Resultados da pesquisa por “fundos de investimento

Investidores em busca de ETF “estratégicos”

Os Exchange Traded Funds (ETF) são conhecidos como Fundo de Índice. Para simplificar, trata-se de um fundo de investimento que possui o objetivo de espelhar a performance de um índice de mercado. O índice americano S&P 500 (Standard and Poor’s 500), por exemplo, é composto pelas 500 ações de empresas de maior representatividade nos Estados […]


Ibovespa cai 0,82% no dia, a 109,5 mil pontos, mas sobe 6,16% no mês

Apesar da perda de fôlego nas últimas sessões, aparando ganhos que chegaram a superar 10% nos melhores momentos do mês – parecendo encaminhá-lo então para a melhor performance desde novembro de 2020 -, o Ibovespa teve ainda assim um agosto estelar se comparado à correção nas principais bolsas do exterior. Dos maiores mercados de fora, apenas Tóquio (+1,04%) conseguiu evitar perdas no mês, que chegaram a 4,64% em Nova York (Nasdaq) e a 5,02% (CAC 40, de Paris) nos centros financeiros da Europa. Melhor desempenho do índice desde janeiro (então 6,98%), o ganho de 6,16% no Ibovespa em agosto fala por si, embora se tenha em vista que a recuperação ocorreu a partir de um fundo do ano a 96 mil pontos, em meados de julho, com retomada que se estendeu ao mês seguinte.

Nesta quarta-feira, com os índices de Nova York em baixa à tarde e nas mínimas da sessão, o Ibovespa não resistiu e se alinhou ao sinal de fora ao fechar em baixa de 0,82%, a 109.522,47 pontos, no piso do dia no encerramento, vindo de máxima a 111.364,05 pontos e abertura a 110.430,64 pontos.

O giro foi a R$ 31,4 bilhões nesta quarta-feira. Com o ganho de 6,16% em agosto, o índice da B3 sobe 4,48% no ano. Na semana até aqui, tem perda de 2,47%. O nível de fechamento desta quarta-feira foi o menor desde 9 de agosto (108.651,05 pontos)

O desempenho negativo do setor financeiro, o de maior peso no Ibovespa, impediu que a recuperação parcial vista em commodities (Petrobras ON +2,94%, PN +2,47%) levasse o índice um pouco mais adiante na última sessão do mês. Vale ON (+0,06%), por sua vez, devolveu a alta do dia e fechou na mínima da sessão (-0,72%), como o Ibovespa.

Nesta quarta, pesou sobre as ações de bancos (Itaú PN -2,53%, também no piso do dia no encerramento; Bradesco PN -2,52%) a aprovação, no Senado, de aumento de 1 ponto porcentual, de 20% para 21%, na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) paga pelo setor, até o fim do ano. O texto segue agora para sanção presidencial.

Na ponta do Ibovespa na sessão, destaque para Méliuz (+3,97%), Pão de Açúcar (+3,38%), Petz (+3,24%) e Petrobras ON (+2,94%), com Alpargatas (-5,54%), Magazine Luiza (-5,32%), Braskem (-4,84%) e Dexco (também -4,84%) puxando a fila oposta.

A recente lateralização do índice da B3 com fluxo também mais acomodado nas últimas sessões reflete um grau maior de cautela desde o exterior, especialmente com relação ao ritmo de atividade na China e à resiliência da inflação nas economias centrais, nomeadamente Estados Unidos e zona do euro, o que se reflete em incerteza sobre o grau de ajuste para os juros nas próximas deliberações do Federal Reserve e do Banco Central Europeu (BCE).

Da terça para esta quarta, leitura sobre o índice de atividade oficial para a indústria na China ainda mostrou contração em agosto, em meio à seca e onda de calor que resultaram em cortes de energia e interrupção na operação de fábricas, agravando um quadro já anômalo pelo ressurgimento de surtos de covid-19 e pela retomada de iniciativas de enfrentamento da pandemia por lá. Fora da China, leituras sobre a inflação em economias como a americana e a alemã mostram que o problema e o grau de resposta a ser dado pelas autoridades monetárias permanecem em aberto.

