Análise e Opinião

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Juros, câmbio, Estados Unidos e Brasil

Por
Luiz Alberto Caser

Após dois anos de taxas de juros baixas e a força dos Bancos Centrais em injetar liquidez no mercado, por meio dos estímulos monetários, a gradual reabertura da economia e flexibilização das atividades vieram acompanhadas dos sintomas econômicos de um mundo com mais moeda em circulação e fatores de produção desorganizados.

Apesar disso, a queda de renda e as poupanças típicas de uma população, quando em crise, e o aperto os cintos pelo medo do imprevisto, estagnaram a demanda por um tempo. Ato contínuo, sobreveio o aumento generalizado de preços (inflação), ganhando tração um ano após o início da pandemia, por meio da flexibilização monetária.

A partir das incertezas sanitárias, além do ritmo de vacinação diferente entre países somadas as fraquezas sociais, os Bancos Centrais do mundo continuaram seus estímulos monetários de juros baixos enquanto a inflação superava constantemente as expectativas.

É, nesse sentido, que o discurso do Fed (Federal Reserve) a respeito de uma possível inflação transitória gerou expectativas no médio prazo, evitando olhar para os problemas substantivos das cadeias de suprimentos e descasamentos de oferta.

Hoje, o Fed tenta buscar o controle do aumento de preços nos Estados Unidos e a estabilização do crescimento de atividade econômica em nível de pleno emprego. Para isso, um dos principais instrumentos em um cenário de demanda aquecida é a elevação da taxa de juros.

Dado o diagnóstico, é bom destacar que a taxa de juros de países mais arriscados ou emergentes, como o Brasil, deve conter um adicional de retorno em relação a títulos considerados “livres de risco”, atuando como um prêmio pelo risco de desvalorização da moeda local, de crédito (calote), dentre outros.

Quando o retorno de títulos soberanos menos arriscados, como as treasuries norte-americanas, sobe, as decisões de alocação são reformuladas, podendo criar uma tendência de fuga para a segurança (no exterior chamado de “flight-to-quality“), que é um fenômeno que ocorre quando o capital financeiro migra de países mais arriscados (como o Brasil) para países mais desenvolvidos. Esse deslocamento de recursos de moedas emergentes para, por exemplo, o dólar, gera uma apreciação cambial na moeda mais forte.

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No caso do Brasil, apesar de ser um país relativamente fechado quando se compara a soma de importações e exportações sobre o PIB, ainda sim há sensibilidade alta ao câmbio pela forte dependência de preços internacionais de commodities minerais e agrícolas, além de produtos tecnológicos e maquinário da indústria importados.