Resultados da pesquisa por “fundos de investimento

BNDES escolhe fundos ligados a secretário de Guedes

Dois fundos de investimento ligados ao secretário especial de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade, estão entre os 12 pré-selecionados em uma licitação de R$ 4 bilhões do BNDES, banco público subordinado à sua própria pasta. Um dos fundos é administrado pela mulher do secretário, a Margot Greenman. O outro era controlado por uma empresa cujo conselho de administração ele integrava (esta, selecionada, não chegou a concluir o acordo com o banco público). Paes de Andrade diz não ter influenciado na seleção.

A licitação foi aberta em maio do ano passado para selecionar fundos que emprestariam o dinheiro a micro e pequenas empresas. A ação se deu via BNDESPar, subsidiária do banco público. Era parte de um pacote de apoio para empreendedores na pandemia.

Dos 12 fundos pré-selecionados, entre maio do ano passado e agosto deste ano, um dos ligados ao secretário era o BSA FIC FIDC, gerido por uma empresa que tinha no quadro societário a Finvest Finanças e Investimentos S.A., cujo conselho Paes de Andrade integrou até 5 de novembro de 2020.

O outro fundo com relação com ele é o Libra Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios. Este é gerido pela empresa Captalys Gestão Ltda, da qual é sócia a mulher dele. O próprio secretário também já foi sócio da Captalys, por meio da empresa BR Ventures.

Paes de Andrade desembarcou em Brasília no começo do governo de Jair Bolsonaro, em fevereiro de 2019, para presidir o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).

Quando Paes de Andrade foi para o Ministério da Economia, em agosto de 2020, a fase de pré-seleção da licitação já estava chegando ao fim, mas o processo continuou enquanto ele estava no cargo. Desde o início do processo, o BNDESPar recebeu 73 propostas. Quatro fundos já foram contratados, entre eles o da Captalys, da mulher do secretário.

Falando em tese, a advogada e professora Vera Chemim ponderou que, a princípio, não há vedação para que um secretário de Estado participe do conselho de administração de uma empresa, mas a situação pode configurar conflito de interesse caso se comprove irregularidade. Sem saber que o caso se referia ao secretário, disse que a situação poderia ser enquadrada no artigo 337-F do Código Penal – que é a frustração ao caráter competitivo da licitação. “A nova Lei de Licitações (de abril de 2021) remete ao Código Penal. E este é o crime que se aplica se houver fraude para prejudicar os demais licitantes. A pena é de 4 a 8 anos de prisão, mais multa”, disse ela, mestre em Direito Público Administrativo pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Também em tese, sem conhecer os detalhes, o advogado especialista em licitações Wesley Bento diz que a Lei das Estatais não veda casos como esse – se o regramento do BNDES e o edital da licitação permitem, seria possível a participação dos fundos no certame. “Se não houver nenhuma outra ilegalidade, nenhuma tentativa de favorecer as empresas ou de manipular o edital, então, a princípio, não seria proibida a participação das empresas”, diz ele, sócio do escritório Bento Muniz, em Brasília.

Defesa

À reportagem, Caio Paes de Andrade disse desconhecer a participação das empresas na licitação do BNDES e afirmou que, apesar de atuar na pasta, não tem contato com o banco público em seu dia a dia. O secretário também disse que a Finvest era apenas “acionista capitalista” da gestora do fundo, sem participação na gestão. A participação no capital era de 17,49% do total, e em fevereiro de 2021 a Finvest deixou a sociedade.

Apesar de o fundo integrado pela gestora que tinha a Finvest como sócia ter sido selecionada, a empresa desistiu de participar da licitação em outubro de 2020, disse ele. A reportagem do Estadão procurou o BNDES e o Ministério da Economia ontem pela manhã, mas não teve resposta até a conclusão desta edição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Investimentos Diretos no País somam US$ 4,495 bi em setembro, mostra BC

Os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 4,495 bilhões em setembro, informou nesta sexta-feira, 22, o Banco Central. No mesmo período do ano passado, o montante havia sido de US$ 3,424 bilhões.

O resultado ficou menor do que a mediana de US$ 5,200 bilhões das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast, cujo intervalo ia de US$ 3,750 bilhões a US$ 5,700 bilhões.

Pelos cálculos do Banco Central, o IDP de setembro indicaria entrada de US$ 5,0 bilhões.

Acumulado

No acumulado do ano até setembro, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo somou US$ 40,740 bilhões. A estimativa do BC para este ano é de IDP de US$ 55 bilhões. A projeção foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do mês passado.

No acumulado dos 12 meses até setembro deste ano, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 50,427 bilhões, o que representa 3,16% do Produto Interno Bruto (PIB).

