textos, sobre a mais conhecida classe de ativos dos brasileiros: a Renda Fixa.

Antes de falarmos sobre as possibilidades de retorno que a Renda Fixa tem protagonizado, costuma-se dizer que ao investir em Renda Fixa, você está comprando um “título” em Renda Fixa. E este título nada mais é do que um título de obrigação, ou seja, um título de crédito, de dívida que alguém tem com você a partir de seu investimento.

Pense que você tem um primo que lhe pediu R$ 10 mil, com o compromisso de pagar R$ 11 mil depois de um ano. Para que você tenha alguma garantia, ele oferece um cheque emitido por ele com data de um ano adiante, com o valor de R$ 11 mil.

Neste exemplo, o título da dívida é o cheque, o valor de sua aplicação é de R$ 10 mil, o valor de resgate é de R$ 11 mil, a taxa é de 10% ao ano, o prazo do título é de um ano, e seu primo é o “emissor” do título de dívida. Esse empréstimo que você fez ao seu primo nada mais é do que uma aplicação em Renda Fixa.

No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom), anunciou um novo aumento na taxa básica de juros, ou seja, a Selic de 12,75% para 13,25% ao ano. Quando os juros crescem, é normal que a classe de ativos em Renda Fixa fique mais atrativa, passando a oferecer aos investidores retornos próximos a 1% ao mês. Rendimentos como esse foram vistos pela última vez há mais de cinco anos, quando a Selic chegou a alcançar 14,25% ao ano.

Assim, confira alguns investimentos nessa classe de ativos para aproveitar o momento. Lembre-se, antes, de sempre conversar com um assessor ou especialista em investimentos.

Títulos em Renda Fixa

Os títulos de Renda Fixa atrelados à Selic ou ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), indicador cujo valor é muito próximo ao da Selic, são favorecidos.

Esses investimentos incluem o Tesouro Selic, cujo rendimento é indexado à taxa básica de juros somada a um pequeno percentual adicional definido no momento do investimento.

Há também os CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), que são atrelados ao CDI quando são do tipo pós-fixado.

Vale notar que, em ciclos de alta de juros, é comum que os títulos prefixados sejam preteridos por não permitirem que os rendimentos acompanhem a evolução da taxa. Por exemplo, se uma pessoa investir R$ 1 mil em um título prefixado com rendimento de 12,75% ao ano e vencimento em 2029, ela necessariamente irá resgatar R$ 2.316,41 ao final do período.

Por outro lado, o mercado espera que a Selic se mantenha em 13,25% ou até cresça 13,75% ao fim do ano. Nesse sentido, no momento atual, é interessante optar por títulos pós-fixados.

É bom observar que esses investimentos são tributados de acordo com a tabela regressiva do Imposto de Renda, com alíquotas de 22,5% para prazos menores que seis meses e 15% para prazos acima de dois anos. Todos esses investimentos com exceção das LCIs e LCAs que são isentos.

Fundos de Renda Fixa

Da mesma forma que os títulos do Tesouro Direto são favorecidos pela alta da Selic, os fundos de renda fixa também são. A diferença é que eles agrupam diferentes títulos em uma única aplicação, e os recursos dos investidores são administrados em conjunto por um gestor profissional.

ETFs de Renda Fixa

Uma forma de diversificar dentro da Renda Fixa e aproveitar a alta da Selic é através de ETFs (fundos de índices), ou seja, esses fundos, em vez de contarem com uma gestão ativa de gestores, são elaborados com a finalidade de replicar um índice, como os índices da Anbima ou o S&P/BM&F Índice de Futuros de Taxa de Juros – DI 3 anos, por exemplo.

Atualmente, há sete opções de ETFs de Renda Fixa na B3, que apresentam estratégias diferentes:

FIXA11: permite exposição a contratos futuros da taxa DI de três anos, refletindo as expectativas do mercado em relação à evolução da taxa Selic.

IRFM11: investe em títulos prefixados, como LTN (títulos do Tesouro Direto do tipo prefixado) e NTN-F (títulos do Tesouro prefixados com juros semestrais).

B5MB11, IB5M11, IMBB11, IMAB11 e B5P211: investem majoritariamente em títulos do Tesouro Direto atrelados ao IPCA, com prazos de vencimento diversos.

A vantagem em relação aos fundos de renda fixa é que os ETFs tradicionalmente possuem taxas de administração menores, e são tributados com a alíquota de 15% sobre os rendimentos, independentemente do prazo da aplicação.

Essas são algumas modalidades de investimentos que pode ser interessante na conjuntura que estamos vivenciando tanto no primeiro semestre, quanto no segundo.

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