“O dia começou de forma levemente positiva, com dados de emprego mais fracos que o esperado nos Estados Unidos e a queda no preço do petróleo – que traziam alívio ao cenário prospectivo de inflação no país. Porém, os mercados mudaram de direção na parte da tarde, influenciados pela postura mais dura do Fed, recalibrando a perspectiva de alta da taxa de juros no país”, aponta Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos.

Assim, até que se conheça na sexta-feira o relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em agosto, a tendência é de que a cautela persista nos mercados globais. Aqui, a queda na taxa de desemprego, anunciada pela manhã, contribui para a impressão de melhora econômica.

“A taxa de desocupação no trimestre de maio a julho ficou em 9,1%, o que representa 9,9 milhões de pessoas, segundo dados da Pnad Contínua divulgados hoje pelo IBGE. É o menor porcentual de desocupação desde o trimestre encerrado em dezembro de 2015, quando também foi de 9,1%”, observa a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, que considera que a taxa deve permanecer no “patamar médio de 9%, com alguma movimentação para cima”.

Aqui, os “juros futuros recuaram por toda a curva, precificando o cenário de deflação observado nos últimos indicadores divulgados no Brasil, bem como o recuo das commodities”, diz Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.

Na B3, ações muito descontadas e a indicação de que o ciclo de ajuste da política monetária está praticamente concluído despertaram o apetite por ativos de risco, tirando o Ibovespa das cordas desde meados de julho. “Muitos fundos entraram e fizeram posição com o Ibovespa ali pelos 100 mil pontos e, agora, estão colocando dinheiro no bolso, reduzindo posição em um movimento técnico, de defesa do portfólio”, diz Luiz Souza, operador de renda variável da SVN Investimentos.

“Muita gente entrou especialmente em Petrobras e Vale, para receber dividendos”, acrescenta Souza, observando que, com o nível de juros atual, torna-se natural colocar parte dos ganhos em caixa. “Em dólar, o Ibovespa teve um dos melhores desempenhos de todas as bolsas em agosto. O BC iniciou aqui bem antes a elevação dos juros. Atraiu-se fluxo e a renda variável voltou a ficar atrativa, quando se traz a valor presente, considerando também o fechamento da curva de juros.”

Assim, se no fim de julho a conversa era sobre retomar a linha de 104 mil e a celebração era o retorno do índice a níveis de junho, agora é saber se o Ibovespa romperá os 114 mil pontos vistos recentemente no intradia, maior patamar desde abril, para carregar a recuperação mais adiante.

Na moeda norte-americana, o Ibovespa fechou o mês de julho a 19.937,90 pontos, com recuo de 1,16% para o dólar ante o real no mês – após avanço de 10,15% para o dólar ante o real no mês anterior -, vindo o índice da B3 dos 18.824,39 pontos, na moeda americana, no fechamento de junho. Agora em agosto, com o dólar em leve alta de 0,53% no mês, o Ibovespa foi aos 21.056,01 pontos, na moeda norte-americana.


Abdib pede revisão do teto para ampliar gastos no setor de infraestrutura

Em documento apresentado nesta segunda-feira aos candidatos à Presidência, a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) cobra a expansão do gasto público no segmento e a aprovação de reformas, como a administrativa e a tributária. A entidade pede o fortalecimento de iniciativas que tornem o ambiente mais atrativo para o investimento privado, mas reforça que, diante da forte contração da infraestrutura no País, o próximo mandatário precisará arrumar formas de desembolsar mais recursos públicos para o setor – entre elas, a revisão do teto de gastos.

Segundo a Abdib, os investimentos gerais do Executivo federal, não só em infraestrutura, vêm caindo de forma contínua desde 2010, quando saíram de R$ 63 bilhões para R$ 22 bilhões em 2021 – uma queda de 65%.

No documento, com o qual a associação também quer municiar os futuros gestores numa eventual transição de governo, a Abdib afirma que a economia brasileira está “estacionada há quase 10 anos” e que a razão dessa paralisia, em parte, se dá pela redução expressiva dos investimentos públicos em infraestrutura.

