Resultados da pesquisa por “fundos de investimento

A nova fronteira dos aplicativos

A corrida dos aplicativos no Brasil já passou por várias fases. Primeiro, foi a dos apps de transporte, com Uber e 99 deixando para trás uma série de empresas que caíram no esquecimento. Depois, iFood, Uber Eats e Rappi passaram a dominar o segmento de entrega de refeições. A disputa nas entregas de supermercado, porém, ainda está em aberto, e diversas empresas querem agora incomodar as grandes com as “dark stores” (ou lojas ocultas, em tradução livre).

O modelo funciona da seguinte maneira: as startups montam pequenos centros de distribuição. Essas companhias apostam na proximidade para realizar entregas na maior velocidade possível. E esse modelo tem atraído empreendedores e investimentos milionários.

Um dos casos mais conhecidos é o da brasileira Daki. Fundada em janeiro deste ano e com uma operação que só contemplava 20 bairros da capital paulista, a startup conseguiu captar US$ 170 milhões em seu primeiro aporte. De lá para cá, a Daki expandiu a sua atuação. Atualmente, a companhia conta com 60 “dark stores”, mais de 650 empregados – nem possui uma sede -, além de 1 mil entregadores cadastrados. A empresa já expandiu a atuação para cidades da região metropolitana de São Paulo, além do Rio de Janeiro, e está prestes a iniciar sua operação em Belo Horizonte.

O resultado é que, em dez meses de operação, a empresa se tornou o mais novo “unicórnio” (companhia com valor de mercado estimado em mais de US$ 1 bilhão) do País. Isso aconteceu no início de dezembro, quando a startup recebeu um aporte de US$ 260 milhões de grandes fundos como Tiger Global, Kaszek e Monashees.

“O aporte é direcionado para expansão física, melhorar a experiência em nosso aplicativo e atrair talentos para dentro de casa”, afirmou o presidente e fundador da Daki, Rafael Vasto.

NOVIDADES. Entre os diferenciais que a empresa promete aos clientes, e que fizeram os investidores apostar fortemente na Daki, estão o frete grátis, além da entrega em menos de 15 minutos – e, de acordo com Vasto, preços competitivos com os vistos nas grandes redes varejistas. Isso acontece, segundo ele, porque a empresa fecha os contratos diretamente com as grandes indústrias, conseguindo maiores descontos e repassando para os consumidores.

Para completar, por ter controle total do estoque, não ocorre o problema de o cliente comprar um produto e ele ser substituído por outro. “Tivemos um crescimento de 930% no último trimestre”, diz Vasto. “Mas isso depende um pouco de novos aportes, e se trata de um mercado que está andando rápido, e não queremos ficar para trás.”

ESTRANGEIRAS POR AQUI. É certo que o segmento tem um crescimento acelerado. Somente nos últimos meses, duas empresas de outros países latino-americanos estrearam no mercado brasileiro. A colombiana Merqueo, com um modelo de negócio similar ao da Daki, chegou ao País em julho com US$ 25 milhões para gastar e com planos de abrir oito espaços para realizar entregas. O maior deles é um de 4 mil m² na Vila Leopoldina, bairro da zona oeste de São Paulo. Um mês depois da estreia no mercado brasileiro, a companhia anunciou o aporte de US$ 50 milhões para acelerar a expansão no País e na América Latina.

Para isso, ela terá de competir com uma rival latina. A colombiana Justo quer ter de dez a 12 armazéns espalhados pela região metropolitana de São Paulo e quer se diferenciar pela maior oferta de frutas, legumes e verduras, o que exige uma logística ainda mais delicada por causa da baixa vida útil desse tipo de alimentos.

De acordo com André Braga, vice-presidente da Justo, essa meta deve ser atingida em 12 meses. “Isso representa a metade do tempo que levamos para alcançar o mesmo tamanho no México”, diz Braga. Hoje, a empresa já conta com 1,3 mil funcionários na América Latina.