Investimento em ações

O investimento estrangeiro em ações brasileiras ficou negativo em US$ 1,336 bilhão em setembro, informou o Banco Central. Em igual mês do ano passado, o resultado havia sido positivo em US$ 35 milhões. No acumulado do ano até setembro, o saldo ficou positivo em US$ 5,423 bilhões.

Já o investimento líquido em fundos de investimentos no Brasil ficou negativo em US$ 257 milhões em setembro. No mesmo mês do ano passado, ele havia sido negativo em US$ 1,009 bilhão. Nos nove primeiros meses de 2021, os fundos registram saídas líquidas de US$ 300 milhões.

O saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa negociados no País ficou positivo em US$ 676 milhões em setembro. No mesmo mês do ano passado, havia ficado positivo em US$ 2,179 bilhões. No acumulado de 2021 até setembro, o saldo em renda fixa ficou positivo em US$ 16,049 bilhões.

Taxa de rolagem

O Banco Central informou ainda que a taxa de rolagem de empréstimos de médio e longo prazos captados no exterior ficou em 211% em setembro. Esse patamar significa que houve captação de valor em quantidade suficiente para rolar compromissos das empresas no período. O resultado de setembro do ano passado havia sido de 28%.

De acordo com os números apresentados nesta sexta pelo BC, a taxa de rolagem dos títulos de longo prazo ficou em 1.298% em setembro. Em igual mês de 2020, havia sido de 45%. Já os empréstimos diretos atingiram 175% no mês passado, ante 22% de setembro do ano anterior.

No acumulado do ano até setembro, a taxa de rolagem total ficou em 121%. Os títulos de longo prazo tiveram taxa de 106% e os empréstimos diretos, de 126% no período.


Empresas engordam fundos de inovação

Depois das aceleradoras, das incubadoras e dos programas de hackathons, as grandes empresas estão apostando em ferramentas mais ousadas e arriscadas para buscar inovação. De olho nas oportunidades, companhias como Via, banco BV, Eurofarma, Duratex e Stefanini decidiram criar seus próprios fundos – ou carteiras internas – para investir em startups.

Só neste ano, os chamados CVCs (Corporate Venture Capital) investiram US$ 622 milhões (R$ 3,4 bilhões pela cotação do último dia 8) em negócios em estágio inicial – valor 211% superior a todo o montante de 2020 e quase igual à soma dos investimentos feitos desde 2000, segundo dados do Distrito, plataforma de inovação aberta. Com a modalidade, além de ficar de olho em soluções disruptivas em desenvolvimento no mercado, as corporações podem ter alguma rentabilidade com os aportes.

Na estratégia de diversificação, algumas companhias destinam cerca de 70% dos investimentos dos fundos para startups que podem gerar tanto retorno estratégico, quanto financeiro; 20% vão para aquelas empresas apenas com potencial financeiro; e 10% em ativos estratégicos para a empresa, explica Gustavo Araújo, cofundador e presidente do Distrito.

Para ele, o CVC é uma forma de olhar a próxima onda que pode afetar os negócios e criar possibilidades para futuras aquisições. “Não dá para esperar determinada tecnologia explodir no mercado para só aí decidir investir e participar da startup. É preciso se antecipar ao movimento.” E uma das formas de entrar nesse mundo é por meio dos fundos. Ao contrário de um venture capital tradicional, que faz captação entre vários investidores para aplicar em startups, o corporate venture detém capital apenas da empresa.

Na avaliação de especialistas, a evolução dos CVCs é um sinal de maturidade do “ecossistema de inovação” dentro das companhias brasileiras. “Aqui, essa estratégia ganhou tração após a pandemia porque as companhias foram forçadas a buscar a inovação aberta para não ficar para trás”, diz Araújo.

No mundo, os CVCs já existem há muitos anos. Mas, como no Brasil, também tem experimentado uma escalada nos últimos meses ainda efeito dos juros baixos no mundo todo. Só no primeiro semestre, o total de investimento foi de quase US$ 80 bilhões – mais do que o dobro do volume verificado em igual período de 2020. “No mercado interno, o fenômeno de descoberta das startups começou em 2016 como uma forma de reduzir o risco de ficar obsoleto”, diz Luiz Ponzoni, sócio da PwC Brasil.

Complemento

Segundo ele, o CVC é uma ferramenta que se soma a outras estratégias, como os programas de P&D e outras iniciativas internas. Na Dexco (antiga Duratex), a aproximação com as startups teve início em 2017 com o programa Garagem Duratex. Ao longo desse tempo, o trabalho com os empreendedores evoluiu até o lançamento em julho deste ano de um CVC, de R$ 100 milhões. O presidente da companhia, Antonio Joaquim, conta que quase 50% do montante já foi investido na compra de participação de duas empresas.