“Chegou a um nível em que tenhamos, talvez, a mais baixa relação de investimento público sobre PIB do mundo, e nenhum país faz Orçamento com 100% de despesa corrente, e já, já estamos chegando nisso. Juntou a falta das reformas administrativas com a regra de teto, em que a variável de ajuste é o investimento. Isso é confinar o futuro da infraestrutura e da base de ativos, para serem corroídas pela depreciação”, afirmou o presidente da Abdib, Venilton Tadini.

Para resgatar o segmento, a Abdib sugere um bloco de ações horizontais, como o aumento de investimentos; a implantação da reforma tributária; e a criação de uma autoridade responsável por desenvolver a política industrial e monitorar seus resultados. Também há propostas para novas concessões de crédito por meio de bancos públicos de desenvolvimento, criação de fundos garantidores e de desenvolvimento regionais e execução de uma política industrial em nível de produto, e não somente do setor, entre outras medidas.

PAC

No documento aos candidatos, a Abdib classifica o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) dos governos petistas, que teve forte movimentação de recursos públicos, como uma tentativa de olhar um horizonte mais longo de investimentos que, contudo, errou em não definir uma estratégia racional de prioridades. “Embora tenha dado importância à infraestrutura, o PAC foi apenas uma relação de vários projetos, sem a devida priorização coordenada da sua ordem de execução e da análise dos seus efeitos de integração, com problemas em sua estruturação, viabilidade econômica e avaliação de riscos, o que dificultou a atratividade para a iniciativa privada”, dizem os autores.

Para Tadini, o País alcançou um status de maturidade suficiente para não cometer os mesmos desacertos do PAC, caso os governantes optem por expandir o gasto público em infraestrutura. “Melhoramos muito na governança, na relação entre o Executivo, agência reguladora e TCU.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Tenax chega a R$ 700 milhões com retorno na meta e projeção de juros dos EUA

A gestora Tenax fechou os primeiros seis meses com quase R$ 700 milhões sob gestão, o objetivo de alcançar o R$ 1 bilhão em fevereiro e retornos dentro das metas (indicadores de referência). Uma das teses vencedoras da gestora é a necessidade de os juros nos Estados Unidos subirem mais do que precifica atualmente o mercado e ultrapassar os 4% ao ano, segundo Alexandre Silvério, presidente e sócio responsável pela área de renda variável da Tenax Capital.

Os discursos de dirigentes e do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, na sexta-feira não alteraram, portanto, o cenário macroeconômico nem a carteira. Silvério pontua que os pronunciamentos dos dirigentes do Fed têm apontado que a alta de juros poderá ser maior do que o mercado está precificando. Essa ênfase, diz o sócio da Tenax, ganhou força especialmente depois da divulgação da ata do Fed no dia 17 de agosto, que foi considerada suave pelo mercado. “Powell também não disse que vai cumprir a meta de inflação ‘whatever it takes’ a qualquer custo. Então, vemos os juros americanos pouco acima de 4% e sem se aproximar dos 5%”, disse o gestor ao Broadcast Investimentos.

Na carteira do multimercados, que tem R$ 550 milhões de patrimônio, esse cenário é traduzido com uma posição tomada (aposta na alta) em juros americanos em prazos curtos e vendida em Bolsa americana. “Gostamos mais de Bolsa brasileira do que internacional nesse momento”, diz o gestor. No mercado americano, o fundo long bias (Total Return) da Tenax está vendido no índice acionário S&P500. “O aperto monetário traz um desafio adicional à atividade global, que já está desacelerando, e ainda mais para as bolsas”, diz Silvério, acrescentando que as margens financeiras de empresas internacionais serão penalizadas mais do que os índices acionários projetam.

No cenário macroeconômico brasileiro, a gestora projeta que a Selic fique estabilizada em 13,75% ao ano, sem novo aumento na reunião de setembro do Copom, e que o ciclo de corte de juros comece no terceiro trimestre do ano que vem. Mesmo nesse contexto de aperto monetário global, a Bolsa brasileira deve atrair investidores. Isso porque, no cálculo da Tenax, as ações estão com múltiplos atrativos – como o P/L, relação entre preço do papel e o lucro projetado.