GRANDES DE OLHO. Não existem levantamentos que mostrem o crescimento desse mercado, mas se trata de um segmento que também está chamando a atenção de grandes do setor. O Hortifruti Natural da Terra, comprado em agosto pela Americanas por R$ 2,1 bilhões, já possui mais de 70 lojas em quatro Estados e está iniciando a ampliação de suas “dark stores” para acelerar as vendas digitais da rede, que representam 16% do faturamento de R$ 2 bilhões por ano.

Da mesma forma que a Justo, aposta na sua oferta de produtos frescos. Por agora, a companhia conta com duas “dark stores”, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro, e pretende ampliar a operação.

“Estamos trabalhando a ‘dark store’ como uma iniciativa de inovação e com a lógica de capturar clientes em novas geografias”, comenta Fernando Visser, responsável pela área de inovação da rede.

LÍDER. A Rappi, porém, é a empresa que está mais na dianteira da corrida. Apesar de ter começado no Brasil como um aplicativo especializado nas entregas de produtos de terceiros, a companhia já conta com 117 “dark stores” no Brasil e outras 172 espalhadas por cinco países da América Latina. O principal diferencial da companhia é o de entregas em menos de dez minutos – segundo a Rappi, a média do tempo é de 8 minutos e 20 segundos. Para Tijana Jankovic, presidente da subsidiária brasileira da Rappi, o modelo está crescendo cada vez mais e tem o potencial de, em breve, se tornar o principal negócio dentro da companhia.

Mas, com tantos supermercados dentro da plataforma, isso não vira uma concorrência com os parceiros? Na visão de Tijana, não. “Estamos com o foco de criar o hábito do supermercado por aplicativo. Nós não queremos competir nas compras grandes, que continuarão com os nossos parceiros, mas fazer com que o cliente tenha mais recorrência e passe a utilizar mais a ferramenta”, diz a executiva.

Este pode ser um caminho que outros aplicativos podem entrar no futuro, de acordo com especialistas. Afinal, trata-se de uma grande ferramenta de fidelização. O iFood, que domina mais de 70% do mercado de restaurantes, entrou mais tarde na competição por supermercados, mas já coloca o segmento como uma de suas principais rotas de crescimento para o futuro.

A companhia, que também é um unicórnio brasileiro, está consolidando o modelo de entregas expresso e conta hoje com 5 mil parceiros em 246 cidades. Segundo a companhia, o investimento está ocorrendo por meio de parcerias com outras companhias. O modelo é similar ao da Ambev com o Zé Delivery, em que a fabricante de bebidas utiliza a base de seus distribuidores para realizar vendas diretas para os consumidores finais.

FINANÇAS. Para Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail, a disputa no setor deve continuar quente nos próximos anos, mas as empresas e os investidores precisam prestar atenção se o negócio se mantém financeiramente viável.

Segundo ele, investimentos milionários em busca do crescimento podem mascarar ineficiências na condução do negócio, o que pode acarretar problemas insolúveis à frente. “No fundo, quem vai ganhar o jogo é quem tiver a recorrência e a capacidade de escalar o modelo de forma sustentável.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Em busca de maior ganho, investidor mira segmento de recibo de ações

O mercado de Brazilian Depositary Receipt (BDRs), que são os recibos de ações negociadas no exterior, ganhou mais um empurrão no País com a abertura de capital do Nubank na Bolsa de Nova York. Isso porque a fintech criou o programa Nu Sócios em que deu um BDR a mais de 8 milhões de clientes no Brasil. Apesar de ser visto mais como um projeto educativo para atrair mais pessoas para a renda variável, o Nubank vai colocar fermento em um tipo de ativo que vem conquistando cada vez mais espaço na carteira do investidor brasileiro.

De acordo com dados da B3, o número de investidores em BDRs chegou a 475,1 mil em novembro de 2021. O detalhe é que esse número nem chegava a 3 mil há menos de dois anos.

Essa aceleração aconteceu por conta de uma decisão da Comissão de Valores Mobiliários, em outubro do ano passado, permitindo que pequenos investidores negociassem os recibos e também fundos de índices (ETFs) do exterior.

Antes, apenas os investidores qualificados, que têm mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras, eram liberados para realizar esses movimentos.

Agora, a negociação de um BDR de empresas como Apple, Tesla e Microsoft é tão simples e acessível quanto comprar uma ação no aplicativo da corretora. E esse movimento foi acelerado por conta do bom momento da renda variável ao redor do mundo, enquanto a Bolsa brasileira patina.