“Até o fim do ano devemos usar todos esses recursos. Queremos ter uma carteira com um número suficiente de startups que possamos acompanhar de perto. Não queremos ter uma sacola imensa de investidas”, explica Joaquim. As empresas escolhidas têm uma gestão independente para permitir maior agilidade na criação, mas podem ter a ajuda da Dexco. “Nós somos como um transatlântico, com uma estrutura mais rígida. Às vezes, a inovação morre na empresa porque temos de fechar o mês.”

O modelo adotado pelo grupo de tecnologia Stefanini é semelhante. A ideia é investir nas startups e dar autonomia para que elas consigam desenvolver soluções disruptivas. Ao mesmo tempo, é preciso ficar próximo das empresas para conseguir ter um bom resultado, diz o fundador e presidente global grupo, Marco Stefanini.

Ele conta que a preferência é pela compra de participações majoritárias das startups, mas hoje já é possível fazer investimentos com opção futura de conversão em ações. Em 2020, a empresa destinou R$ 500 milhões para investir durante 3 anos em startups. No primeiro ano, houve a aquisição de sete negócios. “O critério de escolha é ter uma solução que faça sentido para a companhia, que esteja relacionada ao nosso core business”, diz Stefanini.

Na avaliação de Araújo, do Distrito, o movimento dos CVCs está apenas no início no Brasil. “Tudo que é tecnológico atrai mais do que o tradicional. Não vejo retração nem com a recente alta dos juros”, diz ele. Helisson Lemos, da Via (antiga Via Varejo), concorda. A empresa acaba de aprovar R$ 200 milhões para investir em startups nos próximos cinco anos. “Comparado com os investimentos da aceleradora, o CVC pega empresas mais maduras e aplica valores maiores.”

As três primeiras empresas do CVC da Via foram escolhidas em setembro: GoPublic, Poupa Certo e Byebnk. Todas têm alguma interação com o BanQi, uma fintech comprada no ano passado. A fórmula usada é de fazer o investimento nas empresas com a opção de se tornar sócio no futuro. “Fazemos o investimento mediante metas. Se a startup for exitosa, podemos nos tornar sócios dela”, diz Lemos.

‘Último estágio da inovação’

O banco BV foi um dos precursores em apostar nos Corporate Venture Capital (CVC) no Brasil. Em 2018, a instituição criou um dos maiores fundos do País, com capital de R$ 300 milhões. Nesse período, investiu em 9 startups e em 12 fundos de venture capital, diz o diretor executivo de Estratégia e Inovação do banco BV, Guilherme Horn.

Ele conta que a estratégia é destinar 70% do montante direto em startups e 30% na participação de fundos que investem em várias empresas. “Em tese, o CVC é o último estágio de maturidade de inovação aberta. Antes de chegar até aí, é preciso entender qual o objetivo da empresa e ver quais alternativas se têm no mercado.”

O CVC, completa ele, vem depois de vários programas de inovação, aceleração e incubação. “É o último estágio no relacionamento com startups.” Horn conta que a instituição escolheu duas teses para investir nesse “ecossistema”: buscar empresas que dominam tecnologias que o banco não domina ou que atuam em áreas em que a instituição ainda não está.

O executivo conta que normalmente olha mais a questão estratégica do que o retorno financeiro de alguma investida. “Mas é óbvio que, se um negócio não traz valor, não faz sentido investir.” Segundo ele, à medida que as oportunidades vão surgindo, a empresa poderá aumentar o valor do fundo ou criar uma nova carteira. “A pandemia acelerou o digital em todos os setores. E, muitas vezes, a aquisição de uma startup representa ganhar tempo.”

‘Buscamos sinergia com os negócios’

Na Eurofama, o Corporate Venture Capital (CVC) foi criado em maio de 2019 e já investiu em cinco empresas. Outras duas passam, no momento, por um processo de due diligence (avaliação). O objetivo é chegar a dez investimentos até o fim do ano que vem, quando a carteira será fechada.

No total, o fundo foi criado com R$ 45 milhões, sendo que R$ 15 milhões já foram desembolsados. “Temos o objetivo de criar uma nova carteira, sempre com o foco em saúde”, diz Helton Carvalho, diretor de empreendedorismo e digital da Eurofarma.

Ele acredita que o CVC fecha o ciclo de inovação aberta dentro da empresa, que já acelerou 40 startups (serão 50 até o fim do ano). “Com o fundo, a companhia busca retorno financeiro, mas também quer negócios que tenham sinergia com a empresa”, diz Carvalho. Em boa parte das investidas, a Eurofarma entra com participação minoritária, mas sempre está presente nas reuniões. “Esse negócio une o que há de melhor nos dois mundos. A startup tem oportunidades dentro da organização, e a organização pode ter mais agilidade com a startup.”

Algumas empresas com participação da Eurofarma já prestam serviço ou vendem seus produtos para o grupo, conta o executivo. “Temos startups que, depois de seis meses de aporte, já estão dando retorno financeiro. Dentro de um CVC tanto a parte financeira, quanto a estratégica são importantes.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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