Análise e Opinião

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Value investing: o que é e como funciona esta estratégia?

Por
Virgilio Lage

Que atire a primeira pedra quem nunca foi ao mercado e acabou comprando um produto que estava fora da lista de compras só para não perder o desconto, não é mesmo? É mais ou menos isso que acontece, muitas vezes, no mercado de ações.

Engana-se, no entanto, quem acredita que o sucesso nos investimentos se dá a partir de compras aleatórias de ativos baratos. Para ter êxito na hora de investir na bolsa de valores é fundamental ter objetivos e utilizar estratégias eficientes para compor o portfólio – como o value investing.

Quer saber mais sobre o assunto e entender como funciona esta estratégia? Então acompanhe este post!

O que é o value investing?

O value investing é uma estratégia de investimento que envolve encontrar ações que estão sendo negociadas por um preço menor do que o seu valor intrínseco. Ou seja, ativos que estão “descontados” no mercado em um determinado momento.

Esta estratégia, no entanto, não se resume à compra de ativos com preços mais baixos que o esperado. Na prática, existem dois tipos de value investing:

  • deep value investing — de caráter bastante arriscado, diz respeito à aquisição de ações de empresas que estão bastante depreciadas – em recuperação judicial, por exemplo, mas que estão sendo negociadas abaixo dos seus valores de liquidação. Isso significa que, se a companhia fosse liquidada, o investimento seria recuperado e haveria lucro;
  • high quality investing — menos agressivo que o deep value investing, essa abordagem diz respeito à compra de ações de empresas consideradas sólidas e/ou promissoras, mas que estão passando por uma baixa momentânea no mercado.

Como a estratégia funciona?

Os chamados value investors – investidores que utilizam o value investing para realizar aportes na bolsa de valores – procuram adquirir ações no momento em que estão subvalorizadas e costumam segurar o papel até que ele alcance o valor considerado justo.

A ideia central da estratégia é fazer aportes frequentes, buscando por ações de empresas sólidas ou que possam oferecer bons retornos no futuro – a partir da sua valorização. Vale destacar, no entanto, que não é obrigatório que o investidor venda seus papéis quando eles atingirem seu valor justo. Ele pode manter os ativos na carteira pelo tempo que desejar, de acordo com seus objetivos.

Para saber qual seria o valor justo desta ação, é feito uma análise dos demonstrativos contábeis da empresa, junto a projeções de fluxo de caixa. Em posse desses valores, é feito uma projeção da rentabilidade futura.

Estes dados serão usados, então, como base para cálculo do valor intrínseco de cada ação. E, adquirida a ação, os investidores então aguardam pacientemente até que essas ações valorizem – resultando em rentabilidade.

É importante destacar, contudo, que essa é uma espera que pode levar anos. Por isso, o value investing costuma fazer mais sentido para investidores que visam o longo prazo.

Como os value investors escolhem estas ações?

A chave para comprar uma ação subvalorizada é pesquisar minuciosamente a empresa. E, claro, se perguntar se ela pode aumentar a sua receita por meio do incremento dos preços dos produtos, avanço das vendas, da redução de despesas ou do fechamento de divisões não lucrativas, por exemplo,

Também é importante realizar um estudo dos concorrentes – em busca de avaliações sobre suas perspectivas de crescimento futuro, do setor no qual a empresa de interesse está inserida e do mercado como um todo.

Todas essas avaliações são subjetivas. E o motivo é bastante simples: dois investidores podem avaliar as mesmas informações e chegar a conclusões distintas. Por isso, você pode encontrar dezenas de avaliações com resultados diferentes sobre uma mesma empresa.

É interessante ressaltar também que os investidores adeptos a essa estratégia costumam andar na contramão do mercado. Enquanto todo mundo está comprando, eles geralmente estão vendendo ou recuando.  Quando todo mundo está vendendo, eles estão comprando ou segurando.