Para se ter uma base de comparação, enquanto o S&P 500, principal índice dos Estados Unidos, subiu quase 27% no ano e batendo recordes atrás de recordes, o Ibovespa amarga uma queda de cerca de 10% no mesmo período.

Cuidados

Isso, no entanto, não quer dizer que esses retornos continuarão lá fora. Alguns problemas começam a aparecer no horizonte e podem impactar ativos que estão alcançando as máximas. Entre eles, está o iminente aumento da taxa de juros nos EUA em um futuro não tão distante.

Isso, segundo Rodrigo Sgavioli, chefe da área de alocação e fundos da XP, poderá afetar diretamente as empresas focadas em crescimento, como são as empresas de tecnologia, inclusive as “big techs”. Com os juros mais altos, fica mais caro para financiar o crescimento.

Outro fator que o investidor precisa acompanhar é o valor do dólar frente ao real. Afinal, quando se investe em algum ativo estrangeiro, existem duas variáveis: o câmbio e a volatilidade do próprio ativo. Logo, uma ação pode registrar valorização em determinado dia, mas se o real também se fortalece no mesmo período e em um patamar maior, o investidor pode ficar no prejuízo.

Por isso, para Rodrigo Lima, analista da corretora Stake, apesar de muito sedutor, é importante olhar para outras empresas além das mais populares. Segundo ele, existem várias oportunidades diferentes para se buscar, como concorrentes de uma Tesla, como a Rivian, que fez recentemente o seu IPO, além da Ford, que também entrou forte no segmento de elétricos.

É algo compartilhado por Sgavioli, da XP, que salienta que os investidores não podem sofrer da síndrome do “FOMO” (sigla em inglês para “medo de estar de fora”). É o caso do próprio Nubank. “O investimento em empresas conhecidas pode ser um catalisador para entrar, mas é preciso observar muito mais antes de se tomar a decisão”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Com aporte, Merama agora é ‘unicórnio’

A startup Merama, que compra participações em lojas para impulsionar vendas no varejo digital, fez sua terceira captação de investimentos só neste ano e, com isso, atingiu o patamar de “unicórnio” (empresas da nova economia que atingem avaliação de mercado superior a US$ 1 bilhão). A empresa anunciou na quinta-feira, 9, que recebeu mais US$ […]


Nubank se torna o banco mais valioso da América Latina

O Nubank fincou sua bandeira na Bolsa e se tornou a instituição financeira mais valiosa na América Latina. A fintech alcançou o valor de US$ 9 por papel em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Assim, o banco vai estrear hoje na Bolsa de Nova York (Nyse) e na brasileira B3 com valor de mercado de US$ 41,7 bilhões na partida – ou R$ 233 bilhões, considerada a taxa de câmbio de R$ 5,60.

Com essa avaliação, a fintech ultrapassa com folga o valor de mercado do Itaú Unibanco, de R$ 213 bilhões na B3, instituição que até então ocupava a primeira posição no ranking. Ainda no mercado local, o Bradesco tem um valor de mercado de R$ 188 bilhões. A seguir, vêm Santander (R$ 125 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 93 bilhões) – veja ao lado quadro com comparativo com outras instituições.

Na oferta precificada ontem, o banco do cartão roxo arrecadou US$ 2,6 bilhões, considerando o lote principal de papéis. O dinheiro será utilizado para gastos com capital de giro e despesas operacionais, segundo aponta a instituição no prospecto da operação. Fora isso, os recursos levantados poderão ser utilizados em investimentos e aquisições.

A estreia da instituição financeira na Nyse e na B3 ocorrerá oficialmente hoje. O código de negociação escolhido foi “NU”. Por aqui, o papel que será negociado será um BDR (Brazilian Depositary Receipts), que é um certificado de uma ação listada fora do País. Isso ocorrerá porque a Bolsa dos Estados Unidos será o mercado primário da fintech. No Brasil, o código será “NUBR33”.

VOLATILIDADE

O Nubank não escapou da maior volatilidade do mercado, situação agravada com o aparecimento da variante Ômicron do coronavírus, que provocou ainda mais dúvidas sobre o crescimento da economia global em 2022.