“O valuation do Ibovespa está ridiculamente descontado. Mesmo quando retiramos Vale e Petrobras que apresentam múltiplos muito menores que a média, a Bolsa continua barata”, diz Silvério. Ele complementa que o mercado brasileiro vive o oposto do americano. Por lá, o aperto monetário ainda está acontecendo e ainda não estaria corretamente precificado, quando se observa o S&P500, por exemplo. Por aqui, o afrouxamento dos juros deve começar já no ano que vem, favorecendo as empresas e contribuindo para melhores projeções de lucro.

Liquidez globalmente reduzida

Mesmo nesse cenário conturbado, os sócios da Tenax avaliam que vão cumprir a meta de alcançar o R$ 1 bilhão até o aniversário de um ano dos fundos. Para chegar lá, a área comercial tem esforços em diferentes frentes: já ingressou em 11 plataformas de investimento já negociou a entrada em três fundos de fundos (FOFs) de bancos. Também tem fundo espelho (que reproduz a carteira) no Itaú, onde integra com outras três gestoras o Rising Stars, programa da instituição para desenvolver o a gestão de recursos de terceiros.

Além disso, a gestora optou por dar acesso aos produtos ao investidor geral e com aplicação mínima baixa. Os três fundos – além do multimercados, tem um fundo de ações (long only) e um fundo long bias (de ações, mas com a possibilidade de operar em derivativos) – exigem a mesma entrada mínima de R$ 1.000 e cobram as mesmas taxas: 2% ao ano de administração e 20% de desempenho (performance) acima do indicador de referência (benchmark)

Rentabilidade

Nos primeiros seis meses (cota de 25/08), o fundo de ações chegou a R$ 35 milhões de patrimônio e 2,75% de retorno, bem acima do benchmark (0,34%), que é o Ibovespa. A gestão da carteira é bastante ativa e, atualmente, está 80% de exposição comprada em varejo, sob a tese da “segunda reabertura” da economia, (20%), Utilities, como energia (16%), petróleo (12%), financeiro (12%), entre outras.

O fundo long bias alcançou R$ 75 milhões de patrimônio líquido no mesmo período e 8,10% de retorno. Na carteira, estão as mesmas ações do long only – como Renner, Iguatemi, Hypera, Soma, Assaí, Eletrobras, Itaú, entre outras – e opções de venda no mercado de ações. Esses derivativos servem tanto para proteger a carteira de quedas bruscas quanto para impulsionar o retorno, no sentido de que buscam assimetrias no mercado.

No multimercados, o retorno foi de 5,33% (90% do CDI) com posições em juros, câmbio e bolsas. O fundo está comprado em real, tanto pela perspectiva de valorização de commodities com eventual choque de oferta com a recessão global quando pela atratividade do Brasil com juros altos e Bolsa barata. Além disso, o fundo está vendido em dólar australiano e comprado em dólar contra o euro. Em ações, além de estar vendido em S&P500, o fundo tem posição vendida em Nasdaq e comprado em volatilidade, diante do entendimento de que tendência é de as bolsas americanas serem penalizadas à frente. Os dados de retorno dos fundos são referentes ao acumulado até o dia 25 de agosto.

Em juros no Brasil, o multimercados está aplicado (aposta na baixa) no contrato para janeiro de 2025 que, segundo Silvério, apresenta um prêmio que “expressa bem o afrouxamento monetário que acontecer a partir do ano que vem”. Além disso, a gestora tem um posição que combina os contratos para janeiro de 2025 para 2029. “A curva está muito flat ou seja, as taxas estão muito parecidas. E entendemos que os juros para 2025 irão cair bastante”, afirmou Silvério.


Futuro governo terá de rever teto e promover reformas, diz Abdib

Com previsão de ouvir os presidenciáveis nesta segunda-feira, 29, a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) elaborou um documento de propostas para o futuro governo em que cobra expansão do gasto público no segmento e aprovação de reformas, como a administrativa e a tributária. A entidade pede o fortalecimento de iniciativas que tornem o ambiente mais atrativo para o investimento privado, mas reforça que, diante da forte contração do desenvolvimento da infraestrutura, o próximo mandatário precisará arrumar formas de desembolsar mais recursos públicos para o setor – entre elas, a revisão do teto de gastos.