Tenha em mente que os Value investors não compram ações da moda. Eles enxergam cada ativo como uma pequena porcentagem de uma empresa na qual pode valer a pena investir.

Quem utiliza essa estratégia?

Muitos value investors são mundialmente conhecidos. O brasileiro Luiz Barsi, a pessoa física com a maior participação na bolsa de valores do país, é adepto dessa estratégia.

Barsi construiu sua fortuna praticamente começando do zero. Inclusive, em suas entrevistas, ele estimula investidores a comprar papéis de boas empresas negociados abaixo do seu valor patrimonial e esperar.

Ele enxerga as ações como projetos com potencial de sucesso e crescimento. E é taxativo quanto ao rápido enriquecimento. Na sua visão, aqueles que desejam lucros imediato devem fugir das ações. Nada mais coerente vindo de alguém que utiliza o value investing, não é mesmo?

O megainvestidor norte-americano Warren Buffett também é um value investor. Começou sua história praticando o deep value investing, e hoje é um dos maiores investidores do mundo.

Ele recomenda para aqueles que desejam se aventurar no value investing que invistam apenas nos setores sobre aos quais se tenha algum tipo de conhecimento. Para ele, saber onde se está investindo pode fazer grande diferença nos resultados.

Como utilizar o value investing?

Ainda que a subjetividade seja uma das características da estratégia, é possível amenizar seus riscos. E utilizar esta estratégia de maneira mais satisfatória.

Para isso, é necessário que o investidor lance um olhar crítico sobre as ações que deseja comprar.  Veja o que considerar:

Tenha certeza das informações utilizadas

Para que a estratégia funcione, é necessário avaliar os demonstrativos financeiros da empresa. Nesse ponto, é fundamental ter certeza de que as informações são verdadeiras e atualizadas.

A compra de ações só deve ser feita quando o investidor confia na sua própria análise. Caso contrário, você pode acabar fazendo um investimento ruim ou perdendo uma grande oportunidade na bolsa de valores.

Aprenda a ler os dados

O demonstrativo de uma empresa pode apresentar diversos pontos de atenção. É o caso, por exemplo, de ações judiciais, reestruturação ou até mesmo eventualidades que tenham afetado os negócios. A crise causada pela  a pandemia de COVID-19, por exemplo, causou grande impacto nas atividades das empresas – e pode impactar nos resultados.

É importante, portanto, que o investidor faça uma análise crítica sobre esses elementos, identificando padrões e exceções. O objetivo é procurar sinais de possíveis problemas financeiros, que geralmente aparecem por meio de perdas recorrentes.

Aja com a razão

O value investing é uma estratégia que exige do investidor muita calma e paciência. É preciso lembrar que esse é um investimento de longo prazo. Por este motivo, é preciso deixar as emoções de lado e agir com a razão.

Após a compra do ativo, seu preço pode cair um pouco mais no mercado. Lembre-se que estamos falando da renda variável – que oscila frequentemente.

Por isso, é necessário cautela e controle para não entrar em pânico e se desfazer dos seus ativos. Tenha em mente que o objetivo desse investimento é colher seus frutos no longo prazo.

Do mesmo modo, não se esqueça que investir em empresas com desconto na bolsa não significa investir em qualquer ativo negociado a preços baixos. Faça análises sólidas e adquira papéis de companhias que, de fato, farão sentido na sua carteira.

Concluindo

Neste conteúdo, você descobriu o que é e como funciona o value investing. E entendeu que estimar o valor intrínseco de uma ação para investir é mais do que realizar análise financeiras.

Além de fazer boas avaliações, disciplina, paciência e perseverança são fundamentais para alcançar bons resultados com esta estratégia. Lembre-se disso e faça negócios cada vez melhores na bolsa de valores!

Gostou de saber mais sobre o value investing? Tem dúvidas sobre o assunto? Então entre em contato conosco e saiba como podemos lhe ajudar.