Além de ter cortado suas ambições de preço (inicialmente, o banco projetava um preço de US$ 11 por papel), o Nubank acabou costurando com um grupo de fundos globais um acordo para investir no IPO, que somou US$ 1,3 bilhão, o que ajudou a instituição financeira a driblar a alta volatilidade do mercado nas últimas semanas.

Além da oferta ter sido acompanhada de perto pelos grandes bancos brasileiros, os digitais globais olharam o processo com lupa, já que a leitura é de que essa oferta servirá como base para outras ofertas do setor que já estão na fila. Muitas fintechs brasileiras, conforme adiantou ontem a Coluna do Broadcast, pensam em migrar para o mercado dos EUA, mais amigável a negócios de tecnologia que, a exemplo do Nubank, ainda não dão lucro.

Foram coordenadores da oferta os gigantes Morgan Stanley, Goldman Sachs e Citi, além do próprio Nubank, por meio de seu braço de investimentos, o Nu Invest.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Nubank saberá hoje se vai se tornar o banco mais valioso da América Latina

O Nubank vai se tornar uma empresa de capital aberto, com ações negociadas tanto em Nova York quanto em São Paulo. O tamanho dessa abertura de capital será revelado hoje, quando o preço dos papéis será definido no mercado americano – a negociação começa no dia seguinte. O banco deve ter avaliação acima de R$ 230 bilhões, ficando à frente do Itaú Unibanco, a maior instituição financeira da América Latina, que hoje vale R$ 216 bilhões na Bolsa local. O posto de líder da região, portanto, deve passar também ao Nubank.

Fundada em 2013 pelo colombiano David Vélez, pela brasileira Cristina Junqueira e pelo americano Edward Wible, a companhia conquistou o público com um discurso de transparência. Ganhou corpo rápido e trouxe a reboque diversos concorrentes, que tentam ganhar mercado com os mesmos argumentos de facilidade e flexibilidade em relação aos grandes bancos.

No entanto, a chegada ao pregão da Bolsa de Valores de Nova York não foi fácil. A oferta foi lançada num dos piores momentos do ano. Para viabilizar a operação, o banco foi obrigado a cortar em 20% seu preço para driblar a volatilidade do mercado. O preço da ação, estimado inicialmente para ficar entre US$ 10 e US$ 11, caiu para US$ 8 a US$ 9. Com isso, a avaliação em dólares deve ficar em US$ 41 bilhões, ou cerca de R$ 230 bilhões, considerando o câmbio a R$ 5,60.

Além de cortar o preço, o Nubank costurou com dez fundos estrangeiros, incluindo a Sequoia Capital, uma intenção de investimento de US$ 1,3 bilhão, quase metade do total do IPO, que deverá ficar pouco abaixo dos US$ 3 bilhões. Apesar da redução de expectativas, o IPO é visto como prova de que o Nubank pode, sim, incomodar os “bancões”.

Vélez é o principal acionista da fintech e manterá seu controle após a oferta. De acordo com o prospecto, o executivo terá cerca de 75% do poder de voto do banco do cartão roxo. Em relação ao capital total, Vélez possui 23%, enquanto Wible e Cristina têm, respectivamente, 2,11% e 2,94% de participação.

Rumo ao lucro

Sócio da consultoria Spiralem e especialista no setor de tecnologia, Bruno Diniz aponta que uma das apostas do Nubank para ganhar rentabilidade é em sua corretora, montada a partir da aquisição da Easynvest.

O banco vai permitir que parte de seus clientes compre um total de R$ 200 milhões em recibos de ações (os BDRs) na B3. A estratégia, segundo especialistas, vale tanto como uma jogada de marketing relativa à inclusão de pequenos investidores quanto como uma ponte para dar corpo à NuInvest.

Além da estratégia de investimentos, Diniz afirma que o banco quer criar um ecossistema de serviços – financeiros ou não – aos clientes. “O Nubank vem dando pistas que vai avançar na plataforma de ecossistema para consumo de mais produtos a seus clientes. Isso já deu certo lá fora”, explica.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.