Segundo a Abdib, os investimentos gerais do Executivo federal, não só em infraestrutura, vêm caindo de forma contínua desde 2010, quando saíram de R$ 63 bilhões e alcançaram apenas R$ 22 bilhões em 2021 – uma queda de 65%.

A proposta será entregue aos candidatos durante fórum promovido pela entidade em São Paulo, no Hotel Tivoli. A previsão é de que o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) seja entrevistado às 15h30, e que Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fale às 14h30, em nome da campanha do petista. O caderno foi elaborado a partir de contribuições de 22 comitês constituídos por executivos das empresas associadas da Abdib.

No documento, pelo qual a associação também quer municiar os futuros gestores numa eventual transição de governo, a Abdib afirma que a economia brasileira está “estacionada há quase 10 anos” e que a razão dessa paralisia, em parte, se dá pela redução expressiva dos investimentos públicos em infraestrutura.

“Chegou a um nível em que tenhamos, talvez, a mais baixa relação de investimento público sobre PIB do mundo, e nenhum país faz orçamento com 100% de despesa corrente, e já estamos chegando nisso. Juntou a falta das reformas administrativas com a regra de teto, em que a variável de ajuste é o investimento. Isso é confinar o futuro da infraestrutura, e da base de ativos, para serem corroídas pela depreciação”, afirmou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o presidente da Abdib, Venilton Tadini.

Os esforços para a expansão do investimento privado, “por mais que tenham logrado êxito em gerar bons resultados”, são insuficientes para recuperar as necessidades do setor, afirmam os autores no documento.

Para resgatar o segmento, a Abdib sugere um bloco de ações horizontais, como, por exemplo, o aumento de investimentos; a implantação da reforma tributária e a criação de uma autoridade responsável por desenvolver a política industrial e monitorar seus resultados; e ações verticais, entre elas a concessão de crédito por meio de bancos públicos de desenvolvimento, criação de fundos garantidores e de desenvolvimento regionais e execução de uma política industrial no nível de produto, e não somente do setor, entre outras medidas.

Além de percorrer por pleitos específicos para cada ramo da infraestrutura (como rodovias, ferrovias, saneamento e mobilidade), a Abdib também elaborou uma sugestão de agenda para os primeiros 100 dias de governo, com quatro diretrizes. A primeira seria a definição de uma estratégia de desenvolvimento a fim de estabelecer as prioridades para a retomada do crescimento do País, alicerçada em três pilares: investimento em infraestrutura, reindustrialização e melhoria da distribuição de renda para o crescimento sustentável.

O segundo fundamento é a realização de três reformas de Estado: orçamentária, para alterar as regras do teto de gastos, reduzir a participação das despesas correntes e aumentar a dos investimentos em infraestrutura. No olhar da associação, deve-se estabelecer um teto para despesas correntes e um piso para investimentos. O avanço no processo de desestatização por meio de privatizações e concessões, sejam puras ou patrocinadas, também é citado. A segunda reforma seria a tributária, para simplificar o sistema brasileiro e eliminar distorções e, por fim, a reforma administrativa, que teria o condão de reduzir despesas correntes e liberar recursos para investimentos. Já o terceiro pilar cita a elaboração de um conjunto de medidas para recuperar a indústria.

O quarto elemento da agenda para os 100 primeiros dias destaca dez propostas legislativas que já estão no Congresso e devem ter prioridade num próximo governo, como o projeto que cria uma nova série de debêntures para a infraestrutura, a nova lei geral do licenciamento ambiental, os novos marcos do setor elétrico, o PL que estabelece procedimentos para securitização da dívida tributária dos entes públicos e a proposta que institui um mercado regulado de carbono no País, entre outras.

Maturidade

No documento aos presidenciáveis, a Abdib classifica o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) dos governos petistas, que teve forte movimentação de recursos públicos, como uma tentativa de olhar um horizonte mais longo de investimentos que, contudo, errou em não definir uma estratégia racional de prioridades. “Embora tenha dado importância à infraestrutura, o PAC foi apenas uma relação de vários projetos, sem a devida priorização coordenada da sua ordem de execução e da análise dos seus efeitos de integração, com problemas em sua estruturação, viabilidade econômica e avaliação de riscos, o que dificultou a atratividade para a iniciativa privada”, dizem os autores.

Para Tadini, o País alcançou um status de maturidade suficiente para não cometer os mesmos desacertos do PAC, caso os governantes optem por expandir o gasto público em infraestrutura. “Melhoramos muito na governança, na relação entre o Executivo, agência reguladora e TCU. Temos um nível de qualidade de estruturação de projetos, de racionalidade na estruturação, muito maior”, disse o presidente da Abdib, apontando, contudo, que os investimentos efetuados por meio das emendas de relator, base do orçamento secreto, implicaram numa perda de racionalidade dos gastos. “Pulveriza sem haver uma sinergia dos projetos”, asseverou.


Programa de garantia de crédito já recebeu R$ 1,1 bi em pedidos, mostra BNDES

A demanda pela segunda fase do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac), reaberto na última segunda-feira, 22, já soma R$ 1,1 bilhão, em pedidos encaminhados por 11 instituições financeiras, informou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nesta quinta-feira, 25. Anunciada em junho, a segunda fase terá duração até dezembro de 2023, com potencial de garantir até R$ 22 bilhões em empréstimos, concedidos por bancos comerciais.

A novidade da nova fase é que o programa aceitará também microempreendedores individuais (MEIs), além de pequenas empresas. Serão admitidos empréstimos a partir de R$ 1 mil. O valor máximo dos empréstimos garantidos pelo Peac é de R$ 10 milhões.

Embora emergencial, a medida atacou um problema estrutural do Brasil, as dificuldades enfrentadas pelos pequenos negócios para tomar empréstimos. A falta de garantias a oferecer aos bancos – imóveis, fábricas ou fianças corporativas, entre outros – sempre foi apontada como um dos fatores por trás desse gargalo. Como resultado, as empresas pequenas têm empréstimos negados ou, quando recebem sinal verde, os juros são elevados. Na pandemia, o problema poderia tornar inócuas outras medidas de facilitação de financiamentos, causando o que economistas chamam de empoçamento.

O Peac lança mão de um fundo de aval, o Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), que o BNDES já operava. Fundos de aval, ou de garantia, funcionam como um seguro-fiança para o aluguel imobiliário. Sob determinadas regras, e cobrando uma taxa, esses fundos oferecem ao tomador do empréstimo a garantia, assim como o seguro-fiança permite o inquilino firmar o contrato de aluguel da moradia sem fiador. Se o cliente do banco que ofereceu o empréstimo dá um calote, o aval oferecido pelo fundo cobre a perda da instituição financeira.

Em 2020, o primeiro passo do Peac foi a capitalização do FGI. No segundo semestre daquele ano, o Tesouro aportou R$ 20 bilhões. Na nova fase, não haverá novas injeções do Tesouro. Segundo o BNDES, os novos empréstimos a serem avalizados no Peac serão garantidos por uma “reciclagem” de capital do fundo.

Segundo o BNDES, participam da segunda fase do Peac 40 bancos comerciais, informou a instituição de fomento. Na primeira fase, foram garantidos 135.720 empréstimos, tomados por 114.355 empresas, no valor total de R$ 92,1 bilhões. Os bancos que mais emprestaram com aval do Peac foram Itaú (com R$ 15,657 bilhões), Bradesco (R$ 15,484 bilhões) e Caixa (R$ 15,094 bilhões).


China tenta resgatar setor imobiliário com garantias em títulos para 6 empresas

Reguladores chineses estão tentando reviver o mercado imobiliário em crise com novas garantias de títulos para um seleto grupo de seis desenvolvedoras: Longfor Group Holdings, Country Garden, Sino-Ocean, CIFI Holdings, Seazen Group e Gemdale. Os investidores, porém, acham que será preciso muito mais para tirar o setor imobiliário de sua pior queda em anos.

Muitas das empresas do setor na China estão com dificuldades, e mais de 30 delas deixaram de pagar juros de títulos emitidos em dólar ao mercado. Mesmo as desenvolvedoras mais fortes do setor privado enfrentam desafios para vender dívida nova, à medida que os preços dos títulos tombaram e os juros saltaram. Nos últimos dias, uma enxurrada de grandes e pequenos desenvolvedores chineses divulgaram alertas de lucro.

O governo chinês planeja ajudar pelo menos seis incorporadoras a arrecadar dinheiro oferecendo garantias totais em suas vendas domésticas de títulos denominados em yuan, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. As garantias não se aplicam à dívida em dólar.

A Longfor Group Holdings, a primeira empresa a tirar proveito do novo dispositivo, lançou nesta terça-feira, 23, uma venda de títulos para levantar até 1,5 bilhão de yuans, o equivalente a US$ 219 milhões, segundo o prospecto do acordo. A incorporadora com sede em Pequim, fundada em 1993, disse que planeja usar o dinheiro para a construção do projeto e para pagar sua dívida doméstica e internacional. As taxas de retorno em suas novas notas de médio prazo variam de 3% a 4,3%.

As notícias das garantias, que serão fornecidas pela China Bond Insurance, uma empresa estatal, elevaram na semana passada os preços dos títulos em dólar de vários desenvolvedores – mas a maioria ainda permanece em níveis profundamente preocupantes. O rendimento médio de um índice ICE BofA de títulos em dólar de empresas chinesas classificadas como junk ficou em 26,6% ontem.

Analistas do Goldman Sachs observaram em um relatório na segunda-feira (22) que, embora a iniciativa possa ser útil, “a escala é muito pequena”.

O programa piloto foi projetado para ajudar os desenvolvedores do setor privado do país a arrecadar dinheiro internamente e limitar o contágio daqueles que entraram em default. Muitos investidores evitaram o setor imobiliário desde o final do ano passado, e os custos de empréstimos de empresas privadas para títulos de maior duração aumentaram amplamente desde junho.

Os desenvolvedores privados emitiram o equivalente a US$ 3,1 bilhões em títulos domésticos no ano até o momento, mostram os dados da Wind. Isso é apenas 17% do valor que eles arrecadaram no mesmo período de 2021. Em contrapartida, as incorporadoras estatais estão a caminho de arrecadar aproximadamente o mesmo valor do ano passado, pois os investidores têm mais confiança de que pagarão suas dívidas.

O acesso ao financiamento do mercado de títulos, no entanto, não é o maior problema enfrentado pelos empreendedores privados. As vendas contratadas dos seis desenvolvedores escolhidos pelos reguladores – como as de seus pares – despencaram nos últimos meses. A Fitch Ratings e a Moody’s Investors Service reduziram recentemente as classificações de crédito internacionais da Country Garden Holdings Co. e do Sino-Ocean Group Holding Ltd. para lixo de grau de investimento.

“Para desenvolvedores privados, obter acesso a financiamento é como ser colocado em suporte de vida”, disse Yao Yu, fundador da YY Rating, uma empresa chinesa independente de pesquisa de crédito. “Apenas melhorar as vendas pode realmente salvar suas vidas.”

O mais recente plano de garantias levantou outras questões difíceis, apontando para uma aparente divergência nas atitudes dos reguladores em relação a diferentes desenvolvedores, disse Nicholas Chen, analista da empresa de pesquisa de dívida CreditSights.

As garantias de títulos oferecidas aos desenvolvedores considerados pelos reguladores chineses como de maior qualidade – e, portanto, mais propensas a sobreviver à desaceleração do setor – provavelmente visam ajudá-los a suportar a crise, disse Chen. Mas os desenvolvedores em apuros mais profundos, incluindo aqueles que entraram em default, estão recebendo suporte focado mais em ajudá-los a concluir casas inacabadas.

A seleção dos seis chamados “desenvolvedores modelos” também corre o risco de enviar um sinal aos investidores sobre os não incluídos, mesmo quando as empresas excluídas não entraram em default. “É claro que existe a possibilidade de os investidores pensarem que existe uma lista negra agora que você definiu uma lista branca”, disse Yao, da YY Rating. Fonte: Dow Jones Newswires.


Faria Lima se prepara para o ‘sobe e desce’ do mercado nas eleições

No momento em que as pesquisas de intenção de voto ainda colocam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com folga à frente do presidente Jair Bolsonaro, os principais gestores do País começam a preparar suas carteiras para conseguir lidar com a maior volatilidade do mercado e com os efeitos de novos gastos do atual governo – que tenta se manter competitivo para buscar sua reeleição.

Com o crescimento de medidas dadas como populistas, o sentimento na Avenida Faria Lima – principal corredor financeiro do País, em São Paulo – é o de que o quadro mais provável é de uma eleição apertada em outubro. Com isso, bancos e corretoras começam a fazer um pente-fino nas melhores opções de investimento.

O Verde, um dos fundos mais conhecidos do País, do gestor Luis Stuhlberger, destaca que o cenário mais provável em outubro é de pouca distância de votos entre os dois principais postulantes. “Acreditamos que um estreitamento da diferença entre os dois candidatos é bastante provável nos próximos dois meses, num fenômeno típico de incumbente buscando reeleição. Será interessante acompanhar a leitura dos mercados para tal fenômeno”, cita a gestora, em sua mais recente carta direcionada a cotistas.

No documento, o Verde afirma ainda que a principal posição do fundo segue em Bolsa brasileira, algo que ajudou a rentabilidade do fundo em julho. Por aqui, o fundo de Stuhlberger acredita que o ruído local foi reduzido porque os políticos estão focando suas energias na campanha eleitoral.

Ainda no Verde, a preocupação em torno de medidas populistas em ano de eleição levou o fundo a zerar uma posição vendida em dólar em relação ao real, ou seja, tirou da mesa a aposta de que o real se valorizaria. A avaliação da gestora é de que aumentou a preocupação em torno da situação fiscal no próximo governo.

Já a Rio Bravo, gestora do ex-diretor do Banco Central Gustavo Franco, relembra que Lula lidera com folga, inclusive com possibilidade de conseguir vencer já no primeiro turno, mas que “ninguém se arrisca a dar o assunto como decidido”. A boa notícia, segundo Franco, que assina a carta da gestora enviada a seus cotistas, é de que uma chance de golpe político “perdeu substância”.

“A estratégia habitual do presidente (Bolsonaro) de esticar a corda, agora mais diretamente ao sistema eleitoral, como evidenciado pela fracassada reunião do presidente com os embaixadores, talvez tenha servido para organizar resistências a qualquer fator externo à voz das urnas.”

LIQUIDEZ

Na gestora Capitânia, os desafios de investir em ano eleitoral são evidenciados. “Entendemos que nesse cenário precisamos ficar bem atentos a oportunidades de desinvestimento e realocação em ativos com menor risco de liquidez e maior carrego”, conforme a carta referente ao mês de agosto. Isso significa que a gestora prefere ativos que são mais fáceis de serem vendidos, para conseguir mudar de posição com mais facilidade.

A mesma leitura faz o Daycoval. A escolha tem sido por ativos de fácil negociação, para manter em dia a relação entre risco e retorno. Fora isso, a instituição acredita que, apesar da pressão inflacionária, o Banco Central conseguirá ancorar as expectativas para os próximos anos, apesar das “indefinições políticas com a proximidade das eleições presidenciais e eventuais pressões para mais gastos fiscais”.

Já a gestora Sharp adverte que o calendário obrigará, em breve, a um maior foco do mercado nas eleições. “O mercado tem começado a prestar mais atenção não só nas consequências dos resultados das urnas, como nas medidas populistas colocadas em prática atualmente. Dito isso, seguimos com investimentos que têm, relativamente, baixa correlação com um cenário específico de atividade econômica”, conforme o documento.

Na AZ Quest, a prioridade tem sido focar em ações de perfil mais defensíveis, ou seja, que historicamente têm menores oscilações de preços. “Nossas principais alocações seguem sendo no setor bancário e elétrico, estrategicamente defensivos, e nos setores petróleo & petroquímico e varejo”, afirma a gestora